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Polícia de Hong Kong prende estudantes por apologia do terrorismo

Líderes de grêmio estudantil elogiaram homem que esfaqueou policial e depois se matou

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Hong Kong | Reuters

Em meio à tensão em Hong Kong devido à Lei de Segurança Nacional, que reprimiu protestos contra o governo chinês, autoridades anunciaram a prisão de quatro estudantes por apologia do terrorismo depois de um grêmio da principal universidade local elogiar a tentativa de assassinato de um policial.

O atentado aconteceu em 1º de julho, aniversário da devolução da ex-colônia britânica à China. O agressor, um homem de 57 anos, esfaqueou um policial de 28 anos e, na sequência, enfiou a faca no próprio peito —ele morreu no hospital. O policial, por sua vez, teve o pulmão perfurado, mas sobreviveu.

Policial fotografa cena onde agente foi esfaqueado em Hong Kong, no aniversário da devolução da cidade à China
Policial fotografa cena onde agente foi esfaqueado em Hong Kong, no aniversário da devolução da cidade à China - Tyrone Siu - 1º.jul.21/Reuters

A polícia classificou o atentado como terrorista, mas não o vinculou a nenhum grupo. Segundo o secretário de Segurança da cidade, Chris Tang, foi uma ação individual, ou de um "lobo solitário".

Pouco depois do ataque, membros do grêmio estudantil da Universidade de Hong Kong publicaram uma declaração em homenagem ao agressor, elogiando o que chamaram de "sacrifício". A manifestação, porém, foi mal vista, e os líderes do centro acadêmico renunciaram e pediram desculpas pela afirmação, classificada de "inadequada". A sede do grêmio foi invadida pela polícia, e a universidade cortou laços com o centro acadêmico e expulsou cerca de 30 alunos que assinaram a moção.

"A homenagem é muito chocante", afirmou Steve Li, superintendente da polícia honconguesa, nesta quarta. "Tentaram embelezar, racionalizar e glorificar o terrorismo", disse ele, acrescentando que o gesto "encorajava outras pessoas a tentarem suicídio" e que não se adequava "aos padrões morais".

Sem divulgar os nomes dos suspeitos presos, Li afirmou que eles têm idades entre 18 e 20 anos e que a polícia vai interrogar quem votou a favor da homenagem. Além dos estudantes, outros honcongueses prestaram homenagens ao agressor e deixaram flores no local do atentado, o que foi condenado por autoridades, incluindo a chefe do Executivo da cidade, Carrie Lam. Ela pediu que pais e professores fiquem atentos ao comportamento de adolescentes e denunciem jovens que desobedecerem às leis.

Ex-colônia britânica, Hong Kong foi devolvida pelo Reino Unido à China em 1997, sob a condição de que a cidade teria autonomia em relação ao governo em Pequim por 50 anos, com direitos e regras especiais do restante do continente, num arranjo que ficou conhecido como "um país, dois sistemas".

Manifestantes acusam o governo chinês de desrespeitar o acordo e violar garantias dos honcongueses, e grandes protestos foram convocados, os mais recentes em 2019, pedindo mais democracia.

Com a pandemia de Covid-19 e a aprovação da Lei de Segurança Nacional no ano passado, o movimento minguou, e os oposicionistas mais proeminentes do governo foram presos ou deixaram o país.

No último domingo (15), um dos grupos por trás dos protestos, o CHRF (sigla em inglês para Frente de Direitos Civis Humanos), anunciou sua dissolução. A maioria dos ativistas do CHRF já foi presa, incluindo os ex-líderes do movimento pró-democracia Jimmy Sham e Figo Chan. Cerca de 30 outras organizações da sociedade civil em Hong Kong já se dissolveram por medo da repressão, de acordo com um levantamento realizado pela agência de notícias AFP. Movimento semelhante foi feito pelo Sindicato dos Professores Profissionais, após ter sido criticado pela mídia estatal chinesa e autoridades de Hong Kong.

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