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Regime cubano confirma morte de um homem em Havana durante protestos

Morador do bairro de Arroyo Naranjo foi morto em confronto com forças policiais; cerca de cem pessoas estão detidas

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Guarulhos

Ao menos um homem que participava da onda de protestos populares em Cuba morreu, segundo informou o Ministério do Interior nesta terça-feira (13). Diubis Laurencio Tejeda, 36, morava no bairro de Arroyo Naranjo, na periferia de Havana, um dos que registraram atos contra o regime cubano na segunda (12).

Em nota divulgada pela agência estatal de notícias, o ministério alega que manifestantes tentaram invadir o prédio da Polícia Nacional Revolucionária e foram impedidos pelas forças policiais e por parte da população local. A pasta diz que casas foram vandalizadas, e agentes do governo, atingidos por pedras.

Homem é preso durante protesto contra o governo em Arroyo Naranjo, na periferia de Havana
Homem é preso durante protesto contra o governo em Arroyo Naranjo, na periferia de Havana - Yamil Lage - 12.jul.21/AFP

"Durante o enfrentamento, vários cidadãos foram detidos, e outros foram lesionados, incluindo policiais", afirma a nota. O ministério diz ainda lamentar a morte de Tejeda e que no momento é preciso "preservar a tranquilidade cidadã e a ordem interior".

O tom da pasta, que caracteriza os protestos como "antissociais e delinquentes", segue linha semelhante ao que vem sendo adotado pela cúpula do regime desde que as manifestações estouraram e ganharam projeção na mídia internacional.

Na manhã de segunda, o líder do regime cubano, Miguel Díaz-Canel, descreveu os protestos como atos organizados por "delinquentes" que “manipulam as emoções da população por meio das redes sociais”.

De acordo com balanços divulgados por organizações sociais, cerca de cem pessoas foram detidas desde o início das manifestações, no domingo. A repressão contra a imprensa também foi intensificada. Ao menos 42 jornalistas sofreram ameaças, agressões psicológicas e físicas ou foram presos, segundo números do Instituto Cubano para a Liberdade de Expressão e de Imprensa. Uma das repórteres presas é a cubana Camila Acosta, colaboradora do jornal espanhol ABC.

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Na tentativa de asfixiar as mobilizações, que ganharam força nas redes sociais, o regime da ilha também cortou a internet da população na segunda, e plataformas como WhatsApp, Facebook, Instagram e Telegram funcionam com instabilidade —quando funcionaram.

Os atos que ganharam as ruas do país no domingo têm dimensão incomum quando comparados aos vistos nas últimas décadas. Os cubanos, entre outras demandas, pedem mais liberdade e políticas efetivas de combate à escassez de alimentos e remédios. A mobilização ganhou força após a crise ser intensificada pelos efeitos da pandemia de Covid. No ano passado, Cuba viu o PIB encolher 11%.

Ainda que as demandas já fossem conhecidas pelo regime e pela comunidade internacional, o volume e a consistência dos protestos surpreenderam. Nos últimos anos, o regime já enfrentava mobilizações, marcadas em grande parte pela participação de artistas, jornalistas e intelectuais, que construíram redes de articulação após um decreto que limitou, ainda mais, a liberdade de expressão em 2018.

Diferentemente dessas mobilizações, os atos iniciados no fim de semana somaram participação popular e foram registrados em diversas províncias. O regime, porém, segue negando que as mobilizações tenham base social. Durante entrevista coletiva nesta terça, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, disse que "não houve uma eclosão social". "Isso porque nosso povo apoia a revolução e o governo", acrescentou. Rodríguez também voltou a afirmar que os protestos têm sido instigados pelos EUA.

Com AFP

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