Conheça todos os vencedores do Prêmio Nobel da Paz desde 1901

Organização tem homenageado figuras que lutam por democracia, direitos humanos e desarmamento

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A ativista iraniana dos direitos humanos Narges Mohammadi, 51, venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2023. O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (6) pelo comitê norueguês do Nobel.

A premiada se junta a uma lista que tem instituições como Cruz Vermelha, IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e Unicef; e nomes como Malala Yousafzai, Jimmy Carter, Martin Luther King e Nelson Mandela. A distinção, em reconhecimento a feitos em prol da humanidade, é entregue desde 1901.

No ano passado, os premiados foram o ativista belarusso Ales Bialiatski, o Memorial, grupo de direitos humanos da Rússia, e o Centro para Liberdades Civis da Ucrânia. A láurea às duas organizações e ao líder cívico dialoga diretamente com o avanço do autoritarismo no entorno russo e com a Guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, algo que já vinha sendo aventado antes do anúncio.

Medalhas do Nobel são exibidas no laboratório de Alfred Nobel, em Karlskoga, na Suécia
Medalhas do Nobel são exibidas no laboratório de Alfred Nobel, em Karlskoga, na Suécia - Jonathan Nackstrand - 16.set.21 / AFP

Inicialmente, o Prêmio Nobel englobava mais quatro categorias, além da condecoração pela paz: literatura, química, física e medicina. Uma sexta —economia— foi adicionada décadas mais tarde, em 1969.

Até a metade do século 20, os vencedores da categoria paz eram "políticos ativos que procuravam promover a paz internacional, a estabilidade e a justiça por meio da diplomacia e de acordos internacionais", segundo a premiação.

Desde o fim da Segunda Guerra, o prêmio passou a reconhecer esforços nas áreas de desarmamento, democracia e direitos humanos. Na virada para o século 21, o foco passou a contemplar também iniciativas de combate e mitigação a mudanças climáticas causadas pelo homem.

Entregue apenas a pessoas vivas, a láurea nasceu para cumprir o testamento do químico e inventor Alfred Nobel. O curioso é que, em vida, o sueco ficou conhecido por ter inventado um artefato utilizado em guerras: a dinamite. Ele patenteou a invenção nos EUA em 1867, quando tinha 34 anos. Nas décadas seguintes, fez disso um negócio lucrativo, e no final da vida era dono de 355 patentes.

Pouco antes de morrer de hemorragia cerebral, aos 63, deixou em seu testamento que 94% de seus ativos deveriam ser destinados à criação de um fundo para premiar iniciativas que ajudassem a humanidade.



Veja a lista com todos os vencedores do Nobel da Paz

Segundo a justificativa oficial para o prêmio

2023: A ativista iraniana dos direitos humanos Narges Mohammadi pela luta contra a opressão das mulheres e por promover os direitos humanos e a liberdade para todos

2022: O ativista da Belarus Ales Bialiatski, o´Memorial, grupo de direitos humanos da Rússia, e o Centro para Liberdades Civis da Ucrânia, por demonstrarem a importância da sociedade civil para a paz e a democracia

2021: Os jornalistas Maria Ressa (filipina) e Dmitri Muratov (russo), pela defesa que fazem da liberdade de expressão, pré-requisito para a democracia e a paz duradoura

2020: Programa Mundial de Alimentos (PMA), por atuar como uma força motriz nos esforços para prevenir o uso da fome como arma de guerra e conflito

2019: O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, que assinou acordo de paz que pôs fim a duas décadas de hostilidades com a Eritreia

2018: O congolês Denis Mukwege e a iraquiana Nadia Murad, que denunciaram o uso da violência sexual como arma de guerra

2017: Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican), por chamar a atenção para o risco desses artefatos

2016: Juan Manuel Santos, então presidente da Colômbia, pelo acordo de paz assinado com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)

2015: Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia, pela contribuição decisiva na construção de uma sociedade plural no país

2014: A paquistanesa Malala Yousafzai e o indiano Kailash Satyarthi, premiados pela defesa dos direitos das crianças e à educação

2013: Organização para a Proibição de Armas Químicas, sediada na Holanda, por sua defesa da proibição de armas químicas

2012: A União Europeia, por mais de seis décadas promovendo os direitos humanos e a paz na Europa

