Descrição de chapéu Rússia oriente médio

Veja como líderes mundiais reagiram às revelações dos Pandora Papers

Investigação mostrou operações de políticos, funcionários públicos e investidores bilionários em paraísos fiscais

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Autoridades de diversos países e políticos de oposição têm se manifestado nesta segunda-feira (4) sobre as primeiras informações que vieram a público dos Pandora Papers, investigação que revelou a existência de contas e empresas offshore em paraísos fiscais relacionadas a 35 líderes e ex-líderes mundiais.

De acordo com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), que liderou a investigação, autoridades e parlamentares opositores de ao menos nove países já pediram ou anunciaram a abertura de apurações sobre as atividades financeiras descritas. Índia, Paquistão, México, Espanha, Brasil, Sri Lanka, Austrália, Panamá e República Tcheca compõem a lista.

O presidente russo, Vladimir Putin, durante reunião do governo na cidade industrial de Magnitogorsk
O presidente russo, Vladimir Putin, durante reunião do governo na cidade industrial de Magnitogorsk - Alexei Nikolski - 6.ago.21/Sputnik via AFP

O Kremlin afirmou que não iniciará investigações já que, segundo o porta-voz Dmitri Peskov, “não está claro o que essa informação significa e do que se trata”. "Estamos diante de acusações sem fundamento", afirmou.

Figuras próximas ao presidente russo, Vladimir Putin, aparecem nos documentos investigados pelo consórcio jornalístico como proprietários de contas e empresas offshore adquiridas depois de se aliarem ao político. Um dos nomes é o de Svetlana Krivonogikh, que teria tido um relacionamento com Putin.

Na Jordânia, o palácio Raghdan afirmou que as propriedades milionárias do rei Abdullah nos Estados Unidos e no Reino Unido não foram divulgadas por questões de segurança e de privacidade, não por sigilo ou tentativa de ocultá-las. Os documentos apontam que o monarca usou uma rede de contas offshore para comprar diversos imóveis avaliados em mais de US$ 106 milhões (R$ 568 milhões).

Em comunicado, o palácio afirmou que o rei comprou pessoalmente as propriedades e que nenhum dinheiro do orçamento do Estado ou do Tesouro foi utilizado. O monarca usa as propriedades durante visitas oficiais e, às vezes, em visitas privadas, segundo o texto.

"Não há nada que eu tenha a esconder de ninguém, mas somos mais fortes do que isso e esta não é a primeira vez que as pessoas atacam a Jordânia", disse Abdullah.

O Departamento de Estado dos EUA afirmou que está analisando evidências, sem citar possíveis consequências das descobertas envolvendo o rei da Jordânia.

No Reino Unido, o premiê Boris Johnson se vê pressionado após as revelações mostrarem que um dos principais doadores de sua campanha, Mohamed Amersi, assessorou um suborno envolvendo a filha do presidente do Uzbequistão. A atividade teria ajudado Amersi a aumentar sua fortuna.

Sobre o assunto, Boris disse que todas as doações ao Partido Conservador foram examinadas. A oposição trabalhista pressiona pela devolução das 750 mil libras (R$ 5,5 milhões) doadas por Amersi, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, afirmou que autoridades revisariam o conteúdo das investigações.

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, apesar de ter a família apontada como detentora de 13 empresas offshore, disse em comunicado que as revelações vão “levantar o véu do sigilo para aqueles que não podem explicar seus bens”.

“Esses relatórios vão aumentar a transparência financeira que precisamos no Quênia e em todo o mundo”, escreveu, em um comunicado divulgado logo após as publicações.

Na República Tcheca, o bilionário premiê Andrej Babis negou ter cometido quaisquer irregularidades, como sonegação de impostos, ao usar uma estrutura offshore para comprar uma mansão de 13 milhões de libras (R$ 96 milhões) no sul da França, como mostram os documentos obtidos pelo consórcio.

"Nunca fiz nada ilegal, ou errado", disse o primeiro-ministro, em um tuíte, no qual chamou as revelações de "tentativa de difamação" com o objetivo de influenciar a eleição que acontece no próximo fim de semana no país.

A polícia tcheca, em uma rede social, afirmou que iniciará uma investigação sobre todos os pontos mencionados nos Pandora Papers, inclusive o premiê, mas que não fornecerá mais informações por ora.

No Paquistão, país com mais de 700 residentes entre os nomeados na investigação jornalística, a oposição pediu que o premiê Imran Khan demita os ministros e assessores de seu gabinete citados na lista. Um deles, o chefe da pasta de Finanças, Shaukat Tarin, disse que todos seriam investigados.

Uma das siglas de oposição que fazem pressão é a Liga Muçulmana do Paquistão, do ex-premiê Nawaz Sharif, destituído do cargo em 2017 pela Suprema Corte sob acusações de corrupção após propriedades de sua família em Londres serem reveladas num vazamento anterior de documentos, os Panama Papers.

O Ministério das Finanças da Índia, por sua vez, afirmou que abrirá uma investigação para avaliar se existem crimes nas operações atreladas a residentes no país. Por ora, apenas nomes de civis indianos, como o do ex-jogador de críquete Sachin Tendulkar, foram divulgados como proprietários de offshores.

No caso brasileiro, em que empresas em paraísos fiscais do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foram reveladas, o governo não se manifestou, mas partidos de oposição querem pedir ao Ministério Público Federal a abertura de uma investigação.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) levou os casos à Comissão de Ética Pública pedindo o afastamento dos dois. As offshores de Guedes e de Campos Neto foram informadas à Receita, mas há questionamentos quanto a um possível conflito de interesses, já que ambos ocupam cargos públicos que lhes dão acesso à elaboração das leis que tratam como o Brasil vai lidar com esse tipo de empresa, bem como das regras que regem o fluxo de recursos entre o país e o exterior.

Com Reuters e AFP

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