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Vídeo mostra reação da jornalista Maria Ressa ao saber que ganhou Nobel da Paz

Filipina participava de evento online no momento em que recebeu telefonema do Comitê Norueguês

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São Paulo

Maria Ressa participava de um evento virtual nesta sexta (8) quando o telefone tocou. Na sequência, a jornalista filipina, que discorria sobre como "a distribuição de notícias tem de fugir do modelo de algoritmos que recompensa mentiras", pede licença ao mediador para atender à chamada.

Já com o telefone em mãos, Ressa aparece então intercalando sorrisos e uma expressão de incredulidade até desabilitar sua câmera na transmissão. E, durante pouco mais de três minutos, a imagem da jornalista dá lugar a uma foto dela de chapéu e máscara. Quando enfim volta ao evento, todos já sabem qual era a novidade do outro lado da linha: ela havia sido premiada com um Nobel da Paz.

Momento no qual a jornalista filipina Maria Ressa recebe telefonema para informá-la de que ganhou o Prêmio Nobel da Paz
Momento no qual a jornalista filipina Maria Ressa recebe telefonema para informá-la de que ganhou o Prêmio Nobel da Paz - Reprodução

No telefonema, registrado pelo Comitê Norueguês, Ressa é informada da escolha, devido à "luta corajosa pela liberdade de expressão nas Filipinas", frase sobreposta por um "oh, meu deus" de surpresa da filipina.

O funcionário do Nobel também explica que ela compartilharia a láurea com uma outra pessoa, que até aquele momento não poderia ter o nome revelado. Tratava-se do russo Dmitri Muratov.

"Estou sem palavras!", reage Ressa. "Estou ao vivo em outro evento. Meu deus, obrigado. Meu deus, isso é... Estou sem palavras. Muito obrigado." A ligação, que não dura mais de dois minutos, termina com o aviso de que ela não poderia contar nada a ninguém até que a organização oficializasse o anúncio.

Não precisou esperar muito. A notícia se espalhou na sequência, mas Ressa ainda levaria cinco minutos para conseguir falar. Visivelmente emocionada, a filipina diz que o Nobel é "para todos nós". "Estou em choque. É um reconhecimento de quão difícil é ser jornalista hoje em dia, do quão difícil é seguir fazendo o que fazemos. É também um reconhecimento, espero, de que vamos ganhar a batalha pela verdade."

Ressa, 58, é editora do site de jornalismo investigativo Rappler e foi presa pelo governo de Rodrigo Duterte, em 2019, acusada de violar uma controversa legislação contra “difamação cibernética” devido a uma reportagem em que acusava um empresário filipino de atividades ilegais.

A filipina e Muratov foram escolhidos em um universo de 329 candidatos, que incluía 234 indivíduos e 95 organizações —o terceiro maior número de todos os tempos da láurea. Os demais nomes na lista só serão tornados públicos daqui a cinco décadas, seguindo as regras do prêmio.

Agora, a jornalista se tornou a 18ª mulher a receber o Nobel da Paz desde 1901. Numa conta do Rappler nas redes sociais, Ressa disse esperar que o prêmio "dê energia para seguir na batalha pelos fatos".

A batalha a qual se refere envolve a tentativa do governo filipino de calar as vozes do site que lidera. Ela está proibida de sair do país, já foi presa duas vezes e pagou fiança outras sete. No episódio mais recente, foi julgada devido a um texto publicado em 2012 que liga um empresário a assassinato e tráfico de drogas, com base em informações de um relatório de inteligência repassado por fonte anônima.

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