Líder palestino e ministro israelense se reúnem e falam de economia, mas não de paz

Encontro no domingo teve conversas oficiais de nível mais alto em anos entre Israel e Palestina

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Jerusalém | AFP e Reuters

Israel e Palestina tiveram conversas oficiais de nível mais alto em anos no domingo (29), quando o ministro israelense da Defesa, Benny Gantz, reuniu-se com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. A conversa aconteceu em Ramallah, sede do Executivo palestino.

Segundo fontes do governo israelense ouvidas pelas agências de notícias Reuters e AFP, no entanto, não houve discussão sobre o processo de paz, paralisado há mais de sete anos.

Jovem palestino protesta na cidade de Beita, na Cisjordânia, contra a ocupação israelense - Jaafar Ashtiyeh/AFP

O gabinete de Gantz disse que ele e Abbas tiveram "uma reunião cara a cara", após conversas mais amplas, e "concordaram em manter a comunicação". A reunião aconteceu horas depois de o premiê israelense, Naftali Bennett, voltar de Washington, onde se encontrou com o presidente dos EUA, Joe Biden.

Também participaram da reunião em Ramallah Ghasan Alyan, comandante militar israelense responsável por Assuntos Civis nos Territórios Palestinos; Hussein al-Sheikh, funcionário de alto escalão da Autoridade Palestina; e Majid Faraj, chefe da Inteligência palestina. Al-Sheikh confirmou a reunião em uma rede social, mas a Autoridade Palestina se recusou a comentar o conteúdo das conversas.

Depois do encontro, o governo de Israel anunciou nesta segunda (30) o empréstimo de US$ 155 milhões à Autoridade Palestina, a serem pagos com a coleta de futuros impostos por Israel.

O anúncio vem em momento delicado, já que no último mês Israel bloqueou US$ 180 milhões do governo palestino de impostos arrecadados em 2020. Os israelenses acusam a Autoridade Palestina de pagar manifestantes presos ou mortos em ataques contra Israel.

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Nesta segunda, o Ministério da Defesa israelense disse em comunicado que o país tenta "tomar medidas para fortalecer a economia da Autoridade Palestina". Segundo a pasta, os dois políticos também discutiram a situação econômica e de segurança na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Bennett, que assumiu o cargo em junho à frente de uma coalizão diversa, é nacionalista e opositor de longa data da criação de um Estado palestino. Ele havia sido chefe de um conselho que faz lobby a favor das colônias judaicas na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967.

Seu governo, porém, tem buscado restabelecer os laços com a Autoridade Palestina, rompidos durante o governo de Binyamin Netanyahu (2009-2021). Contando com o apoio incondicional do então presidente dos EUA Donald Trump, Netanyahu não fez esforço substancial para resolver o conflito.

O líder palestino Mahmoud Abbas e o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, em montagem - AFP

O governo Joe Biden apoia, por sua vez, uma solução de dois Estados e retomou a ajuda financeira à Autoridade Palestina. O gabinete do atual primeiro-ministro deixou claro que a coalizão que o levou ao poder, que vai da esquerda à ultradireita, não planeja iniciar conversas de paz com os palestinos.

Funcionários de alto escalão do governo israelense sinalizaram, porém, o interesse em fortalecer a Autoridade Palestina, em meio a temores de novos conflitos com o movimento islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

O Hamas criticou a reunião entre Gantz e Abbas, afirmando que ela "agrava as divisões palestinas". Inimigos jurados, Israel e Hamas travaram uma guerra de 11 dias em maio deste ano. Após a trégua alcançada, trocas de tiros e atos de violência esporádicos continuam.

No domingo (29), Israel executou ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, depois que balões incendiários foram lançados sobre seu território a partir do enclave palestino. Na semana passada, os confrontos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses perto da fronteira entre Gaza e Israel deixaram dois palestinos e um franco-atirador israelense mortos, além de dezenas de feridos do lado dos manifestantes.

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