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EUA dizem que eleições de novembro na Nicarágua 'perderam toda a credibilidade'

Justiça eleitoral do país inabilitou nesta sexta principal partido de oposição

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Washington | AFP

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse neste sábado (7) que as eleições marcadas para novembro na Nicarágua "perderam toda a credibilidade", devido às manobras do ditador Daniel Ortega para afastar opositores da disputa.

O Conselho Supremo Eleitoral (CSE) da Nicarágua inabilitou nesta sexta (6) o partido de direita Cidadãos pela Liberdade (CxL), que lidera uma aliança opositora contra a reeleição de Ortega, após anular sua pessoa jurídica.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante encontro de imprensa 
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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante encontro com jornalistas - Tom Brenner/AFP

A medida deixou o principal bloco da oposição fora das eleições gerais de 7 de novembro —em que Ortega, um ex-guerrilheiro de 75 anos que está no poder desde 2007, busca o quarto mandato consecutivo.

"Os Estados Unidos consideram que as últimas ações antidemocráticas e autoritárias do regime —impulsionadas pelo medo de Ortega de uma derrota eleitoral— são o golpe definitivo contra as perspectivas da Nicarágua de realizar eleições livres e justas no fim do ano. Esse processo eleitoral, incluindo seus eventuais resultados, perdeu toda a credibilidade", afirmou Blinken.

Críticos acusam o governo de tentar impedir que qualquer oposição significativa se candidate para as eleições na Nicarágua. Trinta e um líderes opositores, entre eles sete candidatos à Presidência, foram presos desde junho, a maioria acusada de "traição à pátria".

Entre os presos está Cristiana Chamorro, filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-1997), que aparecia nas pesquisas como potencial rival para enfrentar Ortega nas urnas.

O CxL denunciou nesta semana que sua candidata à Vice-Presidência, Berenice Quezada, estava em prisão domiciliar sem nenhuma justificativa.

O tribunal eleitoral tem até 9 de agosto para revalidar ou rejeitar os candidatos apresentados por partidos e alianças para disputar as eleições.

"A decisão de ontem [sexta] do presidente Daniel Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo de proibir o último partido da oposição genuína de participar das eleições de novembro mostra a sua vontade de se manter no poder a qualquer custo", manifestou Antony Blinken.

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta (6) que negariam vistos a outros 50 nicaraguenses vinculados a Ortega, ampliando as restrições a mais de 100 pessoas, entre elas legisladores e juízes.

A comunidade internacional vem condenando as violações de direitos humanos na Nicarágua.

Na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicionou pela primeira vez em relação à ditadura na Nicarágua e aconselhou Ortega a “não abrir mão” da democracia, em entrevista a uma TV mexicana.

“Se eu pudesse dar um conselho ao Daniel Ortega, daria a ele e a qualquer outro presidente. Não abra mão da democracia. Não deixe de defender a liberdade de imprensa, de comunicação, de expressão, porque isso é o que favorece a democracia”, disse à jornalista Sabrina Berman, do Canal Onze do México.

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