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Espanha suspende extradição aos EUA de chefe da inteligência do governo Chávez

Hugo Carvajal é acusado de narcotráfico nos Estados Unidos e está preso em Madri

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Madri | AFP

A Justiça da Espanha decidiu suspender nesta sexta-feira (22) a extradição para os Estados Unidos do venezuelano Hugo Carvajal, conhecido como "El Pollo" (o frango), chefe dos serviços de inteligência no governo de Hugo Chávez. Ele é acusado de tráfico de drogas pelo governo americano.

A decisão da corte encarregada de extradições ocorre dois dias depois de o mesmo tribunal ordenar a entrega imediata do venezuelano a autoridades americanas.

A suspensão se deu a pedido da defesa de Carvajal, que apontou um erro formal no processo. O tribunal não informou quanto tempo pode levar para retomar o caso. Trata-se de mais uma reviravolta no processo de extradição do venezuelano, detido na Espanha em abril de 2019, a pedido dos EUA.

O ex-general Hugo Carvajal, durante evento em Caracas
O ex-general Hugo Carvajal, durante evento em Caracas - Presidência da Venezuela - 27.jul.14/AFP

Figura de peso na Venezuela por muitos anos, Carvajal atuou na gestão de Chávez de 2002 a 2013. Em 2019, rompeu com a ditadura de Nicolás Maduro ao apoiar o opositor do regime, Juan Guaidó, que havia se proclamado presidente interino da Venezuela. Ameaçado de prisão, o militar fugiu de barco para a República Dominicana, de onde voou para a Espanha.

Ao chegar ao país europeu, em abril daquele ano, Carvajal foi detido, mas liberado cinco meses depois. No entanto, desde novembro de 2019, quando a Justiça espanhola já havia autorizado sua extradição, seu paradeiro era desconhecido.

Para despistar as autoridades, o ex-general de 61 anos fez cirurgias plásticas e usava bigodes postiços e perucas. Ele também mudava de domicílio a cada três meses, de acordo com a polícia espanhola, até que foi preso novamente em setembro deste ano.

Os americanos acusam El Pollo de pertencer ao Cartel de los Soles (cartel dos sóis), organização criminosa que os americanos afirmam ser composta por membros da alta cúpula venezuelana. Há dez anos, um tribunal de Nova York acusou Carvajal de ter coordenado, em 2006, o envio de 5,6 toneladas de cocaína da Venezuela para o México —a droga teria chegado aos EUA.

O cartel também teria tido relações com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Em suas redes sociais, Carvajal publicou declarações em que nega as acusações contra ele e afirma ter se escondido em protesto contra irregularidades no seu processo de extradição. "Sou culpado de ter acreditado e participado do projeto original de Chávez, não de ter levado criminosos a ocupar o poder", disse em um site criado para publicar sua defesa e que entrou no ar na última semana.

A defesa do venezuelano afirma acreditar que a extradição de Carvajal pode demorar, já que ele atua como testemunha de outros processos envolvendo a Venezuela nos quais não é investigado.

De acordo com a imprensa espanhola, o venezuelano ofereceu evidências de que o partido de esquerda Podemos, que faz parte da coalizão do governo na Espanha, teria recebido dinheiro dos governos chavistas. Denúncia similar já havia sido arquivada em 2016 por falta de provas.

A ordem de extradição e a suspensão se dão poucos dias depois de Alex Saab, um empresário colombiano ligado a Maduro, que estava preso em Cabo Verde, ser extraditado para os EUA. O anúncio pegou Caracas de surpresa, e o regime venezuelano suspendeu as negociações com a oposição como forma de protesto.

O empresário e seu sócio Álvaro Pulido, cujo paradeiro é desconhecido, são acusados pelos americanos de dirigir uma rede que explorava um programa de distribuição de comida na Venezuela. Eles são suspeitos de transferir cerca de US$ 350 milhões (R$ 1,9 bilhão) para contas nos EUA e em outros países e podem ser condenados a até 20 anos de prisão.

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