Neta de Mussolini é vereadora mais bem votada de Roma

Rachele, 47, integra o partido de ultradireita Irmãos de Itália, que também disputa o segundo turno para a prefeitura da capital

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Bruxelas

Rachele Mussolini, 47, neta do ditador fascista italiano Benito Mussolini, foi a candidata mais votada para a Câmara Municipal de Roma nas eleições do último fim de semana, mostra a apuração, que chegou a 92% das urnas, nesta quarta (6).

Membro do partido de ultradireita Irmãos da Itália, ela obteve mais de 8.200 votos, multiplicando por ao menos 12 o apoio que recebera em 2016, quando conquistou seu primeiro mandato como vereadora. Filha do músico de jazz Romano Mussolini, ela tem o mesmo prenome da avó, Rachele Guidi, mulher do ditador.

Moça de cabelo curto
Rachele Musslini, neta do ditador fascista italiano Benito Mussolini, em foto de data desconhecida; aos 47 anos, a política foi a vereadora mais bem votada de Roma - Ansa/AFP

Ao jornal italiano La Repubblica a vereadora disse que o resultado se deve a seu trabalho, não ao sobrenome, que descreveu como "um peso que aprendeu a superar" na infância. “Na escola costumavam apontar para mim, mas então Rachele apareceu, e a pessoa prevaleceu sobre o sobrenome. Tenho muitos amigos na esquerda e tenho certeza de que um deles votou em mim”, disse.

Ela também declarou que, na primeira legislatura, desenvolveu relacionamento “excelente” com colegas do Partido Democrata, de centro-esquerda. Na entrevista, ela não quis falar sobre fascismo. “Para lidar com esse assunto, precisaríamos conversar até amanhã de manhã. Prefiro falar de Roma.”

Afirmou, porém, que seu pai se escandalizava com quem o cumprimentava com a saudação fascista de braço estendido, chegou a usar um pseudônimo no início da carreira e a educou “para a tolerância”.

Rachele é a segunda integrante da família a ser eleita pelos italianos. Sua meio-irmã Alessandra Mussolini, 58, foi deputada federal, senadora e eurodeputada pelo partido do ex-premiê Silvio Berlusconi. As duas, porém, não são próximas, segundo disse a vereadora ao jornal italiano.

Embora tenha fracassado na eleição municipal em Milão, Nápoles e Bolonha, onde a centro-esquerda deve ganhar já no primeiro turno, a ultradireita está na disputa também pela prefeitura de Roma.

Enrico Michelli, candidato do Irmãos da Itália, liderou a primeira rodada eleitoral e deve enfrentar o ex-ministro da Economia Roberto Gualtieri, de centro-esquerda, no segundo turno, a ser disputado nos dias 17 e 18 deste mês.

Michetti tem o apoio de outro partido de direita radical, a Liga, de Matteo Salvini, e do partido de direita Força Itália, de Berlusconi. Gualtieri, porém, é tido como o favorito para suceder a atual prefeita, Virginia Raggi, do Movimento Cinco Estrelas, que fracassou em sua tentativa de reeleição, em meio a uma crise urbana que provocou até uma “guerra dos javalis”.

O partido Irmãos da Itália, única sigla que não participa da coligação nacional que sustenta o governo do primeiro-ministro Mario Draghi, ganhou espaço entre os eleitores nos últimos anos.

O fato de ter se isolado na oposição é um dos motores desse crescimento, segundo cientistas políticos.

Na média das pesquisas para o Parlamento nacional, aparecia no último dia 3 empatado com a Liga e com o Partido Democrata, todos com 20% das intenções de voto —nesta semana, a centro-esquerda recuperou leve vantagem, segundo levantamento divulgado nesta quarta.

Rachele Mussolini (2ª a partir da esq.) com outros vereadores do partido Irmãos de Itália (Francesco Figliomeni, Andrea De Priamo e Lavinia Mennuni) em manifestação contra a gestão municipal - 6.dez.19/ANSA/AFP
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.