Embaixador chinês comemora prisão de Jefferson, que já fez ataques sinofóbicos

Há cerca de um mês, presidente nacional do PTB sugeriu que Bolsonaro expulsasse Yang Wanming do Brasil

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Guarulhos

Pouco após o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, ser preso na manhã desta sexta-feira (13), o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, comemorou em uma rede social.

“Lindo dia para todos!!!”, escreveu o diplomata, que representa o país no Brasil desde 2018 e também já atuou na Argentina e no Chile.

Jefferson, um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi preso no desdobramento das investigações sobre a atuação de uma quadrilha digital voltada a ataques contra a democracia.

A prisão foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Na ordem emitida, constam mais de dez crimes, entre eles injúria, calúnia e difamação, incitação e apologia ao crime e denunciação caluniosa.

A manifestação do embaixador chinês responde a ataques já proferidos por Jefferson. Em meados de julho, o ex-deputado protagonizou um vídeo nas redes sociais em que ameaçava Yang Wanming enquanto segurava duas armas.

Na ocasião, após discursar sobre uma suposta ameaça comunista e a importância das Forças Armadas e das polícias, Jefferson emendou: “Os comunistas, como esse chinês, malandro, que está aí hoje na embaixada da China [...] Ele tem que ir embora. O presidente tem que mandar ele embora, esse xing-ling de embaixador.”

Registros de ofensas à China têm sido comuns entre bolsonaristas, algo que ganhou novos contornos durante a pandemia, quando o presidente Bolsonaro tentou, repetidas vezes, desqualificar a vacina Coronavac, desenvolvida em um laboratório chinês.

Um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub já teceram ataques sinofóbicos ao país asiático. O STF chegou a abrir um inquérito para investigar Weintraub pelo crime de racismo.

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As posturas do presidente e de seus apoiadores são vistas com temor, pela possibilidade de enfraquecerem as relações bilaterais com a China, um dos principais parceiros do Brasil —mesmo com a retórica diplomática agressiva em Brasília, o país se consolidou como principal destino sul-americano de investimentos chineses.

Os ataques chegaram a afetar a liberação de insumos da China para a fabricação de vacinas no Brasil, segundo declarou a direção do Instituto Butantã em maio. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também alegou maiores dificuldades na relação com o país asiático em razão das ofensas de Bolsonaro.

O mal-estar diplomático esteve ainda na lista de motivos para o pedido de demissão do ex-chanceler Ernesto Araújo em março. Desde o início de sua gestão, o diplomata promoveu uma política de antagonismo com Pequim.

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