Descrição de chapéu mudança climática

Com chegada do furacão Ida, Biden alerta para 'devastação imensa'

Ao menos uma pessoa morreu; tempestade perde intensidade e é classificada de categoria 2

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Nova Orleans | Reuters

Após ganhar força durante a noite, o furacão Ida chegou ao estado de Louisiana às 11h55 deste domingo (29), no horário local (13h55 em Brasília), como uma perigosa tempestade de categoria 4, levando aqueles que não deixaram a região a se prepararem para o mais duro teste dos bilhões de dólares investidos em melhorias após o furacão Katrina ter devastado a região há 16 anos.

Ao menos uma pessoa morreu no condado de Ascension, segundo comunicado do xerife local publicado em rede social. Agentes receberam um chamado para atender um ferido após a queda de uma árvore em uma casa na cidade de Prairieville. Ao chegarem ao local, confirmaram que a vítima havia morrido.

Fortes ondas quebram no Farol Novo Canal, no lago Pontchartrain, como resultado do furacão Ida, em Nova Orleans, na Louisiana
Fortes ondas quebram no Farol Novo Canal, no lago Pontchartrain, como resultado do furacão Ida, em Nova Orleans, na Louisiana - Michael DeMocker/USA Today/Reuters

Em pronunciamento neste domingo sobre a chegada do fenômeno aos EUA, o presidente Joe Biden não dourou a pílula e alertou que a devastação do Ida deve ser imensa, mesmo para regiões longe da costa, e que o furacão impõe uma “ameaça à vida”.

Segundo o democrata, podem ser necessárias semanas para que alguns lugares consigam restabelecer o fornecimento de energia elétrica. “Assim que a tempestade passar, vamos colocar toda a potência do país no resgate e na recuperação”, disse. Cerca de 500 trabalhadores de equipes de emergência federais já foram deslocados para o Texas e para a Louisiana. Na noite deste domingo, porém, Ida já havia perdido força, sendo classificada de tempestade de categoria 2.

Assim que o fenômeno chegou aos EUA, ventos com a força de um furacão se espalharam por um raio de 80 km fora do olho do Ida, o que fez Nova Orleans suspender serviços de emergência enquanto a tempestade se encaminhava para noroeste a 21 km/h.

Na noite deste domingo, a cidade ficou sem energia, impactando 673 mil consumidores, após danos catastróficos na rede elétrica, segundo a fornecedora local. Às margens do rio Mississippi, a cidade foi rodeada por centenas de quilômetros de diques após a devastação causada pelo furacão Katrina, que passou por lá há 16 anos, inundando bairros de maioria negra e deixando mais de 1.800 mortos.

O investimento foi de US$ 14 bilhões (R$ 72,7 bilhões), mas há quem alerte, como o professor de história Andy Horowitz, que escreveu o livro “Katrina: Uma História, 1915-2015”, que os esforços sejam insuficientes para lidar com as consequências das mudanças climáticas.

O governador de Louisiana, o democrata John Bel Edwards, disse que o Ida será uma das tempestades mais fortes dos tempos modernos. No entanto, ele afirma que o estado “nunca esteve tão preparado” e que nenhum dos diques será ultrapassado —exceto alguns na região sudeste que não foram construídos pelo governo federal. “[A estrutura] Será testada? Sim. Mas foi construída para esse momento.”

O Ida surgiu há três dias como uma tempestade tropical no mar do Caribe, mas evoluiu rapidamente para a categoria 4 da escala Saffir-Simpson, com ventos de 240 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacão (NHC, na sigla em inglês). A força da ventania e da chuva fez tremer as palmeiras de Nova Orleans, onde Robert Ruffin, 68, fugiu com a família da parte leste da cidade para se hospedar em um hotel no centro.

O NHC alertou ainda para potenciais danos catastróficos e até 61 cm de chuva em algumas áreas. Na costa, ondas de tempestade com mais de 1,83 m já estavam se formando. Partes da estrada no litoral de Louisiana e Mississippi se tornaram um rio agitado, segundo vídeos publicados em redes sociais.

Nem todos puderam deixar suas casas. Sharon Weston Broome, prefeita de Baton Rouge, capital do estado, permaneceu em sua residência com o marido, Marvin. Por telefone, ele relatou proteger itens valiosos e documentos em uma parte segura da casa, enquanto sua mulher gerenciava a cidade.

Os moradores que precisaram permanecer em suas casas receberam a recomendação de se abrigarem em um armário ou no banheiro, caso não houvesse um quarto preparado para isso.

O governador alertou ainda que pode levar até 72 horas para os serviços de emergência chegarem. Alguns condados também impuseram toques de recolher a partir da noite deste domingo, proibindo a circulação nas ruas. Ordens de saída das áreas baixas e costeiras já haviam sido emitidas, o que levou a congestionamentos, com alguns postos de gasolina sem combustível.

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Pacientes de hospitais, no entanto, não puderam ser retirados, segundo o governador Edwards, o que gera um duplo problema, já que, além do Ida, o estado passou por recente uma alta de casos de Covid-19. A tendência, porém, já é de queda, com queda de 27% nas infecções na variação dos últimos 14 dias.

A vacinação, por outro lado, está abaixo da média nacional. Enquanto nos EUA 52% estão completamente imunizados, na Louisiana são apenas 41%. Segundo o governador, os hospitais tratam 2.450 pacientes com coronavírus, com muitos perto de sua capacidade.

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