Descrição de chapéu 11 de setembro terrorismo

Nos 20 anos do 11 de Setembro, cerimônia deve irradiar união volátil em país dividido

Com EUA polarizados e em crises interna e externa, efeméride dos atentados tem menos significado

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Nova York

Às 8h46 locais deste sábado (11), familiares de 2.977 vítimas começarão a ler os nomes de todos os mortos no maior ataque terrorista em solo americano, na data que marca os 20 anos do 11 de Setembro. Será o primeiro de vários eventos pelo país.

Por 102 minutos, o tempo transcorrido entre o primeiro avião atingir a torre norte do World Trade Center e este prédio desabar, após o colapso da torre sul, Nova York irradiará um momento de união volátil em um país cada vez mais dividido.

Homenagem com bandeira americana é colocada no memorial do 11 de Setembro nesta sexta, em Nova York - Carlos Barria - 10.set.21/Reuters

A polarização política, fruto de anos de distanciamento do centro dos partidos Democrata e Republicano e da radicalização do segundo, exacerbada pela trágica passagem de Donald Trump pela Presidência americana (2017-2021), dá seus frutos também na pandemia.

Apesar de contarem com vacinas contra a Covid suficientes para inocular três vezes sua população inteira de 328 milhões de pessoas, os Estados Unidos estacionaram nos 54% dos vacinados com o esquema completo e nos 63% com uma dose —no Brasil, aos trancos e barrancos e com o boicote do governo federal, os números são respectivamente de 33% e 66%.

São 658 mil mortos em decorrência do coronavírus (ante 585 mil no Brasil). Só na cidade de Nova York, a semana de 5 de abril de 2020, a mais letal até agora, matou 5.319 residentes, ou quase duas vezes os mortos no World Trade Center.

A estagnação na vacinação e o consequente aumento nos números de casos de infectados com a disseminação da variante delta fizeram o governo de Joe Biden apertar o torniquete em medidas de obrigatoriedade de vacinação —como as anunciadas nesta quinta (9), que atingem 100 milhões de americanos. Os republicanos prometem processar o presidente democrata por elas.

A situação não é melhor no front externo. A homenagem deste sábado acontece semanas depois de uma saída desastrosa dos americanos do Afeganistão, 20 anos depois de uma guerra que custou US$ 2,3 trilhões e devolveu o país ao mesmo grupo que o comandava antes, o Talibã —que dava guarida a Osama bin Laden, o casus belli original.

Pesquisa conduzida por ABC News e The Washington Post mostra que 49% dos americanos se sentem hoje mais seguros em relação a ataques terroristas que antes do 11 de Setembro. Há dez anos, a porcentagem era de 64%. O levantamento foi feito por celular com 1.006 adultos, de 29 de agosto a 1º de setembro, e tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais.

“O 20º aniversário do 11 de Setembro tem menos significado para um país que em grande parte superou os desafios do início dos anos 2000 e agora vive em um estado de segurança permanente e com uma postura permanente de intervenção suave nos países do Oriente Médio, na forma da guerra dos drones, ainda em andamento, embora mais limitada”, diz à Folha Jon Lieber, diretor-gerente do grupo de consultoria Eurasia, em Washington.

Ao mesmo tempo, afirma, os EUA vivem em estado de vigilância por parte de empresas de tecnologia, que mudaram as regras sobre privacidade de maneira que era inconcebível em 2001.

“Com o fim da guerra do Afeganistão, a Era Pós-11 de Setembro chega ao fim e dá lugar a uma nova, pós-crise financeira, que é altamente polarizada e extremamente online e definirá a política e a sociedade americanas.”

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