Descrição de chapéu África

Atos em defesa do governo da Etiópia reúnem milhares com críticas aos EUA

Manifestantes são contra pedidos ocidentais por acordo com rebeldes do Tigré, onde conflito se desenrola há um ano

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Adis Abeba | Reuters

Dezenas de milhares de etíopes realizaram atos neste domingo (7) em defesa do governo do premiê Abiy Ahmed e em repúdio às tentativas diplomáticas de iniciar acordos com os rebeldes que ocupam a região do Tigré, no norte do país. O maior deles se concentrou na praça Meskel, na capital Adis Abeba.

O avanço da TPLF (Frente de Libertação do Povo do Tigré) pelo território da Etiópia levou o governo a decretar, na última semana, estado de emergência no país e a pedir que a população pegue em armas. A comunidade internacional, em especial os Estados Unidos, intensificou os pedidos por um cessar-fogo.

Manifestantes em Adis Abeba, capital da Etiópia, defendem o governo cinco dias após ser declarado estado de emergência - Eduardo Soteras - 7.nov.21/AFP

Alguns dos manifestantes, segundo relatos da agência de notícias Reuters, criticavam o governo americano em cartazes com dizeres como "que vergonha, EUA" e "os EUA devem parar de sugar o sangue da Etiópia". A Casa Branca acusou o governo etíope de "violações graves" dos direitos humanos e disse que planejava retirar o país de um acordo que dá acesso a produtos americanos livre de impostos.

Muitos dos presentes carregavam a bandeira a Etiópia e expressavam repúdio a quaisquer tratativas de acordo com a TPLF. "[Os EUA] querem destruir nosso país como fizeram com o Afeganistão", disse Tigist Lemma, 37. "Eles nunca terão sucesso, pois somos etíopes."

O conflito na região do Tigré teve início há um ano e desencadeou uma onda de deslocados internos, além da deterioração das crises econômica e social. Ao longo do período, calcula-se que 2 milhões de pessoas deixaram suas casas e 400 mil passam fome.

Observadores internacionais apontam episódios de brutalidade extrema dos dois lados –dos rebeldes e do Estado. A figura do premiê Ahmed, vencedor do Nobel da Paz há três anos, também tem sido questionada.

À agência de notícias AFP o porta-voz da TPLF, Getachew Reda, questionou a expressividade da manifestação deste domingo. "Dizer que o povo de Adis Abeba se opõe ferozmente a nós é totalmente exagerado", argumentou, acrescentando que a cidade "é um caldeirão de raças".

"Ali vivem pessoas com todos os tipos de interesse, e dizer que vai haver um banho de sangue se entrarmos na capital é absolutamente ridículo."

A situação de conflito iminente no país levou os EUA a ordenarem, neste sábado (6), a saída de toda a equipe não essencial de sua embaixada. O Departamento de Estado justificou a decisão "devido ao conflito armado, aos distúrbios civis e à possível escassez". Países como os nórdicos Suécia, Dinamarca e Noruega, além da Arábia Saudita, deram a mesma ordem a suas representações diplomáticas.

No mesmo dia, o premiê Ahmed voltou a pedir a participação de civis no conflito e disse que os etíopes devem estar dispostos a fazer sacrifícios para salvar o país. "Conhecemos as provações e os obstáculos. Morrer por nossa soberania e identidade é uma honra, não existe Etiópia sem sacrifício", declarou.

O papa Francisco se somou aos pedidos de esforços diplomáticos. Neste domingo, afirmou que acompanha com preocupação as notícias da Etiópia, uma nação "sacudida por um conflito que deixou numerosas vítimas e uma grave crise humanitária".

A rede social Twitter comunicou que desativou temporariamente a seção de "tendências" –ou os assuntos do momento, tópicos mais comentados– na Etiópia em razão de ameaças violentas feitas no espaço. "Incitar a violência ou desumanizar as pessoas vai contra nossas regras", diz o comunicado.

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