Descrição de chapéu Ásia

Eleição no Japão confirma Kishida como premiê e deve fortalecer 'novo capitalismo'

Votação garante maioria ao governo e abre caminho para bandeira econômica do novo líder

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tóquio | Reuters e AFP

As eleições gerais no Japão confirmaram a vitória do Partido Liberal Democrático (PLD), o que garante a permanência do primeiro-ministro Fumio Kishida no poder. O resultado surpreendeu analistas e contrariou parte das projeções que indicavam que a legenda teria perdas significativas de assentos no Parlamento.

Após a votação deste domingo (31), o PLD de fato perdeu algumas cadeiras na Câmara Baixa, mas, ainda assim, garantiu maioria confortável na Casa. O partido conquistou, sozinho, 261 das 465 vagas —na última legislatura, eram 276.

Assim, a sigla de Kishida manteve a independência em relação ao principal partido de coalizão, o Komeito, e conseguirá manter o controle das comissões parlamentares, facilitando a aprovação de projetos de lei, incluindo propostas orçamentárias importantes que são a bandeira do novo premiê.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, durante entrevista coletiva em Tóquio - Rodrigo Reyes Marin - 1º.nov.21/AFP

Um desempenho negativo nas eleições teria aumentado as expectativas de que Kishida poderia seguir seu antecessor, Yoshihide Suga, e se tornar outro premiê de curto prazo. Suga renunciou ao cargo um ano depois de assumir a cadeira de Shinzo Abe, o primeiro-ministro mais longevo do Japão, que, por sua vez, deixou o cargo no ano passado devido a problemas de saúde.

Se a votação era um teste para Kishida, pode-se dizer que ele foi aprovado. O pleito foi convocado logo que ele assumiu o posto, no último mês, e representava um desafio ao PLD. O partido é a principal força dominante na política japonesa desde o pós-guerra, mas teve a popularidade abalada pelo descontentamento público com a resposta do país à crise da Covid-19.

Após uma onda recorde de infecções, que obrigou o país a realizar os Jogos Olímpicos de Tóquio a portas fechadas, os casos despencaram, e a maioria das restrições foi suspensa.

Com o aval público conquistado nas urnas, portanto, Kishida agora têm mais condições de implantar algumas medidas que ele têm elencado como prioridades.

Ex-banqueiro de fala mansa, ele tem lutado contra a imagem de que carece de carisma. Embora tenha seguido as políticas tradicionais da ala mais à direita do partido, pressionando para o aumento de gastos com as Forças Armadas, por exemplo, ele também prometeu reduzir a desigualdade social.

O premiê defende um "novo capitalismo" que possa corrigir disparidades por meio de um pacote de reformas tributárias, além de programas de auxílio a moradia e educação para famílias de renda média.

Quando venceu a disputa interna para assumir a liderança do partido, Kishida anunciou um pacote de estímulos avaliado em 30 trilhões de ienes (R$ 1,46 trilhão), e a expectativa é a de que ele seja liberado até o final do ano. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (1º), o premiê prometeu rapidez na resposta aos que desejam estabilidade política e implementação de medidas significativas, entre as quais a recuperação econômica no pós-pandemia.

Na oposição ao governo, o grande vencedor da eleição foi o Partido da Inovação do Japão —que, apesar do nome que poderia indicar um viés progressista, é conservador de direita. A legenda conseguiu capitalizar o descontentamento com o governo central e com a tradicional oposição de esquerda e quadruplicou sua presença no Parlamento, garantindo 41 cadeiras.

Assim, superou o Komeito, parceiro de coalizão do PLD, e se tornou a terceira maior bancada da Casa, atrás do partido de Kishida e do Partido Democrático Constitucional, de esquerda.

Para os analistas, um dos motivos do sucesso do Partido da Inovação foi a figura de Hirofumi Yoshimura, governador de Osaka. O político de 46 anos é o número 2 da legenda, tem grande alcance nas redes sociais —mais de 1,2 milhão de seguidores— e ganhou popularidade durante a pandemia por fazer aparições frequentes na televisão com apelos veementes para que a população obedecesse às restrições impostas para a contenção dos contágios.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.