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Fumio Kishida vence disputa por liderança do partido que controla Parlamento do Japão

Político passa a ser provável substituto do atual premiê, Yoshihide Suga, e deve antecipar eleições

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Tóquio | Reuters

O ex-ministro das Relações Exteriores japonês Fumio Kishida venceu nesta quarta-feira (29) o segundo turno das eleições para a liderança do Partido Liberal Democrático (LDP), que tem a maioria no Parlamento do país e, por isso, o poder de definir quem ocupará o cargo de primeiro-ministro.

Considerado um veterano de fala mansa, Kishida era apontado como o favorito na disputa e obteve 257 votos, enquanto seu rival, Taro Kono, também um ex-chanceler e responsável por gerir a campanha de imunização contra a Covid-19 no país, conseguiu apenas 170.

Tudo indica que o novo líder do LDP deve se tornar oficialmente primeiro-ministro após uma sessão da Dieta, o Parlamento japonês, na próxima segunda-feira (4).

Ele deve substituir Yoshihide Suga, atual premiê cuja popularidade abalada inviabilizou sua permanência à frente da legenda —ele anunciou o recuo no início deste mês. Suga ocupou o cargo por menos de um ano, após suceder Shinzo Abe, que, por sua vez, deixou o poder para tratar de uma doença intestinal.

Fumio Kishida, novo líder do Partido Liberal Democrático (LDP) e provável novo primeiro-ministro, na sede da legenda, em Tóquio - Du Xiaoyi - 29.set.21/Xinhua

Além de Kishida e Kono, também concorreram ao título as ex-ministras de Assuntos Internos Sanae Takaichi e Seiko Noda. As duas foram eliminadas no primeiro turno —o que, segundo analistas, indica que o Japão ainda patina em termos de equidade de gênero, principalmente na política.

Kishida, como novo líder, pode determinar a dissolução do Parlamento, cujo mandato atual se encerra no dia 21 de outubro, e convocar eleições antecipadas —o pleito está marcado para 28 de novembro. Segundo relatos feitos por executivos do LDP à imprensa japonesa, a expectativa é a de que a Dieta seja dissolvida em meados de outubro e a eleição geral antecipada para o dia 7 ou 14 de novembro.

A prática, relativamente comum, é vista como um teste da popularidade de novos premiês e de sua base de apoio. As projeções mais recentes sugerem que o LDP deve manter a liderança, mas pode perder a maioria absoluta na Câmara, o que enfraqueceria o governo.

Menos popular que o "ministro da vacina" que conseguiu derrotar, Kishida recebeu apoio de nomes importantes do partido, o que ajudou a lhe garantir a vitória. Em sua primeira entrevista após a divulgação do resultado, abordou temas considerados populistas, como a necessidade de forjar um "novo tipo de capitalismo".

“Não podemos alcançar um crescimento forte se a riqueza estiver concentrada nas mãos de um pequeno grupo de pessoas”, disse o provável futuro premiê, defendendo a necessidade de criar um “ciclo virtuoso” de crescimento e distribuição de riqueza.

O discurso, em certa medida, é antagônico a medidas criadas por Abe e seguidas por Suga. A "Abenomics" —um neologismo que mescla o nome do ex-premiê e o termo em inglês para economia— impulsionou o crescimento do Japão com uma combinação de políticas fiscais e monetárias expansionistas.

Assim, os preços das ações e os lucros corporativos dispararam, mas a riqueza das famílias encolheu porque as empresas relutaram, por exemplo, em aumentar salários.

Kishida diz que planeja corrigir essas disparidades por meio de um pacote de reformas tributárias, além de programas de auxílio a moradia e educação para famílias de renda média. O novo líder disse ainda que, até o final deste ano, deve compilar um pacote de estímulos avaliado em 30 trilhões de ienes (R$ 1,46 trilhão).

Em outras questões sociais, é improvável que Kishida traga alguma grande mudança, já que as prioridades do Japão incluem as maneiras de lidar com uma China cada vez mais assertiva e a recuperação econômica dos impactos do coronavírus. O novo líder não apoia, por exemplo, a proposta que reconheceria o casamento entre pessoas do mesmo sexo —uma das bandeiras de Kono, seu adversário.

CONHEÇA FUMIO KISHIDA

Ex-chanceler e deputado de Hiroshima, era considerado o provável herdeiro de Shinzo Abe, mas ficou em segundo lugar, atrás de Yoshihide Suga, na última votação interna pela liderança do partido, em grande parte devido à baixa classificação em pesquisas eleitorais.

Regionalmente, considera uma opção a aquisição de capacidade bélica para atacar bases inimigas, uma vez que a Coreia do Norte vem aumentando a pressão com seu programa nuclear. Também apoia uma resolução parlamentar para condenar os abusos cometidos pela China contra a minoria uigur em Xinjiang —o que Pequim nega— e pede que um assessor seja nomeado para monitorar a situação na região.

O provável novo primeiro-ministro vê a energia nuclear no Japão como uma opção importante para garantir um fornecimento estável e acessível, enquanto o país se esforça para alcançar o objetivo de neutralizar as emissões de carbono até 2050.

Para melhorar a resposta à Covid-19, Kishida pede o estabelecimento de uma nova agência governamental para supervisionar a gestão da crise sanitária e apoiar o desenvolvimento nacional de vacinas e medicamentos contra o coronavírus.

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