Descrição de chapéu Diplomacia Brasileira G20

Bolsonaro é chamado de 'genocida' e 'mito' em caminhada em Roma

Presidente voltou a sair pelas portas do fundo da embaixada e viu Vaticano 'pelo lado de fora', segundo o general Heleno

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Roma

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a provocar aglomerações no final da tarde deste sábado (30) em Roma, ao sair para um novo passeio a pé pelas portas do fundo da embaixada do Brasil, no centro da capital italiana, onde ele está para participar da cúpula do G20.

O passeio pelas ruas da cidade durou cerca de 30 minutos. Segundo o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete da Segurança Institucional, que estava com o grupo, eles viram o Vaticano "do lado de fora" e conversaram com pessoas que estavam na rua. Rede social do presidente publicou um vídeo dele nos arredores da basílica de São Pedro.

Na volta, a comitiva do presidente, que incluía ministros como Walter Souza Braga Netto, da Defesa, foi recebido por manifestantes contrários, que gritaram "Fora, Bolsonaro!" e "genocida".

Apoiadores do governo responderam aos gritos de "mito". Seguranças do presidente se aproximaram de brasileiros que protestavam contra o presidente, mas não impediram o protesto.

Na frente da embaixada também foram distribuídos cardápios de um fictício "Restaurante do Bolsonaro", com críticas ao governo brasileiro nas áreas ambiental, econômica, de direitos humanos e no combate à pandemia.

Embora o presidente tenha se declarado várias vezes contra a vacina anti-Covid, ele citou a campanha de imunização como uma das conquistas de seu governo no discurso que fez aos líderes na cúpula.

"No Brasil, mais da metade da população nacional já está plenamente imunizada de forma voluntária. Mais de 94% da população adulta já recebeu pelo menos uma dose da vacina. Ao todo, aplicamos mais de 260 milhões de doses, das quais mais de 140 milhões foram produzidas em território nacional."

Mais de 100 milhões dessas vacinas produzidas no Brasil foram feitas pelo Instituto Butantan, na gestão do adversário político de Bolsonaro, o governador João Doria, do PSDB.

O presidente pode enfrentar protestos também na segunda (1º), quando viaja a Angillara Vêneta, cidade de seus ancestrais. A prefeitura da cidade vai homenageá-lo com título de cidadão honorário, o que já provocou reações: manifestantes jogaram esterco na sede da administração municipal.

Na tarde de sexta, o presidente também saiu a pé pela capital italiana, em um passeio organizado pelo deputado ítalo-brasileiro Luis Roberto Lorenzato, do partido xenófobo italiano Liga Norte.

Na terça, a convite de Bolsonaro, Matteo Salvini, líder da legenda, participará de evento em homenagem aos pracinhas brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial, em Pistoia.

O presidente brasileiro não falou sobre suas impressões da reunião de cúpula do G20, da qual participou ao lado de líderes como o presidente americano, Joe Biden, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron.

"Tenho observações de vários líderes, vou publicar logo mais e não vou dar juízo de valor. Escreveremos no máximo duas linhas de cada chefe de Estado [sic] que falou lá", disse Bolsonaro, confundindo as funções de chefe de Estado com as de chefe de governo —embora no Brasil o presidente acumule as duas, isso não ocorre em regimes parlamentaristas, e a cúpula do G20 reunia os chefes de governo.

Ao ser questionado sobre se apoiava um esforço para distribuir vacinas aos países menos desenvolvidos, para atingir a meta de 70% de imunizados no ano que vem, como propôs o premiê italiano Mario Draghi, Bolsonaro disse que "cada chefe falou uma coisa, e a conclusão depende de quem estiver lendo". "Qualquer juízo de valor da minha parte dá uma distorção enorme e críticas para cima da gente."

Ainda segundo o presidente, alguns dos líderes o "plagiaram" ao dizer que o mundo terá que conviver com a Covid: "A Índia falou que vai produzir 5 bilhões de vacinas neste ano, a China mais 2 bilhões. Outros chefes de Estado falaram, me plagiando, mas tudo bem, que vamos ter que conviver com o vírus por muito tempo, outros dizendo que a vacina tem que ser um bem universal, não pode ter lucro em cima dela".

O texto do discurso feito por Bolsonaro na cúpula do G20, porém, afirma: "Entendemos, portanto, caber ao G20 esforços adicionais pela produção de vacinas, medicamentos e tratamentos nos países em desenvolvimento".​

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