A Câmara Municipal de Nova York aprovou a remoção da estátua de Thomas Jefferson (1743-1826), que permaneceu na sala da diretoria por mais de cem anos, tirando do local a figura de um dos pais fundadores dos EUA e principal autor da Declaração de Independência devido a seu passado escravagista.
Nesta segunda (18), um comitê da Câmara votou por unanimidade pela retirada da representação da sala de reuniões. O terceiro presidente dos EUA, líder do país entre 1801 e 1809, possuiu mais de 600 escravos e, com uma delas, Sally Hemings, teve seis filhos.
Havia alguns anos vereadores de origem latina e negra já reivindicavam timidamente a retirada da homenagem. Após discussões, decidiu-se transferir a estátua para a Sociedade Histórica de Nova York.
"Jefferson representa algumas das partes mais vergonhosas da longa e cheia de matizes história do nosso país", disse a vereadora Adrienne Adams, que é negra, do Partido Democrata.
Nem todos, no entanto, concordam com a decisão. Sean Wilentz, professor de história dos EUA na Universidade Princeton, escreveu em uma carta lida pela comissão que "a estátua homenageia Jefferson especificamente por sua grande contribuição à América e à humanidade".
O debate sobre a estátua de Jefferson faz parte de um movimento nacional que surgiu na esteira da morte de George Floyd, um homem negro sufocado sob o joelho de um policial, e do Black Lives Matter.
Também se insere em um quadro de acentuada desigualdade racial, exposto pela pandemia da Covid-19, e do debate sobre se monumentos e símbolos dos confederados, que lutaram no lado que defendia a manutenção da escravidão durante a Guerra Civil americana, deveriam ser removidos.
Feita de gesso com base no modelo de bronze de Jefferson em exibição na Rotunda do Capitólio, em Washington, a estátua foi encomendada em 1833 por Uriah P. Levy, primeiro comodoro judeu da Marinha americana, para comemorar o apoio de um dos "pais da nação" à liberdade religiosa nas Forças Armadas.
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