Descrição de chapéu partido democrata

Jornalista diz ter sido assediada por âncora da CNN irmão de ex-governador de NY

Chris Cuomo aconselhou irmão durante escândalo de abusos sexuais que o levou a renunciar

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São Paulo

A jornalista americana Shelley Ross acusou de assédio sexual o apresentador da CNN Chris Cuomo, que foi seu colega e subordinado em outra emissora duas décadas atrás.

Ele é irmão do ex-governador de Nova York Andrew Cuomo e foi um de seus conselheiros quando o político, envolvido em um escândalo de abusos sexuais, acabou obrigado a renunciar.

Em um texto publicado nesta sexta (24) na seção de Opinião do jornal The New York Times, Ross afirma que Cuomo a assediou em 2005 durante uma festa de despedida de um colega da rede ABC, na qual ambos trabalhavam. “Quando o sr. Cuomo entrou no bar, ele andou em minha direção, me cumprimentou com um forte abraço enquanto baixou uma mão e firmemente agarrou e apertou minha nádega”, escreveu.

O apresentador da CNN Chris Cuomo, acusado de assédio sexual por uma ex-colega
O apresentador da CNN Chris Cuomo, acusado de assédio sexual por uma ex-colega - Mike Segar-15.mai.19/Reuters

A jornalista tinha acabado de deixar o cargo de produtora-executiva do programa Primetime Live, do qual Cuomo era um dos âncoras, e estava em outra função na empresa. “Posso fazer isso agora que você não é mais minha chefe”, disse ele, segundo o Ross, que o empurrou e respondeu: “Não, você não pode”.

Segundo o relato, depois disso ela mostrou a Cuomo que o marido estava com ela na festa. A jornalista também publicou a cópia de um email enviado por ele, intitulado “agora que penso nisso… estou envergonhado”. Na mensagem, Cuomo diz que a saudação foi um sinal de que estava feliz ao vê-la, mas que pedia desculpas ao marido dela e a ela por “colocá-la nessa posição”.

Ele também cita o caso de Christian Slater, que tinha sido preso por um ato similar, dizendo que, diferentemente do ator, não teve “intenção negativa” em relação a Ross.

“Minha pergunta hoje é a mesma daquela época: ele estava de fato envergonhado do que fez ou constrangido porque meu marido viu?”, questiona a jornalista no artigo.

Ela também conta dois episódios que considera serem provocações de Chris Cuomo, ocorridos no mês passado, após vir à tona a investigação contra o então governador de Nova York por abusos sexuais.

No primeiro deles, o apresentador disse aos telespectadores de seu programa na CNN que ele não entrevistaria mais seu irmão, como fez frequentemente em outros momentos, e completou: “Eu sempre me preocupei muito profundamente a respeito dessas questões. Só queria dizer isso a vocês”.

No segundo episódio, no último dia 6, Chris Cuomo apareceu em público com uma camiseta com a palavra “verdade”, um mês após o escândalo envolvendo o ex-governador. Ross afirma que, enquanto outras pessoas próximas a Andrew Cuomo perderam seus empregos ou enfrentaram consequências por terem permitido ou facilitado os abusos cometidos por ele, seu irmão e a CNN parecem ter superado o episódio.

Em maio, quando o âncora se desculpou por ter feito parte de discussões sobre estratégias do governador para enfrentar a crise enquanto era investigado, a emissora disse que as conversas foram “inapropriadas”.

Ross diz que não quer que ele perca o emprego, mas que use sua influência para abordar a temática do assédio sexual e lutar por mudanças. Questionado sobre a acusação, Chris Cuomo respondeu ao New York Times nesta quinta-feira (23) que a interação entre ele e Ross “não foi de natureza sexual” e aconteceu 16 anos atrás em um lugar público.

“Eu pedi desculpas a ela na época e eu fui sincero”, completou.

Ex-governador renunciou após escândalo

Andrew Cuomo era governador desde 2011 do quarto estado mais populoso dos Estados Unidos.

No dia 3 de agosto, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, divulgou os resultados de um inquérito de cinco meses, no qual concluiu que o político havia assediado sexualmente 11 mulheres e violado leis estaduais e federais enquanto criava um “clima de medo” no ambiente de trabalho.

A investigação revelou que o democrata apalpou, beijou e abraçou mulheres sem consentimento e fez comentários inapropriados em conversas com elas. Diversas autoridades, inclusive o presidente Joe Biden e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, manifestaram-se dizendo que Cuomo deveria renunciar.

Ao deixar o cargo, em um discurso de 20 minutos transmitido ao vivo, o democrata negou que tenha cometido crimes, embora tenha dito que aceita "total responsabilidade" por ter ofendido mulheres em meio ao que caracteriza como tentativas mal sucedidas de ser afetuoso. O ex-governador alegou também que devem ser observadas as motivações políticas por trás da pressão para que renunciasse. ​

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