Sete pessoas ficaram feridas na Nova Zelândia, três das quais em estado grave, após um homem esfaqueá-las em um centro comercial nesta sexta-feira (3), em um ato que a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, classificou como de apoio ideológico ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI).
De acordo com Jacinda, o agressor, um cidadão do Sri Lanka que estava em território neozelandês desde 2011, vinha sendo monitorado pela segurança do país havia ao menos cinco anos. O homem, não identificado, foi morto pela polícia pouco após o ataque, realizado na cidade de Auckland.
"Um extremista violento empreendeu um ataque terrorista contra inocentes na Nova Zelândia", afirmou Jacinda. "O que aconteceu hoje foi desprezível, odioso e errado." Ela acrescentou que o episódio deve ser compreendido como um ato individual, não um exemplo de fé ou cultura.
Uma testemunha do ataque disse ao jornal local New Zealand Herald que o agressor gritou "Allahu akbar" (Deus é maior, em árabe) no momento do ataque. Outra pessoa que estava presente afirmou que o homem estava "correndo como um lunático". "Tudo o que ouvi foram muitos gritos."
Segundo o comissário de polícia Andrew Coster, o homem agia sozinho e não há mais ameaças de novos atos. Ele vinha sendo seguido por policiais, e por isso foi possível interromper o ataque em cerca de um minuto, acrescentou o oficial. "Isso mostra o quão de perto o estávamos observando."
Os motivos pelos quais o agressor vinha sendo monitorado pelo governo neozelandês estão sob sigilo judicial, segundo Jacinda. Questionada sobre o que levou o homem a permanecer em liberdade, mesmo sendo considerado uma ameaça à segurança nacional, a primeira-ministra disse que ele não havia cometido crimes e que, portanto, não poderia estar na prisão. "Ele estava sendo constantemente monitorado e seguido."
Informações obtidas pelo New Zealand Herald revelam que o agressor era um homem de 32 anos, identificado apenas por "S", e que foi preso pela polícia havia pouco tempo por supostamente planejar um ataque terrorista do tipo "lobo solitário" —quando o atentado é organizado por indivíduos sem relação hierárquica com organizações terroristas, mesmo que compartilhem das ideologias extremistas.
Ainda segundo informações do jornal, o homem teria sido considerado uma ameaça após comprar, em duas ocasiões, facas de caça grandes e por possuir vídeos do Estado Islâmico.
Auckland, onde o ataque ocorreu, lida com um novo surto de coronavírus impulsionado pela variante delta e está sob lockdown rigoroso, com apenas supermercados e outros negócios de serviços essenciais abertos.
Considerada um exemplo no combate à pandemia, a Nova Zelândia assiste a um repique de casos da doença. O país, que estava virtualmente livre do vírus havia seis meses, sem registrar casos de transmissão local e com um cenário parecido ao do mundo pré-Covid, viu a situação mudar em 7 de agosto, quando um passageiro contaminado de Sydney desencadeou o surto atual.
O ataque desta sexta revive memórias traumáticas no país. Há pouco mais de dois anos, em março de 2019, ataques a tiros em duas mesquitas na cidade de Christchurch deixaram 51 mortos e ao menos 42 feridos por tiros, inclusive crianças. O massacre foi transmitido ao vivo durante 17 minutos no Facebook pelo atirador, que publicou um manifesto após o ataque, no qual chamou imigrantes de "invasores".
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