Ex-presidente boliviana recebe atendimento de urgência por 'autolesões' na prisão

Presa desde março, Jeanine Áñez foi acusada de genocídio; oposição diz que governo persegue ex-mandatária

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La Paz | AFP

A ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez tentou se ferir na cela em que está presa e acabou com alguns “arranhões” no braço, informou um ministro do governo de Luis Arce neste sábado (21).

"Lamento informar ao povo boliviano que a senhora Jeanine Áñez tentou infligir uma autolesão na madrugada do dia de hoje”, disse o responsável pela pasta do Interior, Eduardo del Castillo, em entrevista.

Segundo ele, o estado de saúde de Áñez é "completamente estável". "Ela tem uns pequenos arranhões em um dos braços, não há motivos para preocupação”, afirmou.

A então presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez durante entrevista coletiva em La Paz
A então presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez durante entrevista coletiva em La Paz - Ronaldo Schemidt - 15.nov.19/ AFP

A advogada da ex-presidente, Norka Cuéllar, classificou o ato como um pedido de ajuda. À agência de notícias Reuters afirmou que Áñez, 54, tinha três cortes no pulso esquerdo.

Questionada sobre a causa das lesões, Castillo disse ter feito a mesma pergunta à ex-presidente, presa desde março, sob as acusações de conspiração, sedição e terrorismo. Nesta semana, ela foi alvo de novas acusações do procurador-geral do país, entre as quais genocídio. "Ela disse não saber com o que teria tentado gerar algum tipo de lesão”, disse Castillo, insistindo que os ferimentos são superficiais.

Opositora de Evo Morales, Áñez era a segunda vice do Senado e foi proclamada presidente interina por meio de uma interpretação controversa da Constituição após o líder indígena renunciar, em novembro de 2019. Ela deixou o poder em novembro, após a eleição de Arce, aliado de Evo, e foi presa em março.

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Evo e o governo de Arce acusam a oposição de ter promovido um golpe de Estado com apoio da Igreja Católica, da União Europeia e dos governos do argentino Mauricio Macri e do equatoriano Lenín Moreno.

A família de Áñez tem pedido reiteradamente sua transferência para um hospital, onde ela possa receber tratamento médico especializado, por sofrer principalmente de hipertensão. Ela chegou a passar mal, fez exames e precisou de atendimento na última quarta-feira.

A defesa da ex-governante teve negados pela Justiça os pedidos para que ela fique em prisão domiciliar.

Políticos da oposição criticaram o governo. O governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, peça-chave na queda de Evo em 2019, afirmou que Arce tem uma política revanchista. "Está ultrapassando todos os limites e tem mexido com a saúde de Áñez, em um comportamento desumano, cruel", disse.

O ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005) afirmou que as explicações oficiais sobre a saúde de Áñez “não são sérias nem críveis” e pediu que a prisão, classificada por ele de política, seja revogada.

Mesa e os ex-presidentes Jorge Quiroga (2001-2002) e Jaime Paz (1989-1993) enviaram um comunicado à Procuradoria-Geral da Bolívia e ao Poder Judiciário pedindo que sejam adotadas medidas necessárias para “preservar a vida e a integridade física e psicológica” de Áñez.

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