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Homem atira cabeça de pessoa degolada em centro de votação no México

Jornada eleitoral foi marcada por registros de violência no país, que escolhe 500 parlamentares e mais de 21 mil cargos

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Buenos Aires

Um homem atirou a cabeça de uma pessoa degolada num centro de votação em Terrazas del Valle, um bairro de Tijuana, cidade na fronteira do México com os EUA, durante as eleições deste domingo (6).

Perseguido por policiais, ele conseguiu escapar, mas deixou para trás sacolas de plástico com restos humanos, entre os quais várias mãos. Em Mariano Matamoros, uma outra cabeça foi deixada em uma caixa numa seção eleitoral. Na cidade de Metepec, no estado do México, um grupo de 20 homens invadiu um centro de votação e vandalizou algumas salas. As urnas não foram roubadas, mas muitas delas foram destruídas. Houve portas derrubadas e correria, e algumas pessoas ficaram feridas.

Integrantes da Guarda Nacional monitoram local onde homem deixou restos humanos após atirar a cabeça de uma pessoa degolada em centro de votação em Tijuana, no México
Integrantes da Guarda Nacional monitoram local onde homem deixou restos humanos após atirar a cabeça de uma pessoa degolada em centro de votação em Tijuana, no México - Jorge Duenes/Reuters

Também no estado do México, uma pessoa atirou uma granada desativada dentro de um local de votação —os eleitores foram dispersados, mas voltaram para concluir o processo eleitoral. "As pessoas disseram que votariam e que não seriam intimidadas", disse à agência de notícias Reuters um eleitor que pediu para não ser identificado. Erik Ulises Ramirez, candidato do Movimento Cidadão, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato no mês passado em Cocula, no estado de Guerrero, disse que dois colaboradores de sua campanha foram sequestrados e espancados antes de serem soltos novamente.

Todos os casos são parte de uma das eleições de meio de mandato mais violentas no México nos últimos tempos. Segundo a consultora Etellekt, 91 políticos já foram mortos, a maioria dos quais membros de oposição aos partidos que estão no poder nessas regiões.

Na quarta-feira (2), Marilú Martínez, candidata à prefeitura de Cutzamala de Pinzón, no estado de Guerrero, no sul do país, foi sequestrada, mas posteriormente encontrada viva. No dia 28 de maio, Cipriano Villanueva, candidato a vereador do município de Acapetahua pelo partido Chiapas Unido, foi morto a tiros. Três dias antes, Alma Barragán, que se candidatou à prefeitura de Moroleón pelo Movimento Cidadão, no estado central de Guanjuato, foi assassinada a tiros durante um ato com moradores.

Na véspera do pleito, cinco pessoas foram mortas numa emboscada em Pueblo Nuevo Solistahuacán enquanto recebiam material para organizar um centro de votação, de acordo com a Procuradoria do estado de Chiapas. Segundo os relatos, um grupo armado agrediu os organizadores da zona eleitoral e feriu gravemente um homem. Moradores colocaram o ferido em uma caminhonete para levá-lo ao hospital, mas o veículo foi interceptado pelos agressores, que fizeram com que o carro fosse levado em direção a um barranco. O grupo, então, aproximou-se da caminhonete e matou os cinco ocupantes a tiros.

Marcado pelos relatos de violência, o pleito deste domingo irá definir os 500 novos membros da Câmara dos Deputados do México, além de 21 mil cargos regionais: governadores, prefeitos e legisladores locais. Os ataques se concentram nas votações regionais, uma vez que, nessas disputas, os cartéis de narcotráfico financiam políticos, e bandos diferentes disputam o controle de negócios lícitos e ilícitos.

Lá Fora

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O presidente Andrés Manuel López Obrador e sua mulher, Beatriz Gutiérrez Müller, votaram no Palácio Nacional, na Cidade do México. Chamaram a atenção por chegarem e saírem sem máscaras —eles colocaram a proteção apenas para entrar no prédio.

Obrador está entre os líderes populistas que minimizaram a gravidade da pandemia no começo da crise. Ele quase não era visto de máscara e chegou a pedir às pessoas que continuassem nas ruas, "dinamizando a economia popular". Com o agravamento da crise sanitária, no entanto, moderou o discurso, mas ainda hoje trata a pandemia como praticamente superada. Infectado recentemente pelo coronavírus, ele gravou um vídeo caminhando pelos corredores do Palácio Nacional para mostrar que não tinha medo da doença que já matou 228 mil mexicanos e infectou 2,4 milhões.

Ao votar neste domingo, o presidente mexicano não discursou e apenas gritou "viva a democracia" ao sair. Seu partido, o esquerdista Morena (Movimento de Regeneração Nacional), teme a projeção de pesquisas que mostram um possível encolhimento de sua presença no Parlamento, embora a tendência é que continue sendo a principal força política do país.

Segundo levantamento realizado pelo Universal, o Morena deve somar 39% da Casa, enquanto o PAN (Partido da Ação Nacional) ficaria com 21%, e o PRI (Partido Revolucionário Institucional), com 20%.

Atualmente, o partido do presidente soma 46% e, com as alianças já negociadas, consegue a maioria necessária para aprovar mudanças constitucionais.

Já o ex-candidato à Presidência Ricardo Anaya, do PAN (Partido da Ação Nacional), de oposição, compartilhou em suas redes sociais fotos de sua votação, ao lado dos filhos e da mulher, também na Cidade do México. "Foram as melhores horas deste ano, vamos todos votar", escreveu. Anaya usava máscara.

O subsecretário de Saúde (equivalente ao ministro da Saúde no Brasil), Hugo López-Gatell, foi votar, também com máscara, e afirmou que "a eleição é um direito individual, mas também uma responsabilidade coletiva". Em sua conta no Twitter pediu aos mexicanos que "saiam para votar com máscara, álcool em gel e mantendo a distância".

Com Reuters e AFP

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