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Suprema Corte do México descriminaliza uso recreativo da maconha

Lei para regulamentar consumo estava parada no Senado desde março; país deve se tornar maior mercado da substância

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São Paulo

A Suprema Corte do México descriminalizou nesta segunda-feira (28) o uso recreativo de maconha para adultos. O tribunal determinou, por 8 votos a favor e 3 contra, que são inconstitucionais os artigos da Lei Geral de Saúde que proibiam o consumo da substância.

“Hoje é um dia histórico para as liberdades”, afirmou o presidente da corte, Arturo Zaldívar. "Depois de um longo caminho, esta Suprema Corte consolida o direito [...] para o uso recreativo de maconha.”

Ativistas na Cidade do México protestam contra adiamento no Senado de discussão da lei que regulamenta uso recreativo de maconha
Ativistas na Cidade do México protestam contra adiamento no Senado de discussão da lei que regulamenta uso recreativo de maconha - Edgard Garrido - 8.mai.21/Reuters

Terceiro país a autorizar o consumo de maconha em nível nacional, depois de Uruguai e Canadá, o México, com 126 milhões de habitantes, deve se tornar o maior mercado mundial de maconha.

“Teoricamente, sim, criará o maior mercado legal do mundo, pela capacidade de produção que o México tem, porque [no país] a maconha cresce em condições naturais sem os investimentos energéticos que fazem, por exemplo, no Canadá”, disse Lisa Sánchez, diretora da ONG México Unido Contra a Delinquência.

O processo de descriminalização da cânabis se arrastava desde 2018, quando a Suprema Corte declarou inconstitucional a proibição total do consumo recreativo da droga. Depois, o Congresso recebeu um prazo, adiado por três vezes, para regulamentar o uso da substância.

Em novembro, o Senado aprovou uma versão da lei, que sofreu diversas alterações ao ser chancelada pela Câmara, em março deste ano. Assim, o texto retornou ao Senado, que deveria realizar uma votação final até 30 de abril —último limite estabelecido pela Suprema Corte.

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No dia 8 de abril, no entanto, o presidente da Junta de Coordenação Política do Senado, Ricardo Monreal Ávila, anunciou que pediria um novo adiamento, pois o texto enviado pela Câmara possuía inconsistêncisas e até atos de inconstitucionalidade, de acordo com o jornal mexicano El Universal.

“O melhor para todos é que seja uma boa lei”, afirmou ele, à época, segundo o veículo. “Prefiro uma pausa, um tempo, e que possamos legislar sobre a matéria no próximo período de sessões, que se inicia em 1º de setembro. Há muitos interesses, e o Senado não pode legislar sob pressão de ninguém.”

Segundo o jornal mexicano La Lista, porém, até o início de junho nenhum pedido de prorrogação havia sido apresentado. No site do Senado, a lei enviada pela Câmara ainda consta como pendente. Nesta segunda, a Suprema Corte endossou a proposta da ministra Norma Lucía Piña Hernández, que indicou que o Congresso não cumpriu a determinação do tribunal para regulamentar o uso recreativo de cânabis.

Na decisão, fica determinado que aqueles que queiram consumir maconha com fim recreativo podem solicitar uma permissão à Comissão Federal para a Proteção contra Riscos Sanitários (Cofepris), que não poderá negar o pedido. “O que havia acontecido em situações anteriores era que a Cofepris negava essas autorizações e era necessário um trâmite processual”, explica Adriana Muro, diretora da ONG Elementa.

A descriminalização vem num contexto de violência ligada ao narcotráfico, que deixa milhares de mortos a cada ano. Assim, a liberação abre um espaço perigoso: a reação dos cartéis, atuais donos do negócio.

Em 2020, autoridades mexicanas apreenderam 244 toneladas de maconha. Desde dezembro de 2006, quando o governo lançou uma ofensiva militar antidrogas, o México acumula mais de 300 mil homicídios.

Com AFP

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