A Organização Trump, que pertence à família do ex-presidente dos EUA Donald Trump, e um de seus principais executivos financeiros, Allen Weisselberg, foram indiciados por crimes fiscais pela promotoria de Manhattan, em um processo que deve ser formalizado nesta quinta (1º), segundo disse à agência de notícias Reuters uma pessoa próxima ao tema. Espera-se que Weisselberg se apresente às autoridades.
As acusações, feitas pelo promotor Cyrus Vance, dizem respeito à evasão de impostos sobre vantagens adicionais concedidas a funcionários do grupo, que gere diversas empresas do republicano. No caso específico de Weisselberg, 73, ele teria recebido benefícios, como um apartamento e carros de luxo no valor de centenas de milhares de dólares, que, no entanto, não constavam em declarações fiscais.
Entrevistas feitas pela promotoria de Manhattan com 18 pessoas ligadas ao executivo, assim como a revisão de arquivos e registros financeiros, mostraram a relação próxima que o funcionário tem com Trump, com quem trabalha há cerca de 50 anos. "Allen é um soldado", disse John Burke, um ex-executivo de Trump, ao jornal The New York Times. "Ele era bom para fazer o que Donald queria que ele fizesse."
A ex-esposa de Barry, primogênito de Weisselberg, ajudou a promotoria na investigação após um divórcio turbulento e definiu a relação do ex-sogro com Trump como "Batman e Robin". Há a expectativa de que, com as acusações, Weisselberg passe a colaborar com a promotoria, algo que se negou a fazer até agora.
Na segunda, o advogado de Trump, Ronald Fischetti, afirmou ter sido informado pelos promotores de que o ex-presidente não seria indiciado na investigação. A organização que leva seu nome, porém, caso condenada, pode receber multas, além de perder muitos parceiros comerciais.
Em meio a esse cenário, o republicano retomou uma agenda de comícios. O primeiro foi no estado de Ohio, no último sábado. Em seus discursos, Trump tenta imprimir a imagem de que está sendo perseguido política e judicialmente e, na segunda, em um comunicado, alegou que os procuradores do caso são parciais e que as acusações contra sua organização não constituem crimes.
O promotor Vance, um democrata, vem investigando Trump há cerca de três anos e examinou diversos possíveis delitos, como a manipulação dos valores de imóveis para reduzir o pagamento de impostos. O foco da acusação atual, de evasão de impostos relacionados a benefícios adicionais para funcionários, cresceu no último ano. O gabinete da procuradora-geral de Nova York, a também democrata Letitia James, somou forças ao trabalho da promotoria de Manhattan.
O indiciamento desta quarta é apenas a ponta do iceberg de uma investigação maior dos negócios de Trump, que deve ter mais desdobramentos em breve. O republicano se tornou o primeiro presidente americano a enfrentar dois processos de impeachment, dos quais foi absolvido. Pelos discursos de ódio que propaga, também sofreu retaliações de redes sociais: foi banido do Twitter e do Facebook.
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