Descrição de chapéu Governo Biden Coronavírus

EUA reconhecem que não cumprirão meta de Biden de vacinar 70% dos adultos até 4 de julho

Diferença equivale a cerca de 7,75 milhões de pessoas, seguindo ritmo atual de imunização

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São Paulo

A Casa Branca reconheceu, nesta terça-feira (22), que não conseguirá atingir a meta de vacinação estipulada pelo presidente Joe Biden, segundo a qual 70% dos adultos americanos receberiam ao menos uma dose do imunizante até 4 de julho, quando o país comemora sua independência.

É a primeira vez que o democrata não cumpre um objetivo de vacinação estabelecido por sua gestão.

De acordo com levantamento do jornal The New York Times, o ritmo atual de vacinação permitiria que os EUA chegassem a 67% dos adultos parcialmente imunizados, pouco aquém da meta do democrata. A diferença equivale a cerca de 7,75 milhões de pessoas.

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante evento na Casa Branca
O presidente dos EUA, Joe Biden, durante evento na Casa Branca - Nicholas Kamm - 17.mai.21/AFP

Para Jeff Zients, coordenador da resposta à pandemia da Casa Branca, apesar de menores do que os esperados, os números alcançados até aqui indicam que os EUA construíram "um programa de vacinação nacional inigualável e inédito".

Segundo levantamento do portal Our World in Data, a China já aplicou 1,05 bilhão de doses, seguida pelos americanos, que aplicaram 318,6 milhões.

O objetivo agora, segundo Zients, é garantir a aplicação da primeira dose da vacina em 70% dos americanos com 27 anos ou mais —a meta inicial se referia a todos os maiores de 18 anos, número que foi alcançado em 15 dos 50 estados e no Distrito de Columbia, onde fica Washington.

A taxa de vacinação nos EUA aumentou menos de um ponto percentual nas últimas duas semanas e teria que mais do que dobrar nas próximas duas semanas para que o país atingisse a meta estipulada por Biden em maio.

Entre os obstáculos para a imunização de todos os americanos estão o desequilíbrio nos índices de vacinação entre diferentes grupos raciais e o desafio de convencer parte da população que se recusa a receber a dose ou ainda está indecisa.

Segundo Zients, jovens adultos de 18 a 26 anos têm se mostrado particularmente difíceis de persuadir. "A realidade é que muitos americanos mais jovens sentem que a Covid-19 não é algo que os afeta, e eles estão menos ansiosos para se vacinar", disse.

De acordo com o Our World in Data, os EUA vacinaram com ao menos uma dose 53,03% de sua população. Os que estão completamente imunizados —porque receberam as duas doses ou o imunizante de dose única— são 44,86%.

A aplicação dos imunizantes começou de maneira lenta no país, com uma média de 900 mil vacinas aplicadas por dia entre dezembro e janeiro. Já entre março e abril, a campanha deu um salto, e 4,63 milhões de doses chegaram a ser aplicadas em 10 de abril, ainda com os números do Our World in Data.

Após esse pico, no entanto, o total vem em queda, e nesta segunda (21) 610 mil doses foram aplicadas. Ainda assim, desde 23 de fevereiro, um mês após a posse de Biden, apenas em nove dias a quantidade de vacinas aplicadas ficou abaixo de 1 milhão, sendo o valor mais baixo o de 2 de junho (508,6 mil).

As taxas de vacinação ainda estão elevadas em alguns estados das costas Leste e Oeste, como Nova York e Califórnia, mas seguem baixas no Sul e no Meio-Oeste, especialmente em áreas mais pobres e rurais do país. Assim, há o temor de que a falta de interesse de parte dos americanos em se imunizar gere novas altas de casos e mortes. Levantamento do jornal The Washington Post, no fim de maio, apontou que a taxa de casos de Covid entre não vacinados no estado de Washington estava no mesmo nível de janeiro.

Outra preocupação é a circulação de novas variantes, como a delta, identificada inicialmente na Índia. "Sua transmissibilidade é maior, e ela pode estar associada a casos mais graves”, alertou Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, em entrevista coletiva no início do mês.

Até esta terça, os EUA seguem na liderança do ranking de países com o maior número de casos e mortes. São 33,5 milhões de infecções confirmadas e mais de 602 mil óbitos, segundo os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, apesar de os números virem em queda conforme avança a vacinação.

Lá Fora

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A dificuldade de convencer os americanos a se vacinarem já era apontada como um dos principais desafios do atual presidente americano. Em entrevista à Folha no fim de abril, Jonathan Hanson, professor de ciência política na Universidade de Michigan, afirmou que o país já estava chegando a um ponto em que "a questão não será a falta de vacinas, mas a de convencer as pessoas a se vacinarem".

"As campanhas estão sendo feitas, mas um grande segmento da população ainda está cético sobre usar máscaras e se vacinar. O risco é que o vírus vai perdurar se não atingirmos o estágio de imunidade de rebanho", disse à época.

Mesmo durante a gestão de Donald Trump, o governo americano direcionou recursos para o avanço do desenvolvimento de vacinas, o que ajudou os EUA a terem um grande estoque de imunizantes. Ao assumir a Casa Branca, Biden, por sua vez, acelerou a campanha de vacinação, determinou regras para o uso de máscaras e prestou homenagens às vítimas da pandemia em várias ocasiões.

Esse grande estoque gerou pressão para que o país doasse doses excedentes para nações menos desenvolvidas. Assim, os EUA anunciaram 80 milhões de vacinas a serem enviadas ao exterior.

De acordo com o plano, cerca de 75% das doses são distribuídas via Covax, seguindo a participação de cada país no consórcio vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS), enquanto 25% são enviados diretamente pelos EUA para países considerados parceiros e que, segundo as autoridades da gestão Biden, vivem um surto muito grave de Covid.

Dentro desse pacote, o governo americano afirmou nesta segunda que irá doar mais 14 milhões de doses para o Brasil e outros países da América Latina. As novas doses se somam aos 6 milhões de vacinas que, no início de junho, a Casa Branca já havia anunciado que iria enviar para a região, número baixo se forem considerados os 438 milhões de habitantes que vivem nos países latino-americanos e caribenhos.

O compartilhamento será feito via Covax, e o Brasil terá que dividir as doses com Argentina, Colômbia, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Guatemala, El Salvador, Honduras, Haiti, República Dominicana, Panamá, Costa Rica e outras nações do Caribe.

Com Reuters e The New York Times

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