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Tropa da Belarus empurra com escudos imigrantes para a União Europeia; veja vídeo

Regime diz não ter usado força e apenas devolvido imigrantes que Lituânia havia feito passar pela fronteira

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Bruxelas

De balaclava, capacete e escudos de metal nas mãos, tropas belarussas avançaram sobre um grupo de 13 imigrantes na "zona de ninguém" entre a Belarus e a Lituânia, gritando “levantem-se”, “vamos, avancem”, mostra vídeo divulgado nesta quinta (2) pelo Serviço Nacional de Guarda da Fronteira da Lituânia (VSAT).

Segundo o órgão, os agentes queriam forçar os estrangeiros a entrarem na Lituânia, na região do distrito de Svencionys (50 km a nordeste da capital, Vilnius). O grupo foi impedido de cruzar a fronteira da União Europeia, disse o VSAT, mas outros dois foram localizados nesta quinta na região entre fronteiras.

A ditadura belarussa não negou a ação de seus agentes registrada no vídeo, mas afirmou que foi a Lituânia que levou os estrangeiros para a fronteira e os forçou a entrar em suas terras.

Em uma rede social, o Comitê de Fronteira da Belarus afirmou que as imagens deixam claro que os imigrantes não queriam entrar no país, já que estão parados na zona entre fronteiras mesmo sem a presença de guardas. “Prova que não pretendiam seguir para o território do nosso país”, afirma o comitê, segundo o qual o grupo ficou oito dias na zona intermediária e “avançou para o interior da Lituânia”.

Também segundo a ditadura, “o vídeo deixa claro que o lado belarusso não recorreu a força física contra os refugiados”. Já o VSAT diz que os estrangeiros queriam ir novamente à Belarus para, de lá, tentar regressar a seus países de origem. A Lituânia diz que o grupo entrou em território belarusso após receberem água e comida de seus guardas.

A troca de acusações faz parte de uma crise internacional provocada pela ditadura de Aleksandr Lukachenko. Relatos de entidades internacionais, governos europeus e alguns imigrantes dão conta de que o país atrai imigrantes e os incentiva a cruzar de forma irregular as fronteiras da União Europeia, na Lituânia, na Letônia e na Polônia.

Em um primeiro levantamento divulgado nesta quinta pela OIM (agência da ONU para imigrações), que entrevistou cem requerentes de asilo, mais da metade disse ter vindo para a Lituânia por ter ouvido que a entrada no país era facilitada.

O país báltico acusa Lukachenko de divulgar esses boatos. A Lituânia é vista como a principal rival do regime, porque abrigou a principal candidata independente da eleição presidencial de 2020, Svetlana Tikhanovskaia, quando ela foi forçada a se exilar.

Desde o pleito, não reconhecido pela UE, o ditador já sofreu quatro rodadas de sanções do bloco europeu, além de restrições semelhantes dos EUA, do Reino Unido e do Canadá.

Os países ocidentais querem que ele solte presos políticos, interrompa a repressão a seus críticos e convoque novas eleições livres e justas. O ditador, por sua vez, nega fraude nas eleições e afirma que os protestos por sua renúncia são fomentados por países rivais, para desestabilizá-lo.

Lukachenko havia ameaçado publicamente relaxar os controles de passagem de imigrantes, mas nega que os esteja usando deliberadamente para atacar a União Europeia.

O número de estrangeiros vindos da Belarus que tentam entrar irregularmente nos três vizinhos da UE se multiplicou várias vezes nos últimos meses, levando nesta quinta a Polônia a decretar estado de emergência na região de fronteira. Os três países também começaram a construção de cercas de arame farpado e concertina em suas divisas com o território belarusso.

De acordo com dados lituanos, 4.146 estrangeiros entraram pela fronteira com a Belarus neste ano, mais da metade deles em julho. Em agosto, o país baixou um decreto para impedir a entrada em seu país. As estimativas são de que desde então cerca de 5.000 pessoas tenham sido impedidas de passar.

Dos que entraram, 1.200 são mulheres, das quais 22 estão grávidas. Nesta quinta, uma das imigrantes deu à luz o primeiro bebê nascido em solo lituano durante essa crise. O governo afirmou que mãe e filho serão alojados em uma escola adaptada como Centro de Recepção de Refugiados.

Uma das preocupações do governo lituano é construir instalações para os imigrantes antes do rigoroso inverno europeu —as temperaturas no país se aproximam de zero já a partir de outubro. Há 1.300 menores de idade nos campos, dos quais 200 têm menos de três anos, e alguns ainda estão alojados em tendas.

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