Descrição de chapéu Europa terrorismo

Noruega passa a considerar ataque com arco e flechas como suposto ato terrorista

Polícia monitorou autor de atentado em Kongsberg por medo de radicalização após conversão ao islã

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Oslo | AFP

A polícia norueguesa já havia mantido contato com o autor do ataque com arco e flechas que deixou cinco mortos em Kongsberg, cidade no sudoeste do país, por temer sua radicalização, afirmou o chefe da polícia, Ole Bredrup Saeverud, durante entrevista em Tonsberg nesta quinta-feira (14).

Segundo ele, o homem, um dinamarquês de 37 anos identificado como Espen Andersen Bråthen converteu-se ao islã, e, por isso, "temores relacionados a uma radicalização" levaram autoridades a vigiarem o indivíduo até 2020.

Flecha é vista em parede depois de ataques de homem que matou 5 pessoas na pequena cidade de Kongsberg, na Noruega - Terje Bendiksby - 13.out.21/NTB/Reuters

Cinco pessoas morreram e duas ficaram feridas no atentado, provocando comoção nacional nesta quarta (13). Na última década, o país escandinavo foi alvo de dois atentados cometidos por indivíduos de extrema direita.

Agora, a polícia passou a tratar a ação desta semana também como um possível ato terrorista.

As vítimas são quatro mulheres e um homem, com idades entre 50 e 70 anos —nenhum ferido está em condição crítica. O dinamarquês admitiu os crimes durante o interrogatório, segundo a polícia.

Morador de Kongsberg, cidade de 25 mil habitantes a 80 quilômetros da capital, Oslo, o homem prestou depoimento aos investigadores e passará por uma audiência nesta quinta, quando deve ser decretada sua prisão provisória. O advogado Fredrik Neumann afirmou que o autor dos ataques demonstrou a intenção de colaborar com a investigação. "Ele explica com detalhes, fala e coopera com a polícia."

De acordo com a procuradora da polícia responsável pelo caso, Bråthen está sendo submetido a exames psiquiátricos.

A imprensa norueguesa noticiou que ele já foi alvo de duas condenações no passado: a proibição, no ano passado, de visitar dois familiares depois que ameaçou matar um deles, e outra por roubo e compra de haxixe em 2012.

​O ato desta quarta foi realizado em vários pontos de uma área relativamente extensa de Kongsberg. Um dos locais atacados foi um supermercado, no qual um policial que estava de folga ficou ferido.

Alertada às 18h12 (13h12 de Brasília), a polícia prendeu o suspeito pouco mais de meia hora depois, em uma operação na qual os agentes também foram atacados com flechas e deram tiros de advertência. De acordo com a polícia, o suspeito utilizou ainda outras armas, mas as autoridades não informaram de que tipo.

Testemunhas da ação, por sua vez, relataram uma noite de terror. Hansine, uma moradora que presenciou parte do ataque, disse ao canal TV2 ter ouvido gritos e visto uma mulher buscando refúgio, assim como "um homem na esquina de uma rua com flechas em uma bolsa nas costas e um arco na mão".

"Depois, vi pessoas correndo. Uma era uma mulher que levava uma criança pela mão", contou.

O ataque se deu no último dia de mandato da primeira-ministra Erna Solberg. Nesta quinta, ela passa o poder para um novo Executivo, de centro-esquerda, liderado por Jonas Gahr Store, que lamentou os "atos horríveis", assim como o rei Harald 5º. "Estamos horrorizados com os acontecimentos trágicos".

Policiais investigam ataque com arco e flecha em Kongsberg, na Noruega
Policiais investigam ataque com arco e flecha em Kongsberg, na Noruega - Hakon Mosvold/NTB/Reuters

Em resposta ao ataque, a polícia determinou que os agentes, que geralmente andam desarmados, portem armas de maneira temporária em todo país.

Um país em geral pacífico, a Noruega foi cenário de ataques da extrema direita na última década. Em 2011, Anders Behring Breivik matou 77 pessoas ao detonar uma bomba perto da sede do governo em Oslo. Na sequência, abriu fogo em um evento da Juventude Trabalhista na ilha de Utoya.

Em 2019, Philip Manshaus atirou contra uma mesquita na região de Oslo, antes de ser controlado por uma multidão, sem que o ataque tenha deixado feridos graves. Antes do atentado, ele matou sua irmã adotada, de origem adotada. As autoridades também anunciaram terem frustrado vários atentados islamitas.

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