De volta após cirurgia, papa Francisco reza por Cuba e pede que fiéis aprendam a descansar

Pontífice faz apelos por paz e diálogo na ilha e ora pela África do Sul e por europeus atingidos por inundações

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Cidade do Vaticano | Reuters

Em sua primeira aparição pública desde que recebeu alta após dez dias de internação, o papa Francisco convidou os fiéis neste domingo (18) a reconhecerem a importância do descanso e rezou por Cuba, pela África do Sul e pelos países europeus afetados por chuvas sem precedentes na última semana.

"Vamos parar a correria frenética ditada por nossas agendas. Vamos aprender como fazer uma pausa, a desligar o celular, a contemplar a natureza, a regenerar-nos no diálogo com Deus", disse o pontífice na tradicional oração do Angelus, falando da janela do palácio apostólico aos fiéis na Praça de São Pedro.

Citando exemplos bíblicos, Francisco fez um alerta sobre o risco de "cair na armadilha" do excesso de atividades, "onde o mais importante são os resultados que obtemos e a sensação de protagonismo absoluto". Para isso, exortou os fiéis a buscarem não apenas descanso físico, mas também para o coração. "Pois não basta 'desligar' a nós mesmos, precisamos descansar de verdade", afirmou.

O papa Francisco acena a fiéis na Praça de São Pedro durante oração do Angelus, no Vaticano - Andreas Solaro - 18.jul.21/AFP

O líder católico também pediu que as pessoas não deixem de ter compaixão e, nesse sentido, seguiu a tradição de comentar alguns dos eventos que dominaram as manchetes mundiais ao longo da semana.

O pontífice expressou solidariedade às populações da Alemanha, da Bélgica e da Holanda, países atingidos na última semana por chuvas sem precedentes que causaram inundações catastróficas e deixaram mais de 180 mortos e centenas de desaparecidos. "Que o Senhor acolha os falecidos e conforte os seus entes queridos, e que Ele apoie os esforços de todos os que estão ajudando os que sofreram danos graves", disse.

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Francisco também mencionou os episódios de violência na África do Sul, onde há mais de uma semana, atos de pilhagem e vandalismo que se seguiram aos protestos contra a prisão do ex-presidente Jacob Zuma deixaram as principais cidades do país mergulhadas em um cenário de caos.

"Dirijo um apelo sincero a todos os líderes envolvidos para que trabalhem pela construção da paz e colaborem com as autoridades na assistência aos necessitados", disse o papa. "Que o desejo que tem guiado o povo sul-africano, o renascimento da harmonia entre todos os seus filhos, não seja esquecido."

Por último, o pontífice disse estar "perto do querido povo cubano nestes momentos difíceis". A população da ilha foi às ruas no último domingo (11), nos maiores protestos contra o regime em décadas, com demandas que pedem vacinas contra a Covid-19 e liberdade de expressão, entre várias outras.

"Rezo para que o Senhor ajude a nação [cubana] a construir uma sociedade cada vez mais justa e fraterna por meio da paz, do diálogo e da solidariedade", disse Francisco, aconselhando a população de Cuba a confiar em Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira do país.

O papa não mencionou seu estado de saúde nem fez qualquer referência ao período em que ficou hospitalizado. Durante sua fala neste domingo, ele aparentava boas condições físicas, embora sua voz estivesse relativamente mais fraca em comparação com pronunciamentos anteriores.

Francisco, 84, recebeu alta do hospital Gemelli, em Roma, na quarta-feira (14). Ele estava internado desde o dia 4, quando foi submetido a uma cirurgia para tratar um quadro de estenose diverticular, doença em que se formam "bolsas" na camada muscular do cólon, tornando-a mais estreita. Além de causar dor, a condição pode provocar distensão abdominal, inflamações e dificuldades para evacuar. Trata-se de um diagnóstico mais comum em idosos.

O procedimento —uma hemicolectomia esquerda, procedimento em que parte do cólon é removida— durou três horas e foi conduzida por dez profissionais do hospital Gemelli.

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