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Vulcão nas Ilhas Canárias destrói cerca de 100 casas e força retirada de 5.000 pessoas

Cumbre Vieja, em La Palma, cria 'rios' de lava que fluem para o mar; possibilidade de mortes é remota

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La Palma (Espanha) | Reuters

A primeira erupção vulcânica em 50 anos nas Ilhas Canárias destruiu cerca de cem casas e forçou a retirada de 5.000 pessoas, incluindo 500 turistas, disseram autoridades nesta segunda-feira (20).

O vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, entrou em erupção neste domingo (19), lançando lava a centenas de metros no ar, cobrindo casas e florestas, e criando "rios" de rocha derretida que fluem em direção ao Oceano Atlântico.

Não houve relatos de feridos ou mortos. Segundo vulcanologistas, é improvável que haja fatalidades, a menos que alguém se comporte de maneira imprudente. As autoridades locais disseram estar esperançosas de que não precisarão evacuar mais pessoas.

Casa incendiada devido à erupção do vulcão Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias - Borja Suarez - 20.set.21/Reuters

"A lava está se movendo em direção à costa, e os danos serão materiais. De acordo com especialistas, existem cerca de 17 milhões a 20 milhões de metros cúbicos de lava", disse o presidente regional das Canárias, Ángel Víctor Torres, à rádio Cadena Ser.

Inicialmente, Torres afirmou que a previsão era de que o fluxo de lava alcançasse o mar por volta das 20h no horário local (16h, em Brasília). Na tarde desta segunda, autoridades locais informaram que a lava havia avançado mais devagar do que o previsto e que, provavelmente, não chegará ao oceano Atlântico nesta noite.

Quando isso acontecer, segundo o Instituto de Vulcanologia das Canárias, pode haver a formação de uma nuvem de gases tóxicos à medida que a rocha derretida se resfrie.

Prevendo visibilidade reduzida na região, as autoridades marítimas suspenderam o transporte marítimo a oeste da ilha.

Segundo o presidente do conselho de La Palma, Mariano Hernandez, a erupção destruiu cerca de cem casas até agora. O prefeito Sergio Rodriguez contabilizou ao menos 20 construções tomadas pela lava, além de trechos de estradas. Em entrevista à emissora TVE, Rodriguez disse que o fluxo continuava se espalhando por aldeias vizinhas e colocando outras centenas de pessoas em risco.

Apesar das dimensões da destruição, a ministra do Turismo espanhol, Reyes Maroto, minimizou o impacto da erupção, a qual chamou de "show maravilhoso", e disse que o fenômeno deve ser visto como uma oportunidade para atrair visitantes às Ilhas Canárias.

"A ilha está aberta. Se o seu hotel for afetado, encontraremos outro para você. Aproveite esta oportunidade para curtir o que a natureza nos trouxe", disse a ministra durante entrevista à rádio Canal Sur.

Os comentários de Maroto geraram críticas imediatas. Em uma publicação no Twitter, Teodoro Garcia Egea, secretário-geral do Partido Popular, de oposição ao governo, escreveu: "Alguém pode confirmar se a ministra disse isso enquanto centenas de pessoas estão perdendo tudo o que têm?".

O espaço aéreo ao redor das Canárias permaneceu aberto sem problemas de visibilidade. Uma companhia aérea local chegou a cancelar quatro voos, mas disse que os serviços seriam retomados nesta segunda.

A ilha de La Palma estava em alerta máximo depois que milhares de tremores foram registrados ao longo de uma semana nos arredores do Cumbre Vieja. Trata-se de uma das regiões vulcânicas mais ativas das Canárias, que registrou uma grande erupção em 1971.

Na ocasião, um homem morreu enquanto tirava fotos perto dos fluxos de lava. Há dez anos, uma erupção submarina foi registrada, mas sem danos significativos.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, chegou a La Palma neste domingo para acompanhar o trabalho das autoridades regionais. O premiê procurou tranquilizar a população, dizendo que eles podiam "descansar", e deve visitar as áreas mais afetadas nesta segunda.

Os tremores na região do Cumbre Vieja, que chegaram à magnitude 4, também deram origem a rumores de que a atividade sísmica poderia formar tsunamis com potencial para atingir o Brasil.

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, no entanto, a possibilidade é remota, já que as Ilhas Canárias estão longe demais para causar impactos destrutivos na costa brasileira.

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