CIA admite ter perdido informantes em operações que comprometem serviço secreto dos EUA

Segundo comunicação interna da agência, é crescente o número de agentes mortos, capturados ou aliciados por inimigos

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BAURU (SP)

Oficiais dos serviços de contraespionagem dos Estados Unidos alertaram todas as bases da CIA, agência de inteligência americana, sobre o crescimento no número de informantes no exterior que foram mortos, capturados ou aliciados por inimigos de Washington.

O conteúdo da mensagem ultrassecreta de circulação interna foi abordado em reportagem publicada pelo jornal The New York Times nesta terça (5). Segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pelo jornal, o alerta citou um número ainda não revelado de agentes executados por agências de inteligência rivais.

A mensagem deu destaque ainda às dificuldades que o serviço americano tem encontrado para recrutar informantes em "ambientes operacionais difíceis". De acordo com a reportagem, agências adversárias da CIA em países como Rússia, China, Irã e Paquistão identificaram agentes americanos nos últimos anos e, em alguns casos, os transformaram em agentes duplos.

Logotipo da CIA, agência de inteligência americana, na sede da instituição em Langley, no estado da Virgínia - Jason Reed/Reuters

No memorando interno, os oficiais reconhecem os avanços de outros países em tecnologias como scanners biométricos, reconhecimento facial, inteligência artificial e ferramentas de hacking que possibilitaram o rastreamento dos movimentos da CIA.

Em tese, a agência americana é a melhor do mundo em coleta e análise de dados ultrassecretos a partir de uma rede humana de informantes em vários países, mas as revelações da reportagem indicam, no mínimo, que os EUA têm enfrentado dificuldades para manter essa hegemonia.

Perder informantes em situações sensíveis para os interesses de Washington não é um problema novo, mas a comunicação da CIA demonstra que o cenário é mais urgente do que se sabia até agora.

Segundo pessoas ouvidas sob anonimato pelo New York Times, os principais alvos da mensagem eram agentes envolvidos no recrutamento de novos informantes e na verificação de fontes. Além disso, o memorando buscava estimular a CIA a pensar sobre medidas para aprimorar a gestão dos informantes.

"No fim das contas, ninguém está sendo responsabilizado quando as coisas vão mal com um agente", disse ao jornal americano o ex-agente da CIA Douglas London. "Às vezes, há coisas além do nosso controle, mas há ocasiões de descuido e negligência, e pessoas em cargos de chefia nunca são responsabilizadas."

Questionada pelo New York Times, uma porta-voz da CIA não quis comentar o caso.

Ex-funcionários da inteligência americana disseram à reportagem que as habilidades da agência em frustrar serviços adversários enferrujaram depois de décadas focando ameaças de terrorismo.

A mensagem especifica o número de agentes mortos ou presos por inimigos, mas não detalha a quantidade de informantes aliciados. Se transformadas em agentes duplos, essas pessoas são particularmente prejudiciais aos interesses dos EUA porque podem alimentar a CIA com informações distorcidas.

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