Descrição de chapéu The New York Times

Mulher agride bebê em 1984 nos EUA; 35 anos depois, ele morre e ela é indiciada por homicídio

Episódio provocou danos cerebrais permanentes na criança, que nunca falou ou andou

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Neil Vigdor
The New York Times

Uma ex-babá nos Estados Unidos que sacudiu, 37 anos atrás, um bebê de 5 meses com tanta força a ponto de provocar nele danos cerebrais permanentes é acusada de homicídio pela morte do rapaz aos 35 anos de idade, em 2019, e pode pegar prisão perpétua.

Terry McKirchy, 59, que hoje vive no Texas, foi detida último dia 2 de julho após ser indiciada por assassinato em primeiro grau pela morte de Benjamin Dowling, disseram promotores nesta semana.

O episódio remonta a 1984. Em julho daquele ano, ela cuidava de Downlin em sua casa em Hollywood, na Flórida, quando o menino teve dificuldade para respirar, segundo as autoridades. Sua mãe disse aos investigadores que imediatamente levou o bebê a um hospital, onde os médicos descobriram que ele tinha sido sacudido com tal força que havia cortado os vasos sanguíneos ligados ao cérebro. O bebê ficou com sérias deficiências físicas e mentais por toda a vida. McKirchy foi condenada na época a 60 dias de prisão e liberdade condicional.

Benjamin Dowling, bebê que foi sacudido em 1984 e teve danos cerebrais por toda a vida, até morrer em 2019
Benjamin Dowling, bebê que foi sacudido em 1984 e teve danos cerebrais por toda a vida, até morrer em 2019 - Arquivo pessoal

Promotores do condado de Broward disseram nesta semana que abriram um novo processo depois que o médico legista que realizou a autópsia de Dowling, no condado de Manatee, na Flórida, onde ele vivia quando morreu, enviou o caso à polícia.

Especialistas em medicina forense consideraram que "a morte foi diretamente causada pelos ferimentos de 1984", disse a promotoria em um comunicado nesta semana. "Os fatos falam por si", diz o órgão, "e este caso foi apresentado ao júri, que determinou que foi um homicídio."

McKirchy, que está presa no condado de Fort Bend, no Texas, aguardando extradição para a Flórida, poderá pegar prisão perpétua se for condenada. Não está claro se ela tem um advogado. A defensoria pública de Broward, que representou McKirchy nos anos 1980, disse na terça-feira (27) que não tinha registro atual dela em seu sistema.

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No processo de 1985, a ex-babá não contestou as acusações de tentativa de assassinato e abuso infantil grave, mas se declarou inocente ("no contest plea" no direito penal dos Estados Unidos).

"Eu sabia que não fiz aquilo", disse ela na época, segundo o Miami Herald. "Minha consciência está clara. Mas não posso mais encarar isso." E acrescentou: "[As pessoas] olham para mim como se eu fosse uma espécie de demônio".

Em um comunicado divulgado nesta semana por meio da promotoria, os pais de Dowling, Rae e Joe Dowling, disseram que perceberam que havia algo errado com seu filho depois que Rae o buscou na casa de McKirchy, em 3 de julho de 1984.

Eles disseram que o menino passou por diversas operações invasivas, incluindo o implante de bastões metálicos em sua coluna. Quando ele tinha 18 meses, disseram os pais, teve um tubo de alimentação inserido em seu abdômen, e precisou dele pelo resto da vida.

"Benjamin nunca se desenvolveu além do nível de um bebê de 5 meses", disseram os Dowling. "Ele nunca engatinhou, caminhou, falou, nunca se alimentou sozinho, nunca comeu um hambúrguer ou um sorvete, nunca pôde nos dizer se sentia uma coceira ou alguma dor. Quando ele chorava de dor, nós como família e os cuidadores tínhamos de adivinhar o que estava errado e esperar que conseguíssemos satisfazer sua necessidade. Benjamin nunca soube o quanto ele foi amado e nunca pôde dizer aos outros sobre seu amor por eles."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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