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Lula ataca EUA e diz que não houve soldado em Cuba com joelho em cima de um negro nos atos

Ex-presidente brasileiro afirma que, se não fosse embargo americano, ilha 'poderia ser uma Holanda'

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São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu nesta terça-feira (13) à violência policial contra negros nos Estados Unidos para defender a legitimidade do governo cubano, alvo de protestos no domingo (11).

"Você não viu nenhum soldado em Cuba com o joelho em cima do pescoço de um negro, matando ele", escreveu o ex-presidente, em rede social, em referência ao assassinato de George Floyd, homem negro morto pela polícia americana em 2020, episódio que gerou comoção global.

Os protestos contra o governo cubano foram recebidos com repressão: ao menos cem manifestantes, ativistas e jornalistas foram presos, segundo a agência de notícias Reuters, entre os quais a correspondente Camila Acosta, que escreveu sobre os atos para o jornal espanhol ABC.

Polícia prende manifestante durante protesto contra o regime cubano, em Havana
Polícia prende manifestante durante protesto contra o regime cubano, em Havana - Adalberto Roque - 11.jul.21/AFP

Lula também condenou o bloqueio econômico dos Estados Unidos à ilha e minimizou os atos, reduzindo-os a "uma passeata". "O que está acontecendo em Cuba de tão especial para falarem tanto?! Houve uma passeata. Inclusive vi o presidente de Cuba na passeata, conversando com as pessoas. Cuba já sofre 60 anos de bloqueio econômico dos EUA, ainda mais com a pandemia, é desumano. Já cansei de ver faixa contra Lula, contra Dilma, contra o Trump... As pessoas se manifestam."

Cuba sofre sanções econômicas dos EUA desde 1960, após a Revolução Cubana expulsar os americanos da ilha, medida que foi mantida durante a Guerra Fria para tentar sufocar o governo comunista, apoiado pela União Soviética. O embargo não tem respaldo internacional. Em junho, a ONU condenou o bloqueio pela 29ª vez, com o apoio de 184 países, e somente EUA e Israel foram contrários —o Brasil se absteve.

Para o ex-líder brasileiro, o presidente americano, Joe Biden, deveria ir à TV anunciar a adoção da "recomendação dos países na ONU de encerrar esse bloqueio". Ele também afirmou que a ilha seria um país mais desenvolvido economicamente caso as sanções fossem retiradas, o que, segundo ele, faria com que Cuba pudesse se tornar "uma Holanda". "Tem um povo intelectualmente preparado, altamente educado. Mas Cuba não conseguiu nem comprar respiradores por causa de um bloqueio desumano dos EUA", escreveu. "O bloqueio é uma forma de matar seres humanos que não estão em guerra. Do que os EUA têm medo? Eu sei o que é um país tentando interferir no outro."

Do outro lado, os protestos foram elogiados pelo presidente americano. Em comunicado divulgado na segunda-feira (12), Biden celebrou as manifestações por "direitos fundamentais e universais", incluindo o "direito a protestar pacificamente e o de determinar livremente seu próprio futuro". "Os EUA pedem ao regime cubano que, em vez de enriquecerem, escute o povo e atenda às suas necessidades”."

Os governos Lula (2003-2010) e, depois, Dilma (2011-2016) foram importantes pilares de sustentação internacional do regime cubano, que havia sido fortemente afetado pelo fim da União Soviética, em 1991, quando a ilha começou a sofrer com desabastecimento.

O Brasil fez investimentos no país, como o financiamento da construção do Porto de Mariel, um dos símbolos dessa relação, e contratou médicos cubanos para atuar pelo programa Mais Médicos, parceria encerrada pelo regime assim que o presidente Jair Bolsonaro venceu a eleição, em 2018.

Além do Brasil, a ascensão de Hugo Chávez na Venezuela, em 1999, também foi importante economicamente para a ilha, sobretudo nos momentos de bonança econômica do país sul-americano.

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Já a direita brasileira condena o regime cubano e aproveitou as manifestações desta semana para pedir a queda do líder do país, Miguel Díaz-Canel. O presidente Bolsonaro, por exemplo, questionou a repressão. "Foram pedir, além de alimentos, eletricidade. Por último, em quarto lugar, pediram liberdade. Sabe o que eles tiveram ontem? Borrachada, pancada e prisão", afirmou a apoiadores na segunda-feira.

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