O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu na Casa Branca na manhã desta quarta-feira (28) a líder da oposição de Belarus, Svetlana Tikhanovskaia.
Em rede social, o líder americano compartilhou foto do encontro e escreveu que "apoia o povo de Belarus em sua busca por democracia e direitos humanos universais".
Tikhanovskaia, 38, está exilada de Belarus desde que concorreu contra o ditador Aleksandr Lukachenko na eleição à Presidência de agosto do ano passado. Lukachenko comanda o país, que é tido como a última ditadura da Europa, desde 1994. Ela acusa o autocrata de fraude e afirma que venceu a disputa.
Depois do pleito do ano passado, centenas de milhares de belarussos foram às ruas em protestos contra o governo, que foram reprimidos com violência. Desde então, ela está exilada na vizinha Lituânia.
Sem experiência anterior, Tikhanovskaia entrou na vida política quando seu marido, o blogueiro e ativista Serguei Tikhanovski foi preso dias depois de anunciar que concorreria à Presidência contra Lukachenko. Desde então, ela assumiu o legado do marido e se tornou uma das vozes mais importantes pela democracia na ex-república soviética.
Em viagem aos Estados Unidos, ela encontrou portas abertas entre políticos de alto escalão para denunciar o regime de Minsk, que tem apoio do presidente da Rússia, Vladimir Putin, outro desafeto dos americanos.
Em Washington, Tikhanovskaia se encontrou ao longo da semana com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, o responsável pelas relações exteriores do país, e com Jake Sullivan, assesor de segurança nacional do governo Joe Biden.
Ela pediu que os Estados Unidos aumentem a pressão sobre a ditadura belarussa com sanções contra empresas de mineração, madeira, aço e petróleo do país. "A maioria das empresas internacionais teme as sanções dos Estados Unidos, e até mesmo a ameaça de novas sanções europeias ou americanas pode influenciar o comportamento de Lukachenko", disse Svetlana em debate organizado pela Associação de Correspondentes do Departamento de Estado.
Segundo ela, Lukachenko "está se tornando mais cruel e a violência está aumentando, mas isso só mostra a sua fraqueza".
Tikhanovskaia ainda cobrou ações do governo americano. "Entendemos que apenas os próprios belarussos podem conduzir o país para mudanças democráticas, mas esperamos uma participação ativa, e não simbólica, dos Estados Unidos", disse. "O presidente Biden diz que o mundo está dividido entre a autocracia e a democracia. Portanto, a linha de frente dessa luta está em Belarus agora. Como uma campeã da democracia, a América pode ajudar a mudar as coisas", afirmou.
Após os encontros com os assessores do presidente no início da semana, a Casa Branca declarou que "os Estados Unidos, junto com seus parceiros e aliados, continuarão a responsabilizar o regime de Lukachenko por suas ações, incluindo com imposição de sanções".
O assessor de segurança nacional Jake Sullivan cobrou a libertação de todos os presos políticos em Belarus e "um diálogo político abrangente e genuíno com os líderes da oposição democrática".
Além do próprio marido de Tikhanovskaia, as prisões políticas em Belarus ganharam um capítulo dramático em maio deste ano quando a ditadura interceptou um avião comercial que ia da Grécia à Lituânia e desviou a aeronave ao aeroporto de Minsk sob a justificativa de que havia uma suspeita de explosivo. Ao chegar à capital belarussa, o governo prendeu um blogueiro da oposição, Roman Protassevich, e sua namorada. O episódio foi condenado pela comunidade internacional.
Nesta quarta, Tikhanovskaia também publicou em rede social mensagem agradecendo a recepção na Casa Branca.
"Obrigado, presidente, pelo poderoso sinal de solidariedade a muitos belarussos destemidos, que estão pacificamente lutando por sua liberdade. Hoje, Belarus é uma frente de batalha entre a democracia e o autoritarismo. O mundo nos apoia. Belarus será um exemplo de sucesso", escreveu ela em seu Twitter.
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