Relembre os principais momentos dos 20 anos da ocupação dos EUA no Afeganistão

Intervenção começou semanas após 11 de Setembro de 2001 e foi encerrada nesta segunda (30)

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Belo Horizonte

Depois de 20 anos de intervenção no Afeganistão, com ocupação militar, combates contra o grupo extremista Talibã, mudanças na opinião pública americana e uma retirada recheada de questionamentos, os EUA anunciaram no final da tarde desta segunda (30) o fim da retirada de suas tropas do país.

A missão, a mais longa guerra em que os EUA se envolveram, começou em 2001, semanas depois do atentado ao World Trade Center, em Nova York. O ataque terrorista foi reivindicado pelo grupo Al Qaeda, liderado por Osama Bin Laden, então abrigado no Afeganistão —o que justificou a invasão.

Ao longo das duas décadas, segundo estudo da Universidade Brown (EUA), morreram cerca de 160 mil pessoas (das quais 2.298 soldados americanos, 3.814 mercenários, 1.145 aliados e o restante, afegãos). O custo ficou em US$ 2,26 trilhões, número que o Pentágono coloca na casa de US$ 1 trilhão.

Relembre alguns dos principais momentos da ocupação dos EUA no Afeganistão, com base em informações do Council on Foreign Relations, instituição que estuda assuntos internacionais dos EUA.

11 de setembro de 2001: Terroristas do grupo terrorista Al Qaeda sequestram quatro aviões comerciais. Dois deles chocam-se contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York; o terceiro colide contra o Pentágono, em Washington, e o quarto cai em um campo na Pensilvânia. Cerca de 3.000 pessoas morreram nos ataques. Em reação, o presidente americano à época, o republicano George W. Bush, promete “vencer a guerra contra o terrorismo” e acusa o Talibã, grupo que governava o Afeganistão, de abrigar o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.

7 de outubro de 2001: Exércitos americanos e britânicos iniciam bombardeios no Afeganistão contra o Talibã. Canadá, Austrália, Alemanha e França prometem apoio.

Novembro de 2001: O regime do Talibã se desfaz rapidamente com os ataques, e a ONU pede um papel central no estabelecimento de uma administração transitória no Afeganistão.

Dezembro de 2001: A coalizão internacional derrota o Talibã, que se rende em 6 de dezembro.

Abril de 2002: Bush pede a reconstrução do Afeganistão em um discurso no Instituto Militar da Virgínia. O Congresso dos EUA destina mais de US$ 38 bilhões em assistência humanitária e de reconstrução ao Afeganistão de 2001 a 2009.

Janeiro de 2004: Uma assembleia de 502 delegados afegãos chega a um acordo sobre uma Constituição para o país, criando um forte sistema presidencial destinado a unir os vários grupos étnicos.

Outubro de 2004: Bin Laden aparece em um vídeo, dias antes da eleição presidencial americana, em que Bush é reeleito, e assume a autoria dos ataques ao World Trade Center.

Julho de 2006: Violência aumenta em todo o Afeganistão, com vários ataques suicidas.

Novembro de 2006: O então Secretário-Geral da Otan (aliança militar ocidental), Jaap de Hoop Scheffer, define 2008 como meta para que o Exército afegão comece a assumir o controle da segurança no país.

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Fevereiro de 2009: O então novo presidente dos EUA, Barack Obama, anuncia planos para enviar mais 17 mil soldados para a zona de guerra. Em janeiro de 2009, o Pentágono já tinha 37 mil soldados no Afeganistão, divididos entre os comandos dos EUA e da Otan.

Agosto de 2009: As forças dos EUA totalizam entre 60 mil e 68 mil militares no Afeganistão. Mesmo assim, confrontos com o Talibã persistem no interior do país.

Dezembro de 2009: Pela primeira vez, um presidente americano fala em um prazo para a presença militar dos EUA no Afeganistão: Obama define julho de 2011 como o início de uma redução de tropas, mas não detalha quanto tempo levará uma retirada.

Novembro de 2010: Em cúpula em Lisboa, os países membros da Otan assinam declaração concordando em entregar a responsabilidade total pela segurança no Afeganistão às forças afegãs até o final de 2014.

