Descrição de chapéu partido democrata

Âncora da CNN teve papel maior do que se conhecia em defesa de irmão acusado de assédio

Ex-governador de NY, Andrew Cuomo renunciou após investigação apontar que ele assediou sexualmente 11 mulheres

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São Paulo

Novas evidências que vieram à tona nesta segunda (29) apontam que Chris Cuomo, irmão do ex-governador de Nova York Andrew Cuomo, teve um envolvimento maior do que se conhecia anteriormente na estratégia do democrata para reagir às denúncias de assédio sexual, segundo o New York Times.

Os materiais inéditos —que incluem cópias de mensagens de texto e emails, bem como depoimentos dos assessores mais próximos do democrata, transcritos, e do ex-governador, em vídeo— foram a base do relatório divulgado em agosto pela procuradora-geral do estado, Letitia James, que mostra que o democrata assediou sexualmente 11 mulheres. Uma semana depois, Cuomo renunciou.

O âncora da CNN Chris Cuomo, irmão do ex-governador de NY Andrew Cuomo, que renunciou após acusações de assédio sexual
O âncora da CNN Chris Cuomo, irmão do ex-governador de NY Andrew Cuomo, que renunciou após acusações de assédio sexual - Mike Segar - 15.mai.19/Reuters

Muitos desses assessores se reuniram na mansão do então governador em Albany, capital de Nova York, em uma espécie de conselho de guerra no início deste ano, quando o destino do democrata foi colocado em dúvida pela primeira vez, segundo depoimento de Linda Lacewell, uma das funcionárias.

Âncora da CNN, Chris Cuomo esteve presente no encontro, segundo o jornal, o que aponta uma participação maior do que ele já admitiu ou havia sido divulgado até agora.

Devido ao acesso que ele tem a diversas fontes dentro e fora da imprensa americana, o jornalista foi acionado pela ex-assessora Melissa DeRosa —que deixou o cargo dois dias antes de Cuomo— enquanto ela tentava controlar, no início de março, os jornalistas que investigavam as histórias de assédio. "Pode deixar", foi a resposta de Chris Cuomo, de acordo com o jornal americano.

Dias depois, ela voltou a escrever para ele após saber que um repórter da revista The New Yorker se preparava para publicar uma história, pedindo que o âncora da CNN checasse a informação.

Ainda em março, o jornalista também procurou DeRosa por mensagem de texto, dizendo-se em "pânico" devido à forma com que a equipe de seu irmão estava lidando com as acusações e pediu para ajudar na preparação de Andrew Cuomo antes de redigir declarações propostas para o então governador ler.

Ele também pediu para que a assessora confiasse nele e insistiu para que parassem de esconder detalhes. "Estamos cometendo erros que não podemos", escreveu a certa altura, segundo o jornal.

Chris Cuomo ainda procurou a ex-assessora depois de uma reportagem do New York Times sobre um assédio cometido em um casamento. O jornalista escreveu para DeRosa dizendo ter uma pista de que a mulher estaria agindo para ferir a imagem do ex-governador —o que não era verdade, segundo ele mesmo admitiu aos investigadores.

Aos investigadores o âncora da CNN insistiu que nunca manipulou a cobertura ou fez sugestões a outros jornalistas para beneficiar seu irmão. Aos espectadores disse ter agido apenas como um irmão para "ouvir e dar conselho", orientando o democrata a dizer a verdade, qualquer que fosse, e eventualmente a renunciar.Nem Andrew Cuomo, seu porta-voz ou a CNN comentaram a divulgação das novas evidências.

ENTENDA O CASO

Andrew Cuomo era governador desde 2011 do quarto estado mais populoso dos Estados Unidos.

No dia 3 de agosto, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, divulgou os resultados de um inquérito de cinco meses, no qual concluiu que o político havia assediado sexualmente 11 mulheres e violado leis estaduais e federais enquanto criava um "clima de medo" no ambiente de trabalho.

A investigação revelou que o democrata apalpou, beijou e abraçou mulheres sem consentimento e fez comentários inapropriados em conversas com elas. Diversas autoridades, inclusive o presidente Joe Biden e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, manifestaram-se dizendo que Cuomo deveria renunciar.

Ao deixar o cargo, em um discurso de 20 minutos transmitido ao vivo, o democrata negou que tenha cometido crimes, embora tenha dito que aceita "total responsabilidade" por ter ofendido mulheres em meio ao que caracteriza como tentativas mal sucedidas de ser afetuoso. O ex-governador alegou também que devem ser observadas as motivações políticas por trás da pressão para que renunciasse. ​

James, a procuradora que o investigou, anunciou em outubro o lançamento de sua candidatura para concorrer justamente ao cargo de governador de Nova York. Ela também é do Partido Democrata.

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