Descrição de chapéu Governo Biden

Chefe da CIA realiza visita a Brasília e se reúne com Bolsonaro e ministros

William Burns foi escolhido por Biden para comandar agência de inteligência dos EUA

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Brasília

William J. Burns, diretor da CIA, a agência de inteligência dos EUA, fez uma visita oficial nesta quinta-feira (1º) a Brasília, onde se encontrou com autoridades do governo, entre os quais o presidente Jair Bolsonaro.

Burns é diplomata de carreira e foi escolhido para comandar o órgão pelo presidente Joe Biden. As agendas dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Augusto Heleno (Segurança Institucional) informaram ter havido um jantar com o diretor, na casa do embaixador americano em Brasília.

William Burns, diretor da CIA, durante audiência no Comitê de Inteligência do Senado americano, em Washington
William Burns, diretor da CIA, durante audiência no Comitê de Inteligência do Senado americano, em Washington - Tom Williams - 24.fev.21/Reuters

O comboio com Burns e o embaixador americano no país, Todd Chapman, chegou ao Palácio do Planalto no meio da tarde. A visita do comandante da CIA foi mantida em sigilo e não foi previamente informada.

Procurada, a embaixada dos EUA não respondeu. Burns passou mais de três décadas no corpo diplomático americano e chegou a ser o número dois do Departamento de Estado. Ele ajudou a manter negociações secretas com o Irã que abriram caminho para o acordo nuclear em 2015.

Na noite de quinta, em vídeo publicado por um site simpático ao presidente brasileiro, Bolsonaro confirmou o encontro com Burns e citou a atual situação de crise em outros países da América do Sul.

"O interesse do Brasil por alguns poucos países é enorme. Alguns países dependem de nós, do que produzimos aqui. E esses países pensam 50, 100 anos à frente. E nós, aqui, infelizmente, quando muito, pensamos poucas semanas ou poucos dias depois", disse ele, em conversa com apoiadores.

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"Não vou dizer que isso foi tratado com ele [Burns], mas a gente analisa na América do Sul como estão as coisas. A Venezuela a gente não aguenta falar mais, mas olha a Argentina. Para onde está indo o Chile? O que aconteceu na Bolívia? Voltou a turma do Evo Morales e, mais ainda, a presidente que estava lá no mandato tampão [Jeanine Añez] está presa, acusada de atos antidemocráticos. Estão sentindo alguma semelhança com o Brasil?"

O presidente criticou nesta quinta-feira o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. O magistrado determinou o arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos e a abertura de outra investigação para apurar a existência de uma organização criminosa digital voltada a atacar as instituições, com objetivo de abalar a democracia.

O juiz faz referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) 12 vezes na decisão e afirma que é necessário aprofundar as investigações para verificar se aliados de Bolsonaro usaram estrutura pública do Palácio do Planalto, da Câmara e do Senado para propagar ataques às instituições nas redes sociais.

Mais tarde, em sua live presidencial, Bolsonaro classificou a ação de Moraes de "covardia".

Na noite desta quinta, o vice Hamilton Mourão (PRTB) disse não saber detalhes da agenda de Burns no Brasil e classificou a visita como normal. "São contatos com as contrapartes. É normal, chefe de serviço de inteligência, isso não é problema. É troca de informações. Duas nações amigas, não é problema."

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