Aposentado instala câmeras escondidas para filmar entrada ilegal de migrantes nos EUA

Equipamentos supostamente registram movimento na fronteira do México com o Arizona

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Belo Horizonte

Um aposentado do Arizona espalhou 20 câmeras na região em que o estado americano faz fronteira com o México para detectar o movimento de coiotes, migrantes tentando entrar no país e grupos de contrabandistas. Nesta terça-feira (19), a Fox News –emissora de linha conservadora– divulgou imagens gravadas pelo homem.

Os vídeos também foram publicados pelo aposentado em um site e mostram pessoas cruzando áreas remotas, durante o dia e a noite, ora em áreas de mata fechada, ora em campos mais abertos. A maioria dos supostos migrantes usa roupas e mochilas verdes, em busca de camuflagem, e, de acordo com a descrição de parte dos vídeos, algumas pessoas filmadas parecem carregar armas.

Supostos migrantes cruzando a fronteira do México com os EUA filmados por câmera instalada por aposentado - Reprodução Fox News

Há vídeos que supostamente exibem as reações de pessoas ao escutar o barulho de veículos —todos se jogam no chão quase que simultaneamente para evitar que sejam vistos. Em outros, o último da fila passa arrastando um cobertor, de forma a cobrir as pegadas dos que vinham a sua frente.

Alguns registros, segundo o que foi apresentado na Fox News, ainda exibem caminhonetes recebendo grupos para levá-los a esconderijos em Phoenix, capital do Arizona, ou a San Diego, na Califórnia.

As imagens teriam sido gravadas durante os últimos dois anos, o que indicaria um fluxo contínuo na região, independentemente da estação ou do clima. Não está claro se mais alguém, além do aposentado, tem conhecimento da instalação dos equipamentos.

“Eu moro na fronteira há anos e estava tudo bem. Agora eles nos invadiram", disse à Fox News o aposentado que instalou as câmeras. "Eu não sou uma pessoa preconceituosa, mas quando você tem o CBP [Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras, que patrulha a região] perseguindo pessoas em sua terra, você tem que se perguntar quando isso está acontecendo.”

Ele pediu para não ter sua identidade revelada, para, segundo ele, garantir sua segurança e impedir que coiotes, contrabandistas ou ativistas de direitos dos migrantes descubram a localização das câmeras.

Os EUA enfrentam nesse momento uma nova crise migratória, concentrada na fronteira do México com o Texas. Na região eclodiram episódios recentes como um acampamento improvisado com mais de 10 mil haitianos sob uma ponte e as imagens de agentes de fronteira a cavalo usando rédeas para ameaçar migrantes.

O Brasil é um dos países centrais na questão. Depois de um fluxo reduzido em 2020, quando muitas nações impuseram restrições a viagens para frear a disseminação do coronavírus, a quantidade de brasileiros tentando entrar de forma ilegal nos EUA explodiu neste ano.

De acordo com dados do CBP, foram mais de 47 mil apreensões entre outubro de 2020 e setembro de 2021. Segundo os números federais, só em agosto 9.000 pessoas foram presas na travessia do México para os EUA.

Algumas autoridades americanas afirmam agora que um número crescente de pessoas têm tentado entrar no país pelo Arizona.

De acordo com a reportagem da Fox News, no ano fiscal de 2020 o setor de imigração do condado de Yuma, no estado, apreendeu 8.069 imigrantes em situação irregular. Já até agosto de 2021, foram 91.841. Em setembro, a patrulha de fronteira da região informou que deteve um grupo de 140 brasileiros.

Na semana passada , o senador republicano Lindsey Graham (Carolina do Sul) destacou em entrevista, também à Fox, o movimento no Arizona. Na ocasião, ele disse, sem apresentar qualquer prova que corroborasse a acusação, que dezenas de milhares de brasileiros ricos estão entrando ilegalmente nos EUA com “roupas de grife e bolsas da Gucci”.

"Tivemos 40 mil brasileiros vindo somente para o setor [de imigração] de Yuma, indo para Connecticut, usando roupas de grife e bolsas da Gucci. Isso não é mais uma imigração econômica. As pessoas veem que os EUA estão abertos e tiram vantagem de nós, e não vai demorar muito para que terroristas sejam vistos nessa multidão", afirmou.

No mês passado, uma brasileira endividada morreu sem assistência no deserto após ser abandonada por um coiote ao tentar cruzar a fronteira.

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