2011: As liberianas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkol Karman, pela luta não violenta por segurança das mulheres e por seu direito de participação plena em processos de paz

2010: Liu Xiaobo, ativista chinês, premiado por sua luta longa e não violenta pelos direitos humanos em seu país

2009: Barack Obama, então presidente dos EUA, reconhecido por reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre as pessoas

2008: Martti Ahtisaari, diplomata e ex-presidente da Finlândia, por seu trabalho na resolução de conflitos em vários continentes

2007: Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, e o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), pelo trabalho para disseminar informações sobre os problemas ambientais

2006: O bengali Muhammad Yunus e o Grameen Bank, pelo trabalho para aumentar o desenvolvimento econômico para pessoas pobres na Índia e em Bangladesh

2005: Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o egípcio Mohamed El Baradei, por seus esforços para evitar que a energia nuclear seja usada para fins militares e para garantir que a energia nuclear para fins pacíficos seja usada da maneira mais segura possível

2004: Wangari Maathai, ativista do Quênia, pela contribuição ao desenvolvimento sustentável, à democracia e à paz

2003: Shrin Ebadi, primeira juíza do Irã, por sua defesa dos direitos de mulheres e crianças

2002: O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, por suas décadas de esforços para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais

2001: A ONU e seu então secretário-geral, o ganês Kofi Annan, pela busca de um mundo mais pacífico

2000: Kim Dae-Jung, presidente da Coreia do Sul, por seu esforço para buscar a paz com a Coreia do Norte

1999: Médicos sem Fronteiras, pelo trabalho humanitário pioneiro

1998: Os norte-irlandeses John Hume e David Trimble, pelo esforço para conseguir a paz entre as Irlandas

1997: A ativista americana Jody Williams e a ICBL (Campanha Internacional para Banir Minas Terrrestres), por seu trabalho contra esse tipo de armadilha

1996: O bispo Carlos Ximenes e o político José Ramos-Horta, por seus trabalhos para o acordo de paz no Timor Leste

1995: Joseph Rotblat, físico britânico, por seu esforço para eliminar as armas nucleares no mundo

1994: Yasser Arafat, então líder palestino, Shimon Peres, então ministro das Relações Exteriores de Israel, e o então premiê israelense Yitzhak Rabin, pelos esforços em busca da paz no Oriente Médio

1993: Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk, pelo trabalho para o fim do Apartheid na África do Sul

1992: A guatemalteca Rigoberta Menchú Tum, por sua luta pela justiça social e a reconciliação etno-cultural a partir do respeito aos direitos dos povos indígenas

1991: A política birmanesa Aung San Suu Kyi, por sua luta não violenta pela democracia e pelos direitos humanos

1990: O político russo Mikhail Gorbachov, pelo papel de liderança que desempenhou nas mudanças radicais nas relações Leste-Oeste

1989: O 14º dalai-lama, o tibetano Tenzin Gyatso, por defender soluções pacíficas baseadas na tolerância e no respeito mútuo, a fim de preservar o patrimônio histórico e cultural de seu povo

1988: As Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas, por prevenir confrontos armados e criar condições para negociações

1987: O presidente costa-riquenho Oscar Arias Sánchez, por seu trabalho pela paz duradoura na América Central

1986: O autor romeno Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto, por ser um mensageiro para a humanidade em prol da paz, da expiação e da dignidade

1985: Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear, por divulgar informações confiáveis e por criar consciência das consequências catastróficas da guerra nuclear

1984: O bispo anglicano Desmond Mpilo Tutu, por seu papel como líder unificador na campanha não violenta para resolver o problema do apartheid na África do Sul

1983: O político polonês Lech Walesa, pela luta não violenta, pelos sindicatos livres e pelos direitos humanos em seu país

1982: A parlamentar sueca Alva Myrdal e o diplomata mexicano Alfonso García Robles, pelo trabalho em prol do desarmamento e das zonas nucleares e livres de armas

1981: Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), pela promoção dos direitos fundamentais dos refugiados

1980: O ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, por ser fonte de inspiração para as pessoas reprimidas, especialmente na América Latina

1979: A religiosa de origem macedônia Madre Teresa, por seu trabalho para ajudar a humanidade sofredora

