Descrição de chapéu talibã Ásia

Número de mortos em atentado no Afeganistão passa de 180, e EUA esperam novos ataques

Ao menos 13 militares americanos e mais de 170 afegãos, dentre os quais soldados talibãs, foram mortos

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São Paulo

O total de vítimas do atentado ao aeroporto de Cabul passa de 180 mortos, incluindo civis afegãos, militares americanos e soldados do Talibã, segundo o jornal americano The New York Times, com base em levantamento de autoridades afegãs e americanas. Foram 13 militares americanos e mais de 170 afegãos mortos, segundo oficiais locais de saúde. O governo do Reino Unido afirmou que dois britânicos também morreram. Estimativas apontam ainda que mais de 200 pessoas ficaram feridas.

O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico Khorasan, braço afegão do EI criado em 2014 e inimigo do grupo fundamentalista que tomou o poder no Afeganistão no último dia 15.

O presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu vingança contra os autores do atentado, e já começou a compartilhar informações de inteligência com o até agora rival Talibã para evitar novos ataques, o que o governo teme que aconteça já nesta sexta-feira (27).

Local onde ocorreram os ataques terroristas em Cabul, do lado de fora do aeroporto internacional da capital afegã
Local onde ocorreram os ataques terroristas em Cabul, do lado de fora do aeroporto internacional da capital afegã - Saifurahman Safi/Xinhua

Chefe do Comando Central dos Estados Unidos, o general Frank McKenzie afirmou que os militares americanos se preparam para novos atentados, incluindo possíveis carros-bomba e lançamento de foguetes contra o aeroporto, segundo a agência de notícias Reuters. "Estamos fazendo tudo o que podemos para nos preparar", justificou o militar sobre a aliança ocasional com o Talibã.

Segundo o porta-voz do Pentágono, John Kirby, o país "está preparado e espera novos ataques", disse a jornalistas em Washington. "Estamos monitorando essas ameaças de maneira muito, muito específica, quase em tempo real", disse.

Nesta quinta-feira (26), o atentado atingiu os arredores do terminal aéreo, onde afegãos e ocidentais se concentram para tentar uma vaga no processo de evacuação do país controlado pelo grupo fundamentalista após uma rápida ofensiva que derrubou o governo em Cabul.

O ataque a bomba atingiu a principal entrada no aeroporto, Abbey Gate. Na quinta, o Pentágono havia dito que outra explosão aconteceu perto do hotel Baron, mas o órgão voltou atrás nesta sexta e disse não ter indício de uma segunda bomba.

"Não acreditamos que houve uma segunda explosão no hotel ou perto do hotel Baron. Foi um homem-bomba", disse o major-general do exército americano William Taylor. Ainda não há explicações sobre o que indicou a segunda explosão.

A embaixada dos EUA também relatou disparos com armas de fogo.

O EI-K, ao assumir a autoria do atentado, afirmou que o homem-bomba mirou afegãos que trabalharam para os EUA como tradutores ou que colaboraram de outra forma com o Exército americano.

Vídeos feitos após o ataque mostram corpos empilhados em um canal próximo ao aeroporto, enquanto afegãos procuravam amigos e familiares. "Vi corpos e membros voando pelo ar, como se fosse um tornado carregando sacolas de plástico", disse à Reuters uma afegã que testemunhou o ataque. "Aquele fio de água que passava por esse canal de esgoto virou sangue."

Soldados talibãs bloqueavam as ruas da região, impedindo o acesso de civis às operações de evacuação. "Tínhamos um voo, mas a situação ficou muito grave, e as estradas foram fechadas", disse um morador.

Um homem que se identificou como Milad disse à agência de notícias AFP que perdeu na explosão os documentos que o permitiriam embarcar num voo para sair do país com a esposa e os três filhos. "Não quero voltar ao aeroporto nunca mais. Maldito sejam os Estados Unidos, a evacuação e os processos de visto", disse.

Em nota, o Conselho de Segurança das Nações Unidas afirmou que "mirar deliberadamente alvos civis e pessoas trabalhando na evacuação é especialmente abominante e deve ser condenado" e que os autores devem ser responsabilizados.

Os atentados elevaram a pressão sobre Biden, criticado interna e externamente depois da rápida ascensão do Talibã ao governo. Na quinta, ele voltou a afirmar que tomou a decisão correta ao anunciar o encerramento da ocupação no país, o que, para ele, evitaria a perda de mais vidas americanas. O democrata também prometeu resgatar os americanos e os aliados afegãos que permanecem no país.

Os EUA, assim como seus parceiros ocidentais, correm para completar a retirada até a próxima terça (31), data limite prometida pelos americanos. A Casa Branca afirmou nesta sexta que 105 mil pessoas já foram retiradas de Cabul e, segundo o general McKenzie, ainda há cerca de mil cidadãos americanos no país.

Outras nações também aceleraram o processo de saída após o atentado. A Espanha afirmou que todo seu contingente diplomático já foi retirado do Afeganistão e está em Dubai. O Reino Unido, por sua vez, também entrou nos estágios finais de seu plano de resgate, com o Ministério da Defesa britânico dizendo que não convocará mais pessoas ao aeroporto de Cabul. A Suécia disse nesta sexta ter encerrado a operação, com 1.100 pessoas retiradas, incluindo funcionários da embaixada e suas famílias.

Com AFP e Reuters

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