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Festa dos 100 anos do Partido Comunista Chinês vai de parque temático a turismo vermelho

Xi Jinping abriu série de eventos com entrega de medalhas comemorativas a membros da legenda

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Guarulhos

Às vésperas do centenário de sua fundação, o Partido Comunista Chinês se prepara para uma série de cerimônias que busca louvar a história da legenda e homenagear aqueles que preenchem suas fileiras.

E, pela primeira vez, membros da base da sigla receberam o que os dirigentes vêm divulgando como a maior honraria do partido: a medalha de 1º de julho, instituída pelo Comitê Central em 2017.

Durante cerimônia no Grande Salão do Povo, em Pequim, na manhã desta terça (29) —noite de segunda no Brasil—, o líder chinês, Xi Jinping, distribuiu medalhas a 29 membros do PC, descritos por ele como “heróis do povo”. "Os ganhadores da medalha de 1º de julho vêm do povo e estão enraizados no povo", disse ele.

Xi Jinping caminha com os 29 membros do Partido Comunista Chinês que receberam a medalha de 1º de julho em meio às comemorações do centenário da legenda - Li Tao/Xinhua

Entre os agraciados estavam ex-combatentes, representantes de grupos étnicos, diplomatas e uma educadora: Zhang Guimei, 63, que criou a primeira escola gratuita para meninas na China, em Yunnan.

Nas cores vermelha, branca e dourada, a medalha traz conhecidos símbolos chineses: a foice e o martelo, emblema do PC Chinês, e a estrela dourada de cinco pontas, que representa a sigla na bandeira do país.

Dias antes, no sábado (26), a cidade de Xangai sediou a 10ª edição de um fórum que reúne descendentes de fundadores do partido. O evento é uma espécie de devoção aos antecessores, no qual são contadas suas histórias a partir de relatos orais, vídeos e fotos de arquivo. Um dos homenageados foi Chen Wangdao (1891-1977), conhecido como o primeiro a traduzir o "Manifesto Comunista" para o chinês.

Mas as comemorações não se dirigem apenas a militantes. As atividades do chamado turismo vermelho refletem também a necessidade de rejuvenescer o partido, atraindo o interesse das novas gerações. No começo de junho, o conglomerado Wanda Group, um dos maiores do setor imobiliário do país, inaugurou um parque temático sobre o Partido Comunista em Yan'an, onde ficou sediado o quartel-general do partido por dez anos nas décadas de 1930 e 1940 e para onde muitos se dirigem em busca do turismo patriótico.

Com mais de um quilômetro quadrado, o empreendimento custou cerca de 12 bilhões de yuans (R$ 9,54 bilhões, na cotação atual), desembolsados pelo dono da companhia, o bilionário Wang Jianlin, que já compôs as fileiras do Exército e é membro do PC. Além de comprar souvenirs que remetem à história do partido, é possível tirar fotos ao lado de estátuas e bonecos dos combatentes do Exército Vermelho.

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No Museu de História de Xangai, o público tem até o dia 7 de outubro para visitar a mostra comemorativa “Aspirações Originais para uma Vida Melhor” —frase bem conhecida dos discursos do PC Chinês. A exposição reúne 139 itens históricos do partido, dos quais 38 estão sendo exibidos pela primeira vez.

O governo lançou ainda um site em chinês e em inglês que reúne informações sobre o centenário, e nele é possível notar uma característica marcante das comemorações: muitas das atividades são planejadas em segredo. A plataforma não disponibiliza, por exemplo, o que está previsto para os próximos dias.

A Xinhua, agência de notícias estatal da China, anunciou que, na quinta (1º), dia do centenário, Xi fará um discurso na Praça Tiananmen, ou Praça da Paz Celestial, que será transmitido ao vivo por rádio e TV. Na última semana, segundo informou o jornal South China Morning Post, foram feitos ensaios com fogos de artifício, e helicópteros sobrevoaram o local, o que sugere a dimensão que o evento terá.

Estradas também foram isoladas no norte da capital, perto do Estádio Nacional, conhecido como Ninho do Pássaro, onde na segunda (28) foi realizada uma grande comemoração com cerca de 20 mil pessoas.

O alto escalão do regime já afirmou que não haverá desfile militar, e ainda não é certo se o governo fará grandes anúncios, que devem ser postergados para o próximo Congresso do Partido, em 2022.

Atividades de menor porte, espalhadas pelas 23 províncias chinesas e dirigidas a moradores locais, também farão parte das celebrações do centenário. São cartazes, telões nas ruas e exposições com flores. Na última semana, um show de luzes foi realizado na Grande Muralha.

Ainda que o país venha tendo sucesso nas medidas de combate à pandemia, com vacinação acelerada, só podem participar das comemorações públicas aqueles que já foram imunizados contra a Covid-19 e que apresentarem um teste negativo para a doença realizado dois dias antes do evento. O país tem cerca de 16% da população vacinada e, na segunda-feira, não registrou nenhuma morte por coronavírus.

O Banco Popular Chinês, em uma prática já comum durante celebrações, deu início à emissão de moedas comemorativas na última semana. Ao todo, serão nove, sendo três em ouro, cinco em prata e uma em cobre. Uma das moedas de ouro traz a imagem do primeiro Congresso do PC Chinês, em Xangai.

Quem não quiser sair às ruas também poderá acompanhar de casa as celebrações. O Shanghai Media Group, ligado ao governo e detentor de dezenas de canais, por exemplo, iniciou nesta semana a transmissão de 100 horas ininterruptas de programação sobre a história do Partido Comunista.

Em uma tentativa de dialogar não apenas com a juventude chinesa, mas também com a de outros países, o conglomerado ainda lançou, em seus canais na internet, uma série de vídeos animados que explica em inglês a história da legenda, com o título “O partido por trás da mudança na China”.

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