Após as explosões que deixaram ao menos 73 mortos, entre os quais 13 militares americanos, os EUA se disseram determinados a agir contra os autores dos ataques, reivindicados pelo Estado Islâmico.
“Estamos trabalhando muito duro para determinar a autoria, quem está associado a esse ataque covarde e preparados para agir contra eles. Estamos 24 horas por dia, 7 dias por semana em busca deles”, afirmou o chefe do Comando Militar americano, o general Kenneth McKenzie, durante entrevista coletiva.
McKenzie também confirmou que os ataques deixaram outros 14 militares americanos feridos. O número de afegãos mortos no atentado desta quinta, por sua vez, já chega a 60 —entre os quais 28 talibãs, afirmou o grupo— levando o total de vítimas a 73.
Essa foi a primeira morte de oficiais dos EUA no Afeganistão desde fevereiro de 2020, quando dois militares foram mortos e seis ficaram feridos após um homem com uniforme do Exército afegão abrir fogo com uma metralhadora. Segundo o observatório Custos da Guerra da Universidade Brown (EUA), cerca de 2.300 soldados americanos morreram no Afeganistão até 2019.
Apesar de ressaltar a determinação americana em agir contra os autores, o chefe do Comando Militar disse que o foco agora é garantir que não haja outros atentados. “Temos outras ameaças ativas”, explicou. “O padrão é de ataques múltiplos, e queremos estar preparados e prontos para nos defender.”
Cerca de 5.200 militares têm feito a segurança do aeroporto, segundo os EUA, enquanto as forças americanas realizam a operação de retirada, cujo prazo final para ser concluída é 31 de agosto. Eles também coordenam o resgate de diplomatas, cidadãos ocidentais e afegãos que auxiliaram a ocupação.
As duas explosões desta quinta atingiram os arredores do terminal, onde afegãos e ocidentais se concentram para tentar uma vaga nas operações de evacuação do país, desde o último dia 15 controlado pelo grupo fundamentalista Talibã após uma rápida ofensiva que derrubou o governo em Cabul.
Uma delas ocorreu na principal entrada do terminal aéreo, o Abbey Gate, e a outra se deu próxima ao hotel Baron, nas imediações do aeroporto, ainda de acordo com o governo americano, que não descartou novos ataques na região. A embaixada dos EUA em Cabul relatou ainda disparos com armas de fogo.
Ao menos 60 pessoas feridas foram atendidas em um hospital de Cabul, e civis afegãos, soldados talibãs e, como já citado, militares americanos estão entre os atingidos pela ação terrorista.
Os ataques se deram depois de a Casa Branca e seus aliados terem emitido alertas sobre riscos de atos terroristas da filial afegã do EI, adversária do Talibã, o que impactou o processo de retirada do país.
Mais cedo nesta quinta, após os ataques, autoridades americanas haviam dito à Associated Press acreditar que o grupo terrorista fosse o responsável pelo que foi descrito pelo Pentágono como um "ataque complexo". O Talibã havia negado a autoria da ação e, numa manifestação de tom político, afirmado que quem cuida da segurança da região são os EUA.
Na tarde desta quinta, um dos porta-vozes do grupo publicou comunicado no Twitter em que diz "condenar veementemente" o atentado, "ocorrido em uma área onde as forças dos EUA são responsáveis pela segurança". O grupo disse ainda que "presta muita atenção à segurança e proteção de seu povo".
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o que chamou de "ataque terrorista, que matou e feriu civis". O português convocou nesta quinta uma reunião dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para discutir a situação caótica no Afeganistão.
O secretário-geral enviou cartas para convidar formalmente EUA, Reino Unido, França, Rússia e China para um encontro na segunda-feira (30), de acordo com diplomatas à agência de notícias AFP.
Em comunicado, o presidente da França, Emmanuel Macron, condenou veementemente os ataques e prestou solidariedade às famílias das vítimas. Também afirmou que o país manterá a evacuação até a conclusão das operações, além de continuar a fornecer ajuda humanitária e proteção dos afegãos ameaçados durante esse período.
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