Maio de 2011: Osama bin Laden é encontrado e morto por oficiais americanos no Paquistão.

Um paquistanês lê um jornal com a primeira página exibindo a notícia da morte de Osama bin Laden em uma banca, em Lahore, no Paquistão
Banca no Paquistão expõe jornais anunciando a morte do terrorista Osama Bin Laden - Arif ALI / AFP

Junho de 2011: Pesquisas apontam número recorde de americanos contra a guerra; em meados de 2011, mais de 150 mil soldados estrangeiros estavam em solo afegão, 100 mil dos quais eram americanos. Obama traça um plano para retirar 33 mil soldados até o verão de 2012. Após a saída das tropas de reforço, estima-se que 70 mil soldados dos EUA deveriam permanecer pelo menos até 2014.

Outubro de 2011: Uma década depois do início da guerra, o número de vítimas inclui 1.800 baixas de tropas americanas e US$ 444 bilhões gastos.

Junho de 2013: As forças afegãs assumem a liderança na responsabilidade pela segurança no país.

Junho de 2014: Ashraf Ghani é eleito presidente do Afeganistão em meio a acusações de fraude.

Maio de 2014: Obama anuncia cronograma para a retirada da maioria das forças dos EUA do Afeganistão até o final de 2016. A primeira fase do plano previa a permanência de 9.800 soldados americanos.

Em discurso a tropas americanas durante visita surpresa ao Afeganistão, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que iria levar a guerra no país a um 'fim responsável'
Em discurso a tropas americanas durante visita surpresa ao Afeganistão, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que iria levar a guerra no país a um 'fim responsável' - Jonathan Ernst - 25.maio.14/Reuters

Dezembro de 2014: A Otan anuncia o fim de sua missão de combate no Afeganistão. Mas segundo pactos assinados meses antes, 12.500 soldados estrangeiros (9.800 dos quais americanos) permaneceriam no país para treinar as tropas afegãs e realizar operações pontuais contra grupos terroristas.

Abril de 2017: Já com Donald Trump como presidente, os Estados Unidos lançam sua bomba não nuclear mais poderosa sobre supostos militantes autoproclamados do Estado Islâmico, no Afeganistão. Trump ameaça destinar mais milhares de militares, enquanto o Talibã aumenta o número de ataques suicidas.

Janeiro de 2018: O Talibã realiza uma série de ataques terroristas em Cabul que matam mais de 115 pessoas em meio a um aumento mais amplo da violência.

Fevereiro de 2019: Negociações entre os EUA e o Talibã se fortalecem.

Fevereiro de 2020: EUA e Talibã assinam um acordo que prevê a retirada de tropas americanas do Afeganistão, em troca de o país não ser mais reduto de grupos terroristas.

Abril de 2021: O presidente Joe Biden anuncia que os EUA não cumprirão o prazo estabelecido no acordo com o Talibã para retirar todas as tropas até 1º de maio e divulga um plano para uma retirada total até 11 de setembro de 2021.

15 de agosto de 2021: Em meio à retirada parcial de tropas americanas e enfrentando pouca resistência, o Talibã toma conta do país, chega à capital, Cabul, e o presidente Ashraf Ghani deixa o país. O Talibã assume o controle. A queda de Cabul causa pânico. Milhares de pessoas vão ao aeroporto, na esperança de fugir, enquanto os países ocidentais organizam a evacuação de seus cidadãos e pessoas sob sua proteção. Mais de 122 mil estrangeiros e afegãos seriam evacuados por via aérea de Cabul.

30 de agosto de 2021: Os EUA anunciam que retiraram todas suas tropas do Afeganistão.

Imagem divulgado pelo Comando Central dos EUA mostra o embarque do general Chris Donahue, último militar americano a deixar o Afeganistão
Imagem divulgado pelo Comando Central dos EUA mostra o embarque do general Chris Donahue, último militar americano a deixar o Afeganistão - Jack Holt/Comando Central dos EUA via AFP

Com AFP

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto afirmava que a estimava do Pentágono para o custo da guerra era de cerca de US$ 1 bilhão. O correto é US$ 1 trilhão. O texto foi corrigido.

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