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Entenda como Taiwan virou tarefa inadiável de Xi Jinping na China

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A China comemorou na semana passada o 110º aniversário da Revolução Xinhai, que derrubou a dinastia Qing com a deposição do imperador Pu Yi e colocou fim ao milenar império chinês. Em discurso no Grande Salão do Povo, Xi Jinping destacou que a revolução foi o resultado "inevitável da intensificação dos conflitos sociais e das lutas tenazes do povo chinês" e "pavimentou o caminho para as profundas mudanças sociais que ocorreram na China moderna".

Um trecho específico do discurso chamou a atenção: a menção à reunificação de Taiwan.

A ilha tornou-se rota de fuga dos nacionalistas que perderam o controle da China para os comunistas em 1949 e, desde então, é considerada uma província rebelde pelo governo de Pequim.

Em várias ocasiões, Xi deixou claro que unificar o país novamente é uma tarefa que não pode ser adiada para as próximas gerações. Realizá-la se torna mais difícil conforme o tempo passa, já que muitos taiwaneses defendem abertamente a independência.

  • "Os compatriotas de ambos os lados do Estreito de Taiwan devem ficar do lado certo da história e se unir para alcançar a completa reunificação e renovação da nação chinesa. Aqueles que esquecem seu legado, traem sua pátria e tentam dividir o país não terão sucesso", afirmou Xi.

  • Teve recado também para outros países: "Não se deve subestimar a determinação do povo chinês em defender a soberania nacional e a integridade territorial. A tarefa da reunificação completa da China deve e será definitivamente realizada”.

O discurso de Xi coincide com um período de recente aumento da tensão na região. Durante as comemorações do aniversário da China continental, no início de outubro, quase 150 jatos de combate, bombardeiros nucleares, aeronaves anti-submarinas e aviões de alerta sobrevoaram o espaço aéreo taiwanês, a maior incursão da história.

A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, respondeu às manobras dizendo que não busca um conflito militar e que faria de tudo para "defender a liberdade e o modo de vida democrático" da região.

Por que importa: Taiwan é a última grande ferida aberta no chamado "século das humilhações", quando a China foi continuamente invadida e dividida por forças estrangeiras. Em razão do apoio militar informal dos EUA, a ilha sempre foi uma questão nas relações com Pequim, que nunca abriu mão de reconquistar o território.

  • É pouco provável que Xi ou qualquer outro líder inicie um ataque unilateral para tomar Taiwan. Os chineses estão cientes quanto aos custos de uma guerra e não estão interessados em sacrificar o crescimento econômico no momento.

  • Uma declaração de independência ou a formalização de parcerias militares da ilha com estrangeiros são ações que a China não aceitaria. Nesses casos, não agir seria um sinal de fraqueza, capaz de colocar em xeque a legitimidade de um líder chinês.


O que também importa

A Comissão Nacional de Saúde da China testará milhares de amostras de sangue para identificar as origens da Covid. A tarefa será conduzida por recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde), que em uma visita ao país no ano passado identificou um banco com mais de 200 mil amostras no Centro de Sangue de Wuhan.

O material foi recolhido antes dos primeiros casos serem reportados na cidade, motivo pelo qual especialistas esperam encontrar sinais de possíveis infecções anteriores a dezembro de 2019.

Especialistas estrangeiros chegaram a requisitar que o sangue fosse analisado por consultores independentes e que as amostras fossem enviadas para a sede da OMS em Genebra. A China não respondeu às solicitações, mas o representante de Pequim na organização, Liang Wannian, comprometeu-se a manter a transparência e entregar integralmente os resultados encontrados por cientistas chineses.

Estragos causados pela chuva deixaram 29 mortos e 120 desabrigados no norte da China. As enchentes atingem a província de Shanxi desde a semana passada. Meteorologistas chineses estimam que choveu em apenas cinco dias três vezes o esperado para todo o mês de outubro.

Estimativas oficiais mostram que, até agora, mais de 17 mil prédios ficaram danificados e cerca de 60 minas de carvão tiveram de ser temporariamente fechadas. De acordo com o portal The Paper, ao menos 1.763 monumentos culturais também sofreram danos estruturais.

É o segundo grande caso de inundações com vítimas na China em 2021. Em julho, pelo menos 302 pessoas morreram na província de Henan.

Justiça condenou homem à morte pelo assassinato da ex-mulher. Tang Lu foi julgado culpado pelo Tribunal Popular Intermediário do Tibete de Ngawa por matar a famosa influencer Lhamo. O crime, ocorrido em 2020, gerou uma onda de discussões sobre machismo e violência doméstica no país.

A influencer tinha mais de 720 mil seguidores no Doyin (espécie de versão do TikTok), plataforma na qual costumava compartilhar detalhes da vida em uma vila da minoria étnica tibetana. Ela se casou com o namorado da adolescência e logo se tornou vítima do comportamento violento dele.

Testemunhas ouvidas ao longo do julgamento disseram que Lhamo relatava ser vítima de espancamentos frequentes. Ela denunciou as agressões à polícia, mas nunca conseguiu obter proteção formal. A influencer estava fazendo uma live na hora do crime, e alguns seguidores presenciaram o momento em que ele cobriu os cômodos e o corpo dela com gasolina e ateou fogo. A jovem influencer sofreu queimaduras de terceiro grau em mais de 90% do corpo e não resistiu aos ferimentos.

Após a divulgação da sentença, a irmã da vítima disse que iniciaria uma batalha legal pela guarda dos filhos do casal, já que as duas crianças estão morando com os avós paternos desde o assassinato da mãe.


fique de olho

Angela Merkel e Xi Jinping em encontro na Alemanha, em 2017 - Axel Schmidt/Reuters

Antes de deixar o poder na Alemanha, Angela Merkel realizou uma chamada telefônica com Xi Jinping na quarta-feira (13) para tratar de um acordo de investimentos entre União Europeia e China. O tom da ligação foi cordial e de despedidas. Xi lembrou que os dois países completaram recentemente o aniversário de 50 anos das relações diplomáticas e disse que os chineses "não vão se esquecer de velhos amigos". "As portas da China estarão sempre abertas para você." Merkel agradeceu e afirmou que sempre defendeu a independência da União Europeia ao desenvolver relações com a China.

Por que importa: sob a liderança de Merkel, a Alemanha foi a principal fiadora dos chineses na Europa. A primeira-ministra buscou uma postura pragmática que permitisse à UE se beneficiar do crescimento chinês e evitasse que o bloco fosse dragado pelos conflitos entre Pequim e Washington. Funcionou durante um tempo, mas Merkel vinha sendo cada vez mais pressionada a adotar um tom mais duro sobre temas como violações dos direitos humanos e democracia. A saída dela deixa uma incógnita sobre como será a relação entre os dois países de agora em diante.


para ir a fundo

  • O Centro Fairbank em Harvard realiza no dia 1º de novembro um simpósio virtual para discutir as principais barreiras ao estudo da sinologia no mundo. O painel vai trazer pesquisadores influentes de Harvard, Yale, King's College e outras instituições de excelência para aconselhar estudantes sobre como acessar arquivos, conduzir entrevistas e lidar com dados oficiais chineses em um período de intensificação das restrições à liberdade acadêmica. (gratuito, em inglês)
  • Se você acompanhava o noticiário internacional há aproximadamente cinco anos, deve se lembrar que por alguns meses vários veículos de imprensa trouxeram reportagens sobre as chamadas “cidades fantasmas” chinesas. O SCMP mostra como vivem os moradores nestas regiões hoje em dia (paywall poroso, em inglês).

  • ​O Centro Empresarial Brasil-China lançou nesta semana o relatório “Sustentabilidade e Tecnologia como Bases para a Cooperação Brasil-China”. O documento detalha oportunidades de atração de investimentos em áreas como mobilidade, agropecuária de baixo carbono e expansão de fontes de energia renováveis (gratuito, em português)
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