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Ditadura e oposição da Venezuela tentam diálogo pela 6ª vez

México recebe a atual rodada de negociações, mediadas pela Noruega

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Buenos Aires

Pela sexta vez desde 2014, a ditadura de Nicolás Maduro e a oposição da Venezuela abriram nova rodada de negociações —agora, mediadas pela Noruega e realizadas no México. A primeira reunião, a portas fechadas, ocorre nesta sexta-feira (13), e o governo mexicano afirma que espera que se chegue a uma conclusão em até 180 dias.

Pelo lado chavista, participam Jorge Rodríguez (presidente da Assembleia Nacional), Hector Rodríguez (governador do estado de Miranda) e o filho de Maduro, Nicolás Maduro Guerra. Do lado da oposição, estão o presidente da Mesa de Unidade Democrática, Gerardo Blyde, e os ex-congressistas Stálin González e Tomás Guanipa.

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, durante entrevista coletiva
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, durante entrevista coletiva - Yuri Cortez - 17.fev.21/AFP

A ditadura quer o fim das sanções econômicas ao país e aos altos funcionários do governo. Também pede o reconhecimento das últimas eleições presidenciais, que afirma ter vencido, embora haja evidências de fraude.

A oposição, por sua vez, pleiteia eleições livres, liberação dos presos políticos, regresso de exilados e investigação dos abusos de direitos humanos. Mas há certo desânimo desse lado da mesa de negociações. Os líderes Juan Guaidó e Leopoldo López afirmaram à Folha que não aceitariam um resultado parcial, apenas a aprovação do pacote completo de demandas.

As negociações serão acompanhadas por vários países. A Rússia seguirá os negociadores chavistas, enquanto os EUA, o Canadá e o Reino Unido, seguirão a oposição. A Noruega espera ter o mesmo sucesso que alcançou em sua participação no acordo de paz entre o Estado colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em 2016.

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Na Venezuela, há desânimo da população com relação ao resultado das conversas. Segundo o instituto Datincorp, apenas 51% da população crê que haverá soluções para a grave crise humanitária, política e econômica. Entre os opositores, há a preocupação de que seus líderes vêm desinflando em popularidade nos últimos tempos, com López com 14% e Guaidó com 21%, segundo o Datanálisis.

Com o fim do mandato da Assembleia Nacional eleita em 2015, de maioria opositora, o chavismo voltou a se fortalecer e a comandar todos os poderes. Há eleições regionais previstas para novembro, e a ditadura afirma que serão limpas e legítimas.

Para passar essa imagem, o novo órgão eleitoral admitiu dois representantes da oposição. Mas os opositores dizem que isso não basta. "E daí que tem dois não-chavistas? Isso já está errado desde o começo, porque a lei diz que os cinco reitores do CNE [Conselho Nacional Eleitoral] devem ser independentes. Se há três que são da ditadura, já está errado", afirmou López à Folha. "Só estaremos de acordo com eleições livres e transparentes com um novo CNE independente."

As negociações são também importantes para o México. O presidente de esquerda, Andrés Manuel López Obrador, vem afirmando que gostaria que a OEA (Organização de Estados Americanos) fosse substituída por um órgão totalmente latino-americano, enquanto dá passos para assumir um protagonismo regional. O sucesso das negociações sobre a Venezuela são essenciais para chegar a esse objetivo.

A oposição venezuelana espera que, nas próximas horas, o regime dê um exemplo de boa vontade, liberando alguns presos políticos. Guaidó tem pedido especialmente por Freddy Guevara, preso há um mês e integrante de seu gabinete quando esteve à frente da Assembleia Nacional. A família de Guevara solicita que sua liberação seja imediata, pois ele sofre de arritmia cardíaca e está preso no Helicóide, uma prisão conhecida por maus-tratos aos prisioneiros.

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