Assassino de Bobby Kennedy pode obter liberdade condicional nos EUA

Comissão de Liberdade Condicional da Califórnia recomendou que Sirhan Sirhan seja solto, e membros da família Kennedy apoiaram

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Guarulhos

Preso há mais de 50 anos após confessar ter assassinado o senador americano Robert Kennedy (1925-1968), o palestino Sirhan Sirhan, 77, obteve sinal verde da Comissão de Liberdade Condicional do estado da Califórnia para que deixe a prisão e obtenha liberdade condicional.

A recomendação, proferida nesta sexta-feira (27), porém, ainda precisa ser revisada por uma equipe maior da própria comissão —o que deve levar 90 dias— e chancelada pelo governador Gavin Newsom, um democrata que está na reta final de seu mandato e tenta se reeleger.

Robert Kennedy em seu escritório do Departamento de Justiça, poucos meses antes de ser assassinado - Reuters

Robert Kennedy, também conhecido como Bobby, irmão mais novo do ex-presidente John F. Kennedy (1917-1963) —que também foi assassinado—, foi morto com três tiros na cabeça por Sirhan pouco após vencer as primárias democratas na Califórnia, em junho de 1968, quando tinha 42 anos. Com sua ausência na disputa eleitoral, o vencedor das urnas foi o conservador Richard Nixon.

Após confessar o crime, Sirhan justificou ter atirado em Kennedy por se sentir traído pelo então senador, que tinha como proposta de campanha o envio de 50 aviões militares para fortalecer o arsenal de Israel contra os palestinos. O palestino chegou a ser condenado à morte na câmara de gás, em meados de 1969, três meses após o início do julgamento. A defesa recorreu, e a pena foi comutada para prisão perpétua.

Durante a audiência virtual na qual foi recomendada a liberdade condicional, Sirhan disse que lembrava pouco do momento do assassinato, mas reiterou sua culpa. "Assumo a responsabilidade por levar a arma e por disparar os tiros."

lá fora

Receba toda quinta um resumo das principais notícias internacionais no seu email

O palestino afirmou ainda que teria aprendido a controlar sua raiva e estava disposto a viver pacificamente, sem colocar outras pessoas em perigo. "Vocês têm a minha palavra", disse. Se solto, ele poderia ser deportado para a Jordânia.

Essa doi a 16ª vez que Sirhan enfrentou os membros da Comissão de Liberdade Condicional, mas a primeira em que nenhum promotor estadual compareceu para argumentar contra a soltura do palestino, já que o promotor do condado de Los Angeles, George Gascón, implementou uma política que torna desnecessária a presença de promotores em audiências desse tipo.

Mesmo Douglas Kennedy, um dos filhos do senador Robert e hoje comentarista da emissora americana Fox News, pediu que Sirhan fosse libertado caso as autoridades entendessem que ele não representa uma ameaça para a sociedade. "Vivi minha vida com medo dele e de seu nome. Sou grato por vê-lo hoje como um ser humano digno de compaixão e amor."

Sirhan Sirhan, assassino de Bobby Kennedy, em 1997 - 18.jun.97/Reuters

Outros membros da família Kennedy, porém, mostraram-se contrários à liberdade de Sirhan, bem como o departamento do xerife de Los Angeles, que encaminhou carta à comissão pedindo que não recomendasse a liberdade condicional.

Em entrevista à agência de notícias Associated Press, a advogada do palestino, Angela Berry, argumentou que a comissão deve basear sua avaliação no que Sirhan é hoje, e não no que fez no passado. "Justificar uma negativa com base na gravidade do crime ignoraria a reabilitação [de Sirhan], que é o indicador mais relevante para saber se uma pessoa é ou não um risco para a sociedade."

Com The New York Times

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.