Descrição de chapéu África

Militar considerado 'arquiteto' do genocídio de Ruanda morre em prisão no Mali

Theoneste Bagosora cumpria pena por crimes contra humanidade; 800 mil morreram no massacre

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Bamaco (Mali) | Reuters

Um ex-coronel do exército de Ruanda, acusado de ser o mentor do massacre de 800 mil pessoas durante o genocídio de 1994, morreu na prisão no Mali, informaram autoridades do país neste sábado (25).

Theoneste Bagosora cumpria pena de 35 anos, depois de ser considerado culpado de crimes contra a humanidade pelo então Tribunal Penal Internacional para Ruanda. Sua sentença inicial havia sido a prisão perpétua, mas foi revista mais tarde.

Theoneste Bagosora no tribunal em 2008 - Tony Karumba - 18.dez.08/AFP

"Ele tinha mais de 80 anos, estava gravemente doente, com problemas cardíacos. Foi hospitalizado várias vezes e passou por três cirurgias", disse à agência Reuters um oficial da administração penitenciária de Mali.

Os promotores acusaram Bagosora, à época diretor de gabinete do Ministério da Defesa, de assumir o controle dos assuntos militares e políticos no país da África Central depois que o presidente Juvenal Habyarimana foi morto quando seu avião foi abatido, em 1994.

O tribunal com base na Tanzânia acusou Bagosora de estar no comando das tropas e da milícia Interahamwe Hutu, que matou cerca de 800 mil tutsis e hutus moderados em 100 dias.

O general canadense Romeo Dallaire, chefe das forças de manutenção da paz das Nações Unidas durante o genocídio, descreveu Bagosora como o "chefão" por trás dos assassinatos e disse que o ex-coronel havia ameaçado matá-lo.

Sua morte se dá na mesma semana em que outra figura que se tornou conhecida após o genocídio em Ruanda voltou ao noticiário.

Na segunda (20), o ex-gerente de hotel retratado no filme "Hotel Ruanda", Paul Rusesabagina, 67, foi condenado a 25 anos de prisão depois de ter sido considerado culpado de integrar um grupo responsável por ataques terroristas.

Representado pelo ator Don Cheadle no filme que obteve três indicações ao Oscar, em 2005, Rusesabagina é um crítico vocal do presidente de Ruanda, Paul Kagame. Ele negou todas as acusações e disse que foi sequestrado em Dubai para ser levado ao julgamento.

O filme "Hotel Ruanda" o retratou como o gerente de um hotel cinco-estrelas onde 1.268 pessoas se abrigaram para escapar do genocídio de 1994 na capital do país. Estima-se que extremistas da etnia hutu mataram mais de 800 mil tutsis, além de hutus moderados.

Paul Rusesabagina é algemado por um policial, após sua sessão de pré-julgamento no tribunal primário de Kicukiro, em Kigali, Ruanda - 14.set.20/AFP

No julgamento, ele reconheceu ter um papel de liderança no Movimento para a Mudança Democrática de Ruanda (MRCD, na sigla em francês), um grupo que se opõe ao governo de Kagame, mas negou responsabilidade pela violência cometida por seu braço armado, a Frente de Libertação Nacional (FLN).

Entre outros réus julgados no mesmo processo está Callixte Nsabimana, popularmente conhecido como Sankara, que era um porta-voz da FLN e afirmou ao tribunal que Rusesabagina não era membro do braço armado. Os juízes, no entanto, afirmaram que os dois grupos são indistinguíveis e se referiram a eles como MRCD-FLN. Sankara foi condenado a 20 anos de prisão.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.