Protesto em Roma distribui cardápio fictício de Bolsonaro com pão mofado e pés de galinha

Ativistas criticam problemas sociais e ambientais e mortes na pandemia; atos pró-presidente também são esperados na Itália

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Roma

Pão mofado, pés de galinha, espinha de peixe e tomatinhos transgênicos estão no cardápio do "Ristorante da Bolsonaro", um protesto organizado por ativistas brasileiros em Roma, aonde o presidente brasileiro chega nesta sexta (29).

O menu, estampado em verde e amarelo, com uma mão em forma de arminha sobre a bandeira brasileira e o slogan "desde 2018", será distribuído em restaurantes da capital italiana e em locais onde haverá concentração de visitantes em razão da cúpula do G20, que começa no sábado.

"Uma seleção de pratos nascidos do desespero dos desempregados brasileiros", diz o cardápio, que também faz menção a problemas ambientais e à situação da pandemia no Brasil.

página estampada em amarelo e verde com menu de restaurante fictício e críticas ao governo bolsonaro
Detalhe de cardápio de protesto contra governo Bolsonaro, que será distribuído por ativistas em Roma - Reprodução

O primeiro prato, por exemplo, são sobras de macarrão aquecidas com "carvão de florestas destruídas em incêndios criminosos pelos proprietários de terras que apoiam Bolsonaro"; o osso de vitela, servido como segundo prato, tem como acompanhamento uma "pasta de casca de tomate geneticamente modificado contendo 421 pesticidas".

Há pratos também com referência ao que ativistas descrevem como racismo e machismo em declarações do presidente —por exemplo, "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas", dita durante uma palestra no Rio, em 2017, em referência a populações quilombolas.

"O Ristorante da Bolsonaro em Roma é uma obra de fantasia. O desespero do povo brasileiro, por outro lado, é real", afirma o menu, que diz que o país não pode ser considerado um integrante do G20.

Ativistas anti-Bolsonaro planejavam fazer uma manifestação na piazza Navona, onde fica a embaixada do Brasil, local em que o presidente vai se hospedar. A segurança reforçada pelo governo italiano, no entanto, levou organizações, entre as quais o Comitê Lula Livre, a optar pela nova estratégia.

Na noite desta quinta, ainda havia a expectativa de que grupos contra e a favor do presidente fizessem manifestações em Roma durante sua estadia na Itália. Consultada, a Secretaria de Comunicação não havia comentado até as 16h (horário do Brasil).

Bolsonaro chega a Roma ao meio-dia desta sexta (horário local, 7h no Brasil) e se encontra no começo da noite com o presidente da Itália, Sergio Mattarella.

No sábado e no domingo, ele participa da cúpula do G20 e tem encontros bilaterais. Na segunda, viaja à cidade de Anguillara Vêneta, onde recebe o título de cidadão honorário.

Esta é a primeira viagem do presidente brasileiro à Europa desde o começo da pandemia. Como ele se declara não vacinado, deverá fazer testes frequentes de detecção do coronavírus.

No G20, a delegação brasileira deve defender a redução de subsídios em setores que interessam ao país, como o agropecuário, segundo Sarquis José Sarquis, secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Itamaraty.

O embaixador afirma que alguns programas de apoio doméstico de grandes economias da União Europeia, dos Estados Unidos, da China e da Índia "acabam distorcendo as condições de mercado e reduzindo preços de forma artificial, o que faz com que países muito competitivos em alimentos, como Brasil e Argentina, não se beneficiem desses mercados".

Na terça, antes de voltar ao Brasil, o presidente assiste em Pistoia a uma cerimônia em homenagem aos pracinhas brasileiros que morreram na Segunda Guerra Mundial.

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