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Mevlüt Çavusoglu

Por que devemos lutar firmemente contra a Organização Terrorista de Fethullah Gülen?

Seria um grave engano pensar que a Fetö ameaça somente a Turquia

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Mevlüt Çavusoglu

Ministro das Relações Exteriores da Turquia

A comunidade internacional frequentemente expressa sua condenação ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações, além de sua determinação a combater o terrorismo. Essa é uma atitude adequada, pois o terrorismo continua sendo uma grande ameaça à segurança comum, ao bem-estar, aos valores e às perspectivas de um futuro melhor para a humanidade.

O fenômeno do terrorismo passou por uma transformação nos últimos anos. No processo, enquanto os objetivos e os meios de organizações terroristas se expandiram, seus atos assumiram novas dimensões. As organizações terroristas estão tentando se adaptar aos acontecimentos sociais, econômicos e tecnológicos e a um ambiente internacional em rápida evolução.

Apoiadores do presidente Recep Tayyip Erdogan durante manifestação pró-governo em Istambul dias após tentativa de golpe na Turquia
Apoiadores do presidente Recep Tayyip Erdogan durante manifestação pró-governo em Istambul dias após tentativa de golpe na Turquia - Aris Messinis - 19.jul.16/AFP

Alguns grupos terroristas não são claramente visíveis e se escondem por trás de uma ferramenta de propaganda habilmente criada. Esse caso também exige uma revisão de nossa estratégia global contra o terrorismo. A luta eficaz contra o terrorismo exige percepção e consciência abrangentes das organizações terroristas da próxima geração, assim como uma nova perspectiva e uma forte vontade política nesse sentido que a comunidade internacional deve demonstrar.

Está na hora de romper os estereótipos, revendo nossas teses estabelecidas diante da nova ameaça do terrorismo. Um novo tipo de organização terrorista, a Organização Terrorista Fethullah (Fetö, na sigla em inglês), e a luta da Turquia contra ela são um exemplo marcante nesse sentido.

A Turquia enfrentou uma tentativa de golpe brutal pela Fetö em 15 de julho de 2016. A organização secreta terrorista, que se infiltrou em órgãos estatais, tentou destruir a democracia e derrubar pela força o governo eleito democraticamente. Naquela noite escura, em consequência dos atos terroristas da Fetö, 251 de nossos cidadãos foram mortos e mais de 2.000 ficaram feridos. As instituições estatais, especialmente nosso Parlamento e a Presidência, nos quais se incorpora a vontade livre da nação, foram atacados por armamento pesado, incluindo tanques, aeronaves militares e helicópteros.

Como os membros da Fetö puderam ser tão cruéis com a nação turca naquela noite? Como eles se tornaram tão hostis ao governo eleito e à ordem constitucional legítima?

Nossas respostas para essas perguntas podem conter pistas sobre a emergência e a estrutura desse grupo muito perigoso, que está atuando de maneira efetiva em diversos países.

Membros dessa organização insidiosa foram submetidos a doutrinação ideológica e lavagem cerebral na Turquia e em vários outros países, por meio do abuso aos valores nacionais e espirituais mais sagrados, principalmente nas chamadas instituições educacionais na forma de escolas, centros de idiomas ou dormitórios. Suas visões de mundo também foram moldadas sobre um mito de sabedoria fabricado em torno do líder do círculo, Fethullah Gulen, que foi declarado o "imame do universo".

A hierarquia distorcida no interior da Fetö faz com que suas ordens sejam consideradas fatos absolutos, que não podem ser questionadas mesmo se contrárias aos valores democráticos e aos direitos humanos.

A Fetö fez lavagem cerebral de jovens em tal medida que eles acabaram se alienando de seus amigos, até de suas famílias, para garantir sua plena obediência. Conspiradores da Fetö, como robôs controlados a distância, não hesitaram em apontar armas para seus colegas e camaradas para chaciná-los na noite de 15 de julho, depois de receberem instruções da Fetö.

Os indivíduos afiliados à Fetö também conseguem se esconder assumindo diferentes identidades na sociedade em que vivem. A organização visou especificamente a burocracia civil, militar e de segurança. O objetivo máximo de tudo isso é dominar as instituições de Estado.

A experiência da Turquia antes da tentativa de golpe é cheia de exemplos de métodos ilegais que a Fetö pode usar para promover sua agenda, o que inclui chantagear políticos e funcionários públicos, recorrer a fraudes sistemáticas em grande escala em exames centrais para colocar seus membros em instituições do Estado, manipulação, alegações fictícias para iniciar processos judiciais contra seus adversários e o aproveitamento de redes de mídia, empresas, escolas e ONGs que possuem com essa finalidade.

O chanceler da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, durante entrevista coletiva em Atenas, na Grécia
O chanceler da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, durante entrevista coletiva em Atenas, na Grécia - Costas Baltas - 31.mai.21/Reuters

O primeiro alvo da Fetö é evidentemente a República da Turquia. Por isso, estão envolvidos em uma atividade de contrapropaganda sistemática, destinada a dirigir a opinião pública internacional contra a Turquia.

No entanto, gostaria de compartilhar o seguinte conselho amistoso: seria um grave engano pensar que a Fetö ameaça somente a Turquia. Não há dúvida de que as investigações legais a ser lançadas nos países onde a Fetö se colocou irão expor muitas atividades ilegais que vão de corrupção financeira a fraudes em pedidos de vistos e asilo. Está mais que na hora de esses países tomarem essa medida.

Ao contrário do que seus membros afirmam, a Fetö não é parte de um conflito político na Turquia, mas uma rede terrorista e criminosa sanguinolenta. Todos os partidos políticos representados na Grande Assembleia Nacional da Turquia, no governo ou na oposição, consideram a Fetö uma rede terrorista.

Minha mensagem é clara. Precisamos agir juntos e com a mesma determinação contra todas as organizações terroristas, independentemente de suas formas, incluindo a Fetö.

Nenhum compromisso pode ser feito com aqueles que cometem atos de terrorismo. Como no caso da Fetö, precisamos defender a democracia e as liberdades, levando em conta a face oculta do terrorismo. Devemos isso a nossos cidadãos, às vítimas do terrorismo e às futuras gerações.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves 

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