1978: Os políticos Mohamed Anwar al-Sadat, presidente do Egito, e Menachem Begin, premiê de Israel, por terem negociado a paz conjuntamente entre os dois países

1977: Anistia Internacional, devido a sua luta pelos direitos humanos

1976: As ativistas Betty Williams e Mairead Corrigan, pelos esforços em fundar um movimento para pôr fim ao violento conflito na Irlanda do Norte

1975: O físico Andrei Dmitrievich Sakharov, por sua luta pelos direitos humanos na União Soviética, pelo desarmamento e pela cooperação entre as nações

1974: O francês Seán MacBride, cofundador da Anisita Internacional, por seus esforços para garantir e desenvolver os direitos humanos em todo o mundo; e o premiê japonês Eisaku Sato, por sua contribuição para estabilizar as condições na área do Pacífico e pela assinatura do Tratado de Não-Proliferação Nuclear

1973: O secretário de Estado americano Henry A. Kissinger e o vietnamita Le Duc Tho, por terem negociado em conjunto um cessar-fogo no Vietnã; o segundo declinou do prêmio

1971: O primeiro-ministro alemão Willy Brandt, por abrir o caminho para um diálogo significativo entre o Oriente e o Ocidente

1970: O engenheiro agrônomo americano Norman E. Borlaug, por ter contribuído para a "revolução verde"

1969: Organização Internacional do Trabalho, pela criação de legislação internacional que assegure certas normas para as condições de trabalho em todos os países

1968: O jurista francês René Cassin, por sua luta para garantir os direitos do homem conforme estipulado na Declaração da ONU

1965: Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelos seus esforços para aumentar a solidariedade entre as nações

1964: O pastor e ativista americano Martin Luther King Jr., por sua luta não violenta pelos direitos civis da população afro-americana

1963: Comitê Internacional da Cruz Vermelha e Liga das Sociedades da Cruz Vermelha, por promoverem os princípios da Convenção de Genebra e a cooperação com a ONU

1962: O cientista americano Linus Carl Pauling, por sua luta contra a corrida armamentista nuclear entre o Oriente e o Ocidente

1961: O sueco Dag Hammarskjöld, secretário-geral da ONU, por fazer das Nações Unidas uma organização internacional eficaz e construtiva

1960: O ativista e político Albert John Lutuli, de origem zimbabuana, por sua luta não violenta contra o apartheid na África do Sul

1959: O diplomata britânico Philip J. Noel-Baker, por sua contribuição para o desarmamento e paz

1958: O religioso belga Georges Pire, por seus esforços para ajudar os refugiados a retornar a uma vida de liberdade e dignidade

1957: O primeiro-ministro canadense Lester Bowles Pearson, por sua contribuição crucial para o desdobramento de uma Força de Emergência das Nações Unidas após a Crise de Suez

1954: Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), por fornecer ajuda e proteção aos refugiados em todo o mundo

1953: O secretário da Defesa dos EUA George Catlett Marshall, por propor e supervisionar o plano de recuperação econômica da Europa

1952: O filósofo de origem alemã Albert Schweitzer, por seu altruísmo, reverência pela vida e trabalho humanitário

1951: O líder sindicalista e diplomata francês Léon Jouhaux, por ter dedicado sua vida à luta contra a guerra por meio da promoção da justiça social

1950: O diplomata americano Ralph Bunche, por seu trabalho como mediador na Palestina em 1948-1949

1949: O biólogo e político escocês Lord John Boyd Orr de Brechin por seu esforço ao longo da vida para vencer a fome

1947: Comitê de Serviço de Amigos (Quaker), por seu trabalho pioneiro no movimento internacional pela paz

1946: A socióloga e pacifista americana Emily Greene Balch, por seu trabalho pela paz, e o religioso americano John Raleigh Mott, por contribuir para uma fraternidade religiosa promotora da paz

1945: O secretário de Estado americano Cordell Hull, por seu papel fundamental no estabelecimento das Nações Unidas

1944: Cruz Vermelha, pelo trabalho que realizou durante a guerra em nome da humanidade

1938: Escritório Internacional de Nansen para Refugiados, pelo trabalho em benefício dos refugiados de toda a Europa

1937: O político de diplomata britânico Robert Cecil, por seu apoio à Liga das Nações

1936: O chanceler argentino Carlos Saavedra Lamas, por seu papel como pai do Pacto Antiguerra argentino de 1933, que também foi usado como meio de mediar a paz entre o Paraguai e a Bolívia em 1935

1935: O escritor e jornalista alemão Carl von Ossietzky, por seu amor pela liberdade de pensamento e expressão

1934: O político e diplomata britânico Arthur Henderson, por seus esforços como Presidente da Conferência de Desarmamento da Liga das Nações

1933: O escritor britânico Ralph Lane, por fazer um apelo convincente pela paz e cooperação internacional

1931: A ativista Jane Addams e o pedagogo e político Nicholas Murray Butler, ambos americanos, por seus esforços para reviver o ideal de paz

1930: O bispo sueco Nathan Söderblom, por promover a unidade cristã

1929: O secretário de Estado americano Frank Billings Kellogg, por seu papel na concretização do Pacto Briand-Kellogg

1927: Os acadêmicos e políticos Ferdinand Buisson (francês) e Ludwig Quidde (alemão), pela contribuição para o surgimento em seus países de uma opinião pública que favorece a cooperação internacional pacífica

1926: Os chanceleres Aristide Briand (francês) e Gustav Stresemann (alemão), pelos papéis na concretização do Tratado de Locarno

1925: O político britânico sir Austen Chamberlain, por seu papel em concretizar o Tratado de Locarno, e o vice-presidente dos EUA Charles Gates Dawes, pela direção do Plano Dawes

1922: O cientista e político norueguês Fridtjof Nansen, pelo papel de líder na repatriação de prisioneiros de guerra

1921: Os políticos Karl Hjalmar Branting (sueco) e Christian Lous Lange (norueguês), por suas contribuições para o "internacionalismo organizado"

1920: O primeiro-ministro francês Léon Victor Auguste Bourgeois, por seu papel no estabelecimento da Liga das Nações

1919: O presidente dos EUA Thomas Woodrow Wilson, por seu papel como fundador da Liga das Nações

1917: Cruz Vermelha, por cuidar dos soldados feridos, além de prisioneiros de guerra e suas famílias

1913: O jurista belga Henri La Fontaine, por sua contribuição pelo internacionalismo pacífico

1912: O secretário de Estado americano Elihu Root, por trazer um melhor entendimento entre os países da América do Norte e do Sul

1911: O jurista holandês Tobias Michael Carel Asser, pelo pioneirismo nas relações jurídicas internacionais, e o escritor austríaco Alfred Hermann Fried, por combater a anarquia nas relações internacionais

1910: Bureau Permanente da Paz Internacional, por atuar como um elo entre as sociedades de paz dos vários países

1909: O primeiro-ministro belga Auguste Beernaert e o político e diplomata francês Paul de Constant, por suas posições no movimento internacional pela paz

1908: Os políticos Klas Pontus Arnoldson (sueco) e Fredrik Bajer (dinamarquês), por serem líderes na luta pela paz

1907: O jornalista italiano Ernesto Teodoro Moneta, por seu trabalho para um entendimento entre a França e a Itália, e o acadêmico francês Louis Renault pela sua influência na condução das Conferências de Haia e Genebra

1906: O presidente dos EUA Theodore Roosevelt, por seu papel em pôr fim à sangrenta guerra travada entre o Japão e a Rússia

1905: A escritora tcheca Bertha von Suttner, por sua coragem em se opor aos horrores da guerra

1904: Instituto de Direito Internacional, por tornar as leis de guerra mais humanas

1903: O político britânico William Randal Cremer, pelo esforço em favor das ideias de paz

1902: O jornalista e diplomata Élie Ducommun, pela direção do Bureau da Paz, e o advogado Charles Albert Gobat, também suíço, pela administração da União Interparlamentar

1901: O filantropo suíço Jean Henry Dunant, por seus esforços humanitários para ajudar soldados feridos ao cofundar a Cruz Vermelha, e o político francês Frédéric Passy, pela defesa da diplomacia

* Não houve premiação em 19 ocasiões: 1972, 1967, 1966, 1956, 1955, 1948, 1943, 1942, 1941, 1940, 1939, 1932, 1928, 1924, 1923, 1918, 1916, 1915, 1914

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.