A Índia começou para valer uma campanha de vacinação para seus 1,38 bilhão de habitantes em meados de janeiro. Os profissionais de saúde, trabalhadores na linha de frente e idosos foram os primeiros, seguidos de pessoas com mais de 45 anos em abril e depois adultos de 18 a 45 em maio. Mas essa última faixa, que abrange cerca de 43% da população, mostrou-se um ponto crítico.
Depois de um aumento das infecções por Covid-19 em todo o país em abril, o primeiro-ministro Narendra Modi acelerou os planos de ampliar o programa e abriu a vacinação a partir de 1º de maio para a população entre 18 e 45 anos.
A decisão causou uma corrida das pessoas nessa faixa etária, que corresponde a 600 milhões de habitantes, para se inscreverem no site de vacinação do governo, o CoWIN. Mas, ao mesmo tempo, não houve um aumento correspondente no suprimento de vacinas.
Em 4 de junho, a Índia forneceu pelo menos uma dose a aproximadamente 50 milhões de pessoas entre 18 e 44 anos, representando apenas 8% desse grupo populacional.
Para aumentar as dificuldades, uma brecha de privilégio surgiu no programa de vacinação, com os hospitais cobrando preços diferentes pela mesma vacina. Alguns hospitais em áreas mais ricas venderam a vacina Covishield, fabricada na Índia, por 1.800 rúpias (R$ 126) a dose, quase o dobro do preço cobrado em outros lugares.
A população urbana também recebeu vacinas mais depressa que a das áreas rurais. Isso significa que os imunizantes continuam indisponíveis a uma grande parte da população que não pode pagar ou tem pouco ou nenhum acesso a hospitais privados.
A Índia —maior produtor mundial de vacinas para poliomielite, difteria e outras doenças— vendeu ou doou mais de 66 milhões de imunizantes contra a Covid-19 para 95 países até meados de abril.
Mas conforme as infecções começaram a aumentar internamente, em meados de março, o clamor por vacinas também aumentou. Assim, a Índia começou agora a importar vacinas e também espera doações dos Estados Unidos.
O governo de Modi espera que os suprimentos de imunizante aumentem substancialmente a partir de junho. Também planeja produzir doses suficientes até dezembro para vacinar todos os cerca de 950 milhões de adultos, embora os de 18 a 45 anos sejam os últimos na lista de prioridades.
Vários estados indianos começaram gradualmente a retirar as restrições a viagens e negócios, depois de uma queda de casos nas últimas semanas.
No entanto, especialistas em saúde advertiram que os casos poderão aumentar novamente quando a maioria dos estados reabrir a economia, e pediram que a vacinação seja acelerada.
Em 8 de junho, menos de 4% da população adulta da Índia tinham recebido as duas doses necessárias da vacina. Quase 14% receberam pelo menos uma dose —sendo que, na faixa entre 18 a 45 anos, menos de 10% já foi vacinado.
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