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Maior youtuber da China processa sócios enquanto promove país como o governo quer

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De todos os influencers chineses ativos nas redes sociais ocidentais, a youtuber Li Ziqi, 31 anos, é provavelmente a que mais chama a atenção há alguns anos. Com mais de 16 milhões de inscritos no canal e 2,4 bilhões de visualizações acumuladas, ela ficou conhecida por mostrar a vida simples na China rural, cultivando e cozinhando os alimentos que prepara para a avó doente.

Neste ano ela entrou na lista "Creator 25", lançada pela revista Forbes com os criadores de conteúdo mais poderosos do mundo. A fama trouxe contratos milionários e mais exposição.

LI ZIQI
A youtuber chinesa Li Ziqi, recordista em seguidores no país - Li Ziqi/Divulgação

Em julho, porém, Li sumiu das redes sociais. O mistério sobre a ausência chegou ao fim nesta semana: ela está processando a empresa que produzia seus vídeos, a Hangzhou Weinian Brand Management Co. A companhia é dona de 51% da Sichuan Ziqi Culture Communication Co., criada por Li para gerir negócios ligados ao canal.

  • Os motivos do processo não foram esclarecidos pelas partes, e a notícia da disputa fez crescer a curiosidade dos internautas chineses sobre o que ela está planejando.

  • Li concedeu uma entrevista ao canal estatal chinês CCTV em que se declarou uma "nova agricultora socialista" e listou seus objetivos, entre os quais o de trabalhar pela prosperidade comum, termo repetido várias vezes por Xi Jinping.

Por que importa: o sucesso de Li no YouTube começou de maneira espontânea, e a jovem influenciadora logo se tornou um símbolo do soft power chinês. Ela representa o que o governo busca para promover o país no exterior: um conteúdo que exalta as tradições e a cultura local e não toca em pontos controversos.

Como (ou se) o governo chinês vai capitalizar a figura de uma Li Ziqi mais vocal em questões essenciais à política doméstica ainda é um mistério.

O que também importa

O governo chinês anunciou que vai promover esforços para a construção de uma "internet civilizada". As autoridades dizem que o objetivo é garantir que o ambiente online seja usado para "disseminar teorias partidárias e promover os valores socialistas".

Os planos foram revelados depois de o chefe da poderosa Administração do Ciberespaço da China (CAC) publicar um artigo no jornal Study Times defendendo que o PC Chinês tire proveito da internet para facilitar a comunicação.

Após o artigo, a CAC colocou em consulta pública um conjunto de novas regras para as redes sociais. Entre os pontos elencados estão a utilização de nomes reais nos registros online e a demanda para que empresas impeçam titulares de contas censuradas de se cadastrarem novamente. Internautas podem opinar sobre o texto até o dia 10 de novembro.

Comentários do secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, sobre Taiwan causaram indignação na China. Ele defendeu que a ilha chinesa tenha uma participação maior na ONU.

"A exclusão de Taiwan mina o importante trabalho da ONU e seus órgãos relacionados (...). É por isso que encorajamos todos os Estados-membro da ONU a se juntarem a nós no apoio à participação robusta e significativa de Taiwan em todo o sistema da ONU", declarou Bliken.

  • Como expliquei em edições passadas, Taiwan é considerada uma província rebelde pela China continental. Representa uma das poucas linhas vermelhas que Pequim não aceita que sejam cruzadas.

A resposta chinesa veio em nota do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ma Xiaoguang, que acusou os EUA de fomentar o separatismo taiwanês. A ilha "é uma parte inalienável do território chinês", e a participação em organismos internacionais "deve ser tratada de acordo com o princípio da existência de uma só China".

Pequim anunciou nesta semana o registro de 20 infecções por Covid ativas, um recorde em mais de oito meses. Alguns bairros estão bloqueados, e a entrada na cidade foi suspensa para qualquer passageiro vindo de regiões com casos da doença confirmados.

Autoridades locais informaram ter havido um evento "super espalhador" do vírus na cidade. Um casal de idosos teria viajado a Xi’An, apontada como a origem do surto atual, e voltado à capital com sintomas de Covid como febre e tosse.

Eles compraram um termômetro e medicamentos expectorantes, mas não reportaram os sintomas às autoridades sanitárias. Na mesma semana, os dois convidaram amigos para jogar mahjong. Processados, os dois podem ser presos.

Após o caso, Pequim anunciou que vai conduzir uma rodada de inspeções para garantir que as farmácias registrem os nomes de compradores de antivirais, antibióticos e remédios para tosse.


fique de olho

Após ter alcançado a impressionante marca de 2,25 bilhões de vacinas contra a Covid aplicadas (e 78% da população completamente imunizada), a China anunciou que vai autorizar a aplicação de doses de reforço em regiões específicas do país. Oficiais do Centro para Controle e Prevenção de Doenças chinês também recomendaram que todos os cidadãos com 60 anos ou mais sejam vacinados com pelo menos mais uma dose.

Por que importa: Pequim batalha para encontrar uma estratégia própria para lidar com o vírus. O próprio CDC local reconheceu que as doses de reforço não são uma política sustentável no longo prazo e que conta com "melhores vacinas e melhores procedimentos de administração para reforçar a imunidade do rebanho".

Profissional de saúde toma dose de reforço da vacina contra a Covid, em Pequim - Xinhua/Ren Chao

para ir a fundo

  • A Rede Brasileira de Estudos da China começou a divulgar a lista de palestrantes do tradicional encontro anual da entidade. Em 2021, já estão confirmados grandes nomes da sinologia como Barry Naughton, Guo Jie, Lin Jun Ren, Karin Vazquez e Eric Helleiner. O evento acontece entre os dias 8 e 11 de novembro e será todo virtual. (gratuito, em português e inglês)
  • Quem também realiza eventos é a rede Observa China, que neste sábado (30) recebe Diana Teoh. Diretora da She Loves Tech, China, Diana foi gerente do China Accelerator, o maior programa de startups da Ásia e vai falar sobre investimento sustentável. As inscrições, limitadas, são gratuitas. (gratuito, em inglês)
  • Em uma longa reportagem, a revista Runner's World relata os desafios enfrentados por ultramaratonistas após um desastre às margens do rio Amarelo, na China. A competição, que contava com um trajeto duro pelas montanhas, foi atingida por uma forte tempestade que derrubou as temperaturas e colocou os competidores em risco. (gratuito, em inglês)
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