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Leste europeu tem novos recordes de Covid com resistência à vacina

Rússia fecha locais de trabalho por uma semana; na Romênia já faltam caixões

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Moscou e Ploiesti (Romênia)

Enquanto parte do mundo vê os números de mortes e casos de Covid-19 diminuírem com o avanço da vacinação, países do leste europeu enfrentam novos recordes de vítimas da doença e voltam a apertar restrições.

A Rússia, por exemplo, anunciou nesta quarta-feira (20) que fechará os locais de trabalho por uma semana. A Letônia voltou a decretar um lockdown, agora por um mês. Na Romênia faltam caixões nas funerárias.

O país de Vladimir Putin, que se orgulhava de ter desenvolvido uma das primeiras vacinas contra a Covid-19, a Sputnik V, não conseguiu convencer grande parte da população a tomar o imunizante e agora enfrenta as maiores taxas de mortalidade diária da pandemia.

Trabalhador desinfeta estação de trem em Moscou em meio ao novo pico da pandemia da Covid-19 - Kirill Kudryavtsev/AFP

Apenas 31% dos russos estão completamente imunizados, de acordo com a plataforma Our World in Data, o que tem contribuído com números cada vez mais altos de infecções e mortes. Nesta quarta, foram 34.073 novos diagnósticos e 1.028 óbitos, recorde para um dia no país.

Putin anunciou nesta quarta que haverá folga coletiva em todo o país de 30 de outubro a 7 de novembro, com manutenção dos salários. De acordo com a situação de cada região, porém, governadores podem estender ainda mais esse período.

Em Moscou, por exemplo, o prefeito anunciou nesta terça (19) que pessoas com mais de 60 anos que não tenham se vacinado ainda deverão ficar em casa por quatro meses. A prefeitura tentou obrigar os shopping centers a conectar suas câmeras de segurança a um sistema centralizado de reconhecimento facial que permitiria às autoridades fiscalizar o uso de máscaras em público, relatou um jornal local

A renúncia à vacinação atingiu outros países do leste europeu que faziam parte da órbita de Moscou durante a Guerra Fria. Os Estados da União Europeia com as taxas de vacinação mais baixas fazem parte do antigo bloco comunista oriental, como Bulgária, Romênia, Croácia, Polônia, Letônia e Estônia.

A Romênia, onde uma pessoa morre de Covid-19 a cada cinco minutos, teve a maior taxa de mortalidade per capita do mundo nesta semana, com a Bulgária logo atrás. Apenas 36% dos adultos romenos estão vacinados, em comparação com 74% na União Europeia.

"Houve famílias que enterraram até quatro pessoas em duas semanas, e isso não é fácil", disse à agência Reuters Sebastian Cocos, dono de uma funerária na cidade romena de Ploiesti. Segundo ele, há dificuldades para conseguir caixões suficientes para atender à demanda. "Recomendo a todos que se vacinem, senão vão acabar nas nossas mãos."

Gerente de um hospital de emergência na capital, Bucareste, Andi Nodit afirmou que a situação é séria nos centros de saúde. "O tamanho e a gravidade da situação na sala de emergência e no hospital estão além de qualquer palavra que eu possa expressar."

Nesta semana, a Letônia impôs um lockdown de um mês, tornando-se o primeiro país da União Europeia a se fechar novamente desde que o bloco começou a reabrir neste ano com o aumento da vacinação.

A Bulgária, onde apenas um quarto da população tomou a primeira dose da vacina, proibiu nesta semana que pessoas não vacinadas acessem espaços públicos fechados, a não ser que apresentem um teste negativo ou prova de recuperação recente da doença. Além disso, as escolas em áreas com altas taxas de infecção terão que voltar para o ensino remoto.

Na Polônia, o ministro da Saúde disse nesta quarta que "medidas drásticas" podem ser necessárias para responder a um repentino aumento de infecções no país, mas descartou a possibilidade de um novo lockdown.

"Temos aumentos de semana a semana de 85% e [às vezes] acima de 100%", afirmou Adam Niedzielski.

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