Descrição de chapéu Ásia talibã

Companhia aérea paquistanesa cita interferência talibã e suspende voos para Cabul

Grupo islâmico alertou que operações corriam risco de serem bloqueadas se preços não baixassem

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Islamabad (Paquistão) | Reuters

A companhia aérea Pakistan International Airlines (PIA) suspendeu a operação de seus voos para Cabul nesta quinta-feira (14) devido ao que chamou de forte interferência de autoridades talibãs.

A paralisação da aérea, a única internacional que operava voos regularmente para a capital afegã, ocorreu após uma ordem do governo do grupo fundamentalista islâmico para reduzir os preços das passagens para os mesmos praticados antes da tomada do poder pelo Talibã, em meados de agosto.

Combatente talibã monitora aeroporto durante decolagem de voo da Pakistan International Airlines
Combatente talibã monitora aeroporto durante decolagem de voo da Pakistan International Airlines - Karim Sahib - 13.set.21/AFP

Mais cedo, o Talibã alertou a PIA e a afegã Kam Air que as operações corriam risco de serem bloqueadas caso as empresas não concordassem em reduzir os preços —que subiram vertiginosamente, a patamares fora do poder de compra de muitos afegãos.

As passagens de Islamabad para Cabul pela PIA, segundo agências de viagens na capital do Afeganistão, chegam a ser vendidas por US$ 2.500 (R$ 13,8 mil), um salto dos valores de US$ 120 a US$ 150 (R$ 662 a R$ 827) praticados anteriormente.

A disponibilidade de voos entre os dois países foi severamente impactada desde que o aeroporto em Cabul foi reaberto após a caótica retirada das tropas militares ocidentais.

Funcionário de uma empresa farmacêutica, Abdullah, 26, disse à agência de notícias Reuters que os voos da PIA têm sido uma pequena janela de oportunidade para afegãos que tentam deixar o país.

“Estamos realmente precisando desses voos. As fronteiras estão fechadas e, se o aeroporto for fechado, será como se estivéssemos todos em uma jaula.”

A companhia aérea paquistanesa, que tem operado voos fretados em vez de comerciais, disse ter mantido a rota por motivos humanitários. Segundo a empresa, os preços de seguro para os deslocamentos chegam a US$ 400 mil, já que Cabul é considerada uma zona de guerra pelas seguradoras.

A Kam Air, por sua vez, ainda não se pronunciou sobre o alerta talibã.

A PIA disse ainda que, desde a tomada talibã, seus funcionários em Cabul têm enfrentado mudanças de última hora nos regulamentos e permissões de voo, além de um comportamento intimidador por parte dos comandantes do grupo islâmico.

A empresa também relatou que seu representante no país foi mantido sob a mira de uma arma por horas em um incidente e só foi libertado depois da intervenção da embaixada do Paquistão em Cabul.

Com a crise econômica aumentando as preocupações sobre o futuro do Afeganistão sob o Talibã, tem havido uma forte demanda por voos, agravada pelos repetidos problemas nas travessias da fronteira terrestre para o Paquistão.

Desde sua reabertura neste mês, a principal agência que emite passaportes em Cabul tem sido cercada por pessoas que tentam obter documentos de viagem. Os voos também foram usados por autoridades internacionais e trabalhadores humanitários que viajam para Cabul.

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