Sobe para 4 o número de mortos em desabamento de prédio em Miami

Mais de 150 pessoas estão desaparecidas, e causa do acidente ainda é desconhecida

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Surfside (Flórida) | Reuters

Subiu para quatro o número de mortos devido ao desabamento parcial de um condomínio à beira-mar em Miami, na Flórida, e mais de 150 pessoas ainda estão desaparecidas. Nesta sexta (25), equipes de resgate vasculham toneladas de escombros, usando cães treinados e sonares, em busca de sobreviventes.

"Nossos corações estão com eles", disse o presidente dos EUA, Joe Biden, que aprovou uma declaração de emergência no estado e determinou ajuda federal para complementar os esforços de resposta estaduais e locais.

Na quinta-feira (24), a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, e o governador Ron DeSantis haviam assinado declarações de resgate para acionar a resposta oferecida por Biden.

O governo federal enviará um time de especialistas ao local, para avaliar se o colapso do prédio deve gerar uma investigação de larga escala, com o objetivo de evitar tragédias futuras. Esse processo pode levar a mudanças nas regras de fiscalização de construções em todo o país.

As equipes de busca detectaram sons de batidas e outros ruídos, mas nenhuma voz vinda da pilha de destroços horas depois do desmoronamento de grande parte do condomínio Champlain Towers South, na cidade de Surfside, ao norte de Miami Beach.

Prédio residencial desabou parcialmente em Surfside, na Flórida - Maria Alejandra Cardona - 24.jun.21/ The New York Times

Imagens capturadas por uma câmera de segurança nas proximidades mostraram um lado inteiro do prédio desmoronando em duas seções, uma após a outra, levantando nuvens de poeira por volta de 1h30 (2h30, no horário de Brasília) de quinta-feira.

O que fez com que o prédio de 40 anos desabasse em segundos ainda é um mistério, embora as autoridades locais tenham dito que a torre de 12 andares estava passando por obras em alguns setores.

Segundo a prefeita, 159 pessoas permanecem desaparecidas desde o colapso do prédio, embora parte delas talvez não estivesse no edifício no momento do desabamento. Outras 120 pessoas cujo paradeiro era inicialmente desconhecido foram localizadas e declaradas seguras, disse Levine Cava.

“Infelizmente, esta foi uma noite trágica”, lamentou a prefeita, enfatizando que as equipes de resgate “continuarão procurando, porque ainda temos esperança de encontrar pessoas vivas”. Desde a manhã de quinta, porém, quando uma mulher e seu filho foram resgatados dos escombros, nenhum outro sobrevivente foi encontrado.

Ainda não está claro quantas pessoas moravam no prédio nem quantas estavam nele no momento do acidente. Alguns moradores conseguiram sair sozinhos pelas escadas, enquanto outros tiveram de ser resgatados pela varanda. Segundo os registros públicos, o prédio foi construído em 1981 e tinha 130 unidades —cerca de 80 das quais estavam ocupadas e 55 foram atingidas.

O local vinha passando por inspeções recentemente devido ao processo de recertificação e à construção de um outro edifício nas proximidades. Kenneth Direktor, advogado que representa a associação dos moradores do edifício, disse que a torre passaria por grandes reparos em pontos onde foram identificados aço enferrujado e concreto danificado.

Segundo Direktor, no entanto, não havia nada que sugerisse que o desmoronamento tivesse algo a ver com os problemas identificados na inspeção feita por engenheiros. O advogado diz que qualquer edifício à beira-mar com a mesma idade do Champlain Towers South teria algum nível de corrosão e deterioração do concreto devido à exposição aos sais do oceano que podem penetrar nas estruturas e começar a enferrujar os componentes de aço.

No centro comunitário de Surfside, próximo do local do desabamento, familiares das vítimas já identificadas e de pessoas desaparecidas passaram a noite em busca de informações.

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Segundo o jornal Miami Herald, o advogado Brad Sohn, que representa um grupo de proprietários de apartamentos no edifício, moveu uma ação judicial contra a administração do condomínio alegando que houve falhas na proteção de vidas e propriedades. “Como advogado, não posso consertar o que é irreparável”, disse Sohn, “mas o que posso fazer é lutar para compensar imediatamente essas vítimas, de modo que possam concentrar todas as suas energias na cura da melhor maneira possível".

"Nossa investigação continua, mas acreditamos fortemente que isso poderia ter sido evitado."

As equipes de busca por sobreviventes usam técnicas criadas a partir do trabalho de resgate em tragédias como o ataque a um prédio federal em Oklahoma City, em 1995, e a derrubada do World Trade Center por terroristas, em Nova York, em 2001, segundo o jornal The New York Times.

As técnicas incluem dividir a área em zonas e usar equipamentos para tentar identificar sons dos sobreviventes nos escombros. Enquanto alguns profissionais buscam vítimas, outros atuam para estabilizar o terreno, de modo a evitar novos colapsos em meio aos destroços.

A prioridade inicial é avaliar o estado das redes de água, energia e gás, para garantir que não haja risco de explosão ou inundação. A tarefa é complexa, pois registros podem ter sido destruídos ou haver caixas d'água ainda cheias em meio aos escombros